Bodas de Ouro: 50 anos, duas filhas adotadas e uma história apaixonante

Braço do Norte

Lauro Schurhoff , 72 anos, e Alzira Boing Schurhoff, 71, dividem há 50 anos as alegrias e tristezas. Neste período, ambos têm construído, com muito trabalho e dedicação, uma grande e apaixonante história de amor: digna de ser comemorada e publicada. Neste sábado, na Igreja São José, na localidade onde mora, o casal de Braço do Norte irá comemorar a renovação do seu voto de casamento, que ocorreu pela primeira vez no dia 13 de janeiro de 1968.

O casal se conheceu em 1966, em uma matinê na Cidade do Vale. Não demorou muito para eles iniciarem o namoro e logo em seguida ficaram noivos. Alzira, no entanto, precisou morar em Cunha Porã, no Oeste do Estado. “Lecionei por menos de um ano naquela região. Não sei se foi por acaso ou não, mas outra professora também, de Braço do Norte, estava noiva com um jovem de Cunha Porã e iria se casar com ele. Conseguimos fazer a troca das vagas e ela passou a exercer a função no Oeste e voltei a trabalhar na minha cidade”, conta.

Não demorou muito tempo para os moradores da comunidade de São José subir ao altar da igreja matriz do município. “Namoramos quase dois anos. Quando ela foi morar e trabalhar no Oeste ficamos noivos antes. Demos esse passo para garantir o casamento”, brinca o motorista aposentado.

Alzira afirma que o segredo para um casamento durar tanto tempo, e com amor, é companheirismo e a compreensão. “Atualmente os casais não toleram mais os problemas juntos. Muitos se desfazem por pequenas dificuldades e não avaliam os momentos felizes que passam um com o outro. O segredo da felicidade está em compartilhar dos mesmos sonhos, dos mesmos objetivos e se as coisas não saírem como planejamos, é possível tentar de novo. Fizemos isso por diversas vezes e por isso chegamos ao meio século de casados”, orienta.  

A professora, que também foi vereadora na cidade, lembra-se de um fato inusitado que ocorreu no dia do casamento. “O matrimônio foi marcado para as 15h, mas só ocorreu às 17h. Na época, o padre Valentin Oening era o pároco e no dia havia uma comitiva com o governador em Santa Rosa de Lima. Chegamos para festa horas depois, o churrasco já estava um pouco torrado, mas ainda estava bom”, finaliza.

Sem filhos biológicos, casal adota duas meninas
Passados alguns anos, Lauro e Alzira não conseguiram realizar o seu maior sonho, ter filhos. Foram inúmeros exames para descobrir a causa que impedia a vinda de um bebê biológico para a vida do casal. “Resolvemos adotar. Se não havia a possibilidade de termos um filho vindo de uma gestação minha, poderia ter por outro método. Há 43 anos, adotamos a nossa primogênita, Elizangela, com apenas 3 dias”, recorda a professora aposentada.

O casal conta que com a menina eles aprenderam a ser pais, o bebê trouxe muitas alegrias e preocupações normais como a maioria das crianças. “A Elizangela não nos deu trabalho, sempre foi uma menina muito tranquila e boa para nós. Como boa parte dos pais, ficávamos mais preocupados quando ela estava com febre e gripe, o que é comum”, explica a mãe.

O casal lembra que a filha mais velha sempre pedia um irmão ou irmã. “Ela não queria passar pelo mundo sem ter o prazer de ser tia”, conta a professora. “Quando ela tinha 13 anos, tivemos outra filha do coração, a Gabriela. Ela chegou até nós também com três dias. Na época era mais fácil adotar, a legislação não era como hoje. Ao embalar as meninas eu contava que elas não saíram do meu ventre, mas do meu coração”, enfatiza.

Sobre as adoções, o casal afirma que faria tudo de novo. “Muitos dizem que se não podem ter filhos biológicos não adotariam e nós reafirmamos que se o tempo voltasse faríamos tudo de novo. Filhos não são perfeitos e os pais também não o são. Um pai e uma mãe nunca deixam de amar um filho”, pontua a aposentada.

De acordo com Alzira, a filha mais nova, hoje com 30 anos, conhece a mãe biológica e alguns dos irmãos, e a primogênita tem contato com uma irmã. “Elas acabaram conhecendo alguns dos seus familiares. Nunca proibimos essa aproximação e respeitamos muito a vontade delas. Queremos que as nossas meninas sejam felizes e se essa aproximação faz bem a elas também nos faz bem”, salienta.
Há 21 anos, tornaram-se avós pela primeira vez e em menos de seis anos os dois tiveram mais duas netas. “Ser avô é uma maravilha, conseguimos aproveitar mais, mimamos mais. As três netas e  as nossas filhas só nos trazem felicidades”, expõe Lauro.

O que é Bodas de ouro
Bodas de ouro é a comemoração dos 50 anos de casamento

Nesta data, por norma, o casal festeja o aniversário da união e renova as promessas feitas durante o casamento.

Para cada aniversário de casamento foi associado um material e seu nome passou a representar esta data. As bodas são comemoradas desde o primeiro ano (bodas de papel), porém, as bodas mais festejadas são a de prata, quando o casal comemora 25 anos de casados, e a de ouro, quando o casal celebra 50 anos de união.

O ouro é um dos metais mais valiosos e belos que existem, utilizado ao longo da história como um sinônimo de riqueza e fartura. Em comparação com o casamento, aos 50 anos de matrimônio, este material simboliza a nobreza desta união, que se manteve forte e inabalável durante todos esses anos. Muitos casais, quando completam as bodas de ouro, voltam à igreja para renovar os seus votos e as promessas feitas no dia do casamento. Também é normal a organização de uma festa, reunindo os familiares e amigos próximos.

A celebração das bodas de ouro surgiu na Alemanha, onde existia a tradição de fazer uma festa para os casais que completavam 50 anos de união e, durante a cerimônia, recebiam uma coroa de ouro. Atualmente, a tradição mais comum é a troca de novas alianças de ouro, que podem substituir as antigas ou serem usadas em conjunto. O termo boda tem sua origem a partir do latim “vota” / “votum”, que pode ser traduzido literalmente como “promessa”.