“A escola ainda tem muitos degraus”

O arquiteto Mário Cezar ressaltou também que a diversidade é o que promove a evolução  -  Foto:Unisul/Divulgação/Notsiul
O arquiteto Mário Cezar ressaltou também que a diversidade é o que promove a evolução - Foto:Unisul/Divulgação/Notsiul

Tubarão

Sentado em uma cadeira de rodas, o arquiteto e urbanista Mário Cezar da Silveira foi ao palco do Espaço Integrado de Artes da Unisul, em Tubarão, e perguntou: “Quem é a pessoa com deficiência?”. E sua palestra, de abertura do Seminário de Educação Inclusiva e Acessibilidade (Semeia), tratou justamente da dificuldade na acessibilidade das pessoas.

 
“Para melhorar a vida dessas pessoas, a sociedade precisa, sobretudo, entendê-las”, respondeu. Na educação, esse papel cabe especialmente aos professores. Ao longo da palestra ‘Educação e a quebra de paradigmas’, Mário Cezar defendeu a quebra padrões estabelecidos. “Estamos amarrados a paradigmas que nem sabemos de onde vêm. E apenas damos continuidade a eles, sem questioná-los”.
 
Como exemplo ele utilizou novamente a escola. Hoje, passa o aluno que tiver média. Não há importância se houve aprendizado. O que vale é a nota. “O paradigma da média não é de modo algum inclusivo. Se uma criança tem deficiência mental, é evidente que ela vai ficar abaixo da média das outras crianças”, observou.
 
Mário Cezar defendeu que para incluir é necessário compreender e mais: incluir não é integrar. “Integrar é fazer para alguém. Incluir é fazer com alguém. A educação não entendeu isso. A escola ainda tem muitos degraus”, brandou. A educação inclusiva, completou, é aquela que entende o que é peculiar. Para o arquiteto, é a justamente a diversidade que promove a evolução.
 
Acessibilidade
As pessoas com deficiência, argumenta o arquiteto e urbanista Mário Cezar Silveira, também não têm acesso à educação. “A lei é clara e perfeita, mas apenas no papel. Na prática não funciona. O mesmo ocorre nas cidades. O investimento é para acessibilidade de carros e não de pessoas”, criticou.
Segundo o arquiteto, que fez a abertura do Semeia, no campus de Tubarão da Unisul, esse pensamento e esta inversão de investimento é fruto de uma cultura imediatista e que não pensa no futuro. 
“A medicina está cada vez mais avançada e nos permite envelhecer cada vez mais. E as pessoas com mais idade são as que mais têm problemas para se locomover. Erramos ao construir nossas casas e nossas cidades achando que nunca vamos precisar de uma cadeira de rodas”, avaliou Mário Cezar.
As atividades do Semeia terminam nesta quarta-feira. O seminário é organizado pela Unisul, em um trabalho integrado do curso de educação especial/Parfor, curso de pedagogia, Pibid/Unisul e gerência regional de educação em Tubarão.
Nesta terça-feira à tarde, oficinas e relatos de experiências que abordaram a adaptação de material em alto relevo para deficientes visuais, a importância do professor bilíngue, altas habilidades e superdotação, transtornos globais do desenvolvimento e libras, ocorreram. O seminário encerra nesta quarta-feira, com a realização de mais oficinas nos setores de educação inclusiva e acessibilidade..
 
Oficinas
O Semeia termina nesta quarta-feira, com a realização de várias oficinas, ministradas por palestrantes da Fundação Catarinense de Educação e da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
 
Programação
Horário – 14 às 17 horas
Oficina 1 – Deficiência visual – ‘Manual de adaptação de livros didáticos para transcrição do sistema Braille’. 
Palestrante – Tâmara Casarin. 
 
Oficina 2 – Deficiência visual – ‘Guia prático para adaptação em relevo”. 
Palestrante – Bárbara Araújo. 
 
Oficina 3 – Deficiência auditiva – “Implementação e acompanhamento do desenvolvimento da educação bilíngue em Santa Catarina’. 
Palestrante – Marcos Luchi.
 
Oficina 4 – Tecnologias assistivas e acessibilidade no contexto escolar. 
Palestrante – Cléia Demétrio.
 
Horário – 14 às 16 horas
Palestra – Verificação dos espaços esportivos das escolas municipais de Tubarão.
Palestrante – Richard Ferreira Sene e Hélio Nunes Domingos
 
Horário: 19 horas
Mesa-redonda – Política educacional de inclusão e a atuação do segundo professor em classe: leis, planejamento, diagnóstico.
Palestrante – Cleia Demétrio e Márcia Meurer.