Coronavírus: Leite, o maior vilão nas prateleiras

Os empresários e consumidores já sentem os efeitos econômicos do coronavírus em todo o país. Em Santa Catarina não é diferente. No ramo alimentício, é notável os aumentos em alguns produtos, mas o principal vilão tem sido o leite. Há cerca de duas semanas, o consumidor sente no bolso os aumentos do produto, que é consumido por grande parte das famílias. 

Esta semana, três empresas de laticínios no estado foram notificadas pelo Procon depois que o órgão recebeu uma denúncia sobre o aumento repentino em alguns de seus produtos. As empresas têm um prazo para enviar ao Procon e ao Ministério Público uma justificativa para a subida desses valores. Hoje, há casos de preços de 40% a 50% mais caros.  

Em Tubarão, o proprietário do Mercado Monte Castelo, Everson José Nandi, um estabelecimento de pequeno porte (não faz parte das grandes redes), está apreensivo e indignado com a situação. “No momento das compras temos constatado alguns fornecedores que têm reajustado os valores. Com isso, veio o leite. Os derivados não vieram com aumento, não faz sentido, mas graças a Deus”, lamenta Everson.

Segundo o empresário, ele começou a sentir os efeitos negativos há cerca de 15 dias e tem procurado alternativas para driblar a situação e não prejudicar seus clientes. “Uma marca líder em vendas, a que mais temos aqui, há duas semanas, por exemplo, a preço de custo comprávamos a R$ 2,30, teve um aumento de 25%. A preço de custo foi para R$ 2,89”.

Conforme Everson, essa semana, na terça-feira (24), já veio com novo reajuste, de R$ 2,89 com 20% de aumento passou para R$ 3,49. “Daí nem compramos a mercadoria, isto é um absurdo. Nesse valor teríamos que repassar para nossos clientes a R$ 4 ou ainda mais, se colocarmos o nosso percentual”, indigna-se o empresário. 

Então, o que tem nas prateleiras do mercado são caixas de leite compradas na semana passada. “Tivemos que dar uma segurada, quando há um reajuste tão alto assim é preferível comprar em um atacado para não termos um repasse tão grande”.

O proprietário explica quo seu estabelecimento não compra direto das fábricas, mas dos fornecedores (atravessadores) que são os distribuidores. “Eles alegam sempre que esses reajustes vieram das fábricas e não dos fornecedores”.

Everson afirma que os mercados de pequeno porte sentem ainda mais os impactos. “Os mercados de redes e atacadistas possuem maior poder de barganha, condições de negociar preços, pois compram bem mais, em grandes quantidades, enquanto nós bem menos. Obviamente sentimos mais e os consumidores também”, esclarece.

Para não deixar as prateleiras vazias, ele afirma que a melhor alternativa é fazer uma pesquisa de mercado e comprar dos atacadistas, para não prejudicar o bolso de seus clientes. Quanto aos demais alimentos, como os ovos e verduras, também já houve aumento, porém mais leves até o momento, e muitos têm procurado estratégias, como pesquisas com outros fornecedores.

Mas até quando?  Empresários do ramo de forma geral estão preocupados com os novos rumos caso a crise do coronavírus persista. A exemplo do que ocorreu com o leite, há uma tendência, e outros produtos necessários podem também subir de preço.