1ª igreja inclusiva inaugura na região

Cultos ocorrem às quartas-feiras e aos domingos, sempre à noite  -  Foto:Igreja Acolhidos por Cristo/Divulgação/Notisul
Cultos ocorrem às quartas-feiras e aos domingos, sempre à noite - Foto:Igreja Acolhidos por Cristo/Divulgação/Notisul

Rafael Andrade
Imbituba

A diversidade está cada vez mais presente na sociedade brasileira, antes arcaica/ultrapassada no quesito pré-conceito – e ainda esbarrando em muitas barreiras. Enquanto as políticas público-privadas da Ásia, Europa, Oceania e parte da América do Norte já tratavam o assunto inclusão com mais naturalidade desde as décadas de 1960/1970, os sul-americanos começaram a entender e aceitar o assunto com mais frequência somente a partir do início da década passada. A religiosidade, um dos tópicos, muitas vezes mais utópica e/ou extremista sobre homossexualidade, por exemplo, ainda é enfrentada de maneira mais contida.

A primeira igreja inclusiva da região, a Acolhidos por Cristo, localizada na rua Bela Vista, bairro Nova Brasília, em Imbituba, foi inaugurada há poucas semanas, mais precisamente no último dia 17 de setembro. O fundador, que não é homossexual, é o apóstolo e teólogo Jota Macedo, casado e com dois filhos. A esposa é uma das grandes incentivadoras e frequenta os cultos em família. Jota, que é natural de Piçarras, já morou na Amurel, mas viveu muitos anos em São Paulo, decidiu fundar o ministério na cidade portuária. A Acolhidos por Cristo já conta com 600 seguidores entre fiéis assíduos que participam ativamente dos cultos às quartas-feiras (às 20 horas) e aos domingos (às 19 horas), e os adeptos nas redes sociais. “Somos uma igreja que prega a espiritualidade. Na alma não se vê sexo”, resume o apóstolo.

A doutrina pregada é a mesma de uma igreja evangélica, porém, sem quaisquer tipos de proibições. “Recebemos a todos com somente um propósito: refletirmos e estudarmos a palavra do Senhor por meio da Bíblia”, complementa Jota.

Teologia no Brasil
Foi com a intenção de oferecer uma alternativa a uma situação preconceituosa em algumas igrejas que o reverendo Troy Perry fundou, em 1968, a Comunidade Metropolitana, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O ex-ministro batista abriu caminhos para uma ideia que, desde então, atingiria cada vez mais adeptos. No Brasil, a teologia inclusiva chegou nos anos 1990, mas a primeira denominação nacional surgiu somente em 2002, com a Igreja Cristã Acalanto, comandada pelo pastor chileno Victor Orellana.

Hoje, não há um número oficial de quantas  igrejas do gênero existem no país, mas estima-se que chegue próximo a 50. O discurso do culto é aberto à diversidade. Uma delas é a Comunidade Athos, em Brasília. Inaugurada em 2005 com apenas cinco membros, atualmente cerca de 300 fiéis frequentam os três cultos semanais que ocorrem em uma sala de um prédio comercial.

Mas tanta felicidade tem ‘incomodado’, não se sabe o motivo, a ala mais conservadora dos evangélicos. O presidente do Conselho de Pastores do Brasil, Silas Malafaia, disse não reconhecer essas comunidades. “Para mim, elas não existem”, disse.