Estocar ou comprar as poucos?

Saindo um pouco de assunto relacionado a investimento, que tenho trazido bastante para a coluna – a propósito, quem tiver interesse em ler sobre o assunto, poderá acessar as colunas anteriores pelo site do Notisul – resolvi falar hoje em um assunto bem corriqueiro na vida de qualquer pessoa: estoques. Fazê-los é bom ou mal negócio?

Antes de mais nada, entendam que não estou falando em estoques de empresas, que na maioria dos casos precisa existir, estou falando em famílias fazerem estoques excessivos que levarão uma longa data para consumi-los. Vale para alimentos, produtos de higiene e limpeza, roupas, itens de lazer e esporte, etc..

O costume de estocar em quantidades excessivas é bastante comum no Brasil. Fácil entender se lembrarmos um passado relativamente recente de nossa economia. Na década de 1980, até meados dos anos 90, tínhamos uma inflação monstruosa, os produtos chegaram a mudar de preço mais de uma vez por dia nas prateleiras do supermercado. Nessa época horrorosa, as pessoas adquiriram, ou intensificaram o hábito de fazer estoques.

Esse costume, tão maléfico para as finanças pessoais, foi continuado mesmo após controlarmos a inflação, passando, inclusive, para a geração seguinte, motivo pelo qual, não é raro encontrarmos pessoas bem jovens com esse costume infeliz de fazer estoque.

Há também aquelas pessoas que qualquer coisa que acontece, já sai estocando. “vou comprar 20 kg de leite porque ouvi falar que o leite vai aumentar”; “pizza tá na promoção, vou comprar 30”, passa a comer pizza todos os dias antes que estrague; “vou aproveitar a promoção de cerveja e já comprar para o verão todo” aí toma tudo em um mês, e por ai vai.

Ocorre que muitas vezes temos no estoque, o dinheiro que falta na conta, fazendo os boletos atrasarem e pagarmos juros por isso. Comum, também, é ter no estoque o dinheiro que deveria estar na reserva de emergência.

Lembrando que não estamos falando exclusivamente em estoque de itens de supermercado. As pessoas compram roupas que nem sabem quando terão oportunidade de usá-las, compram múltiplos pares de sapatos, compram livros em quantidade que demorarão meses para ler.

Algumas vezes obtemos desconto em uma compra maior, mas isso não deve ser levado em consideração se você está com contas atrasadas ou sem reservas. A razão é simples: o desconto obtido nessa compra maior nunca vai compensar os juros pagos pelo atraso ou outra.

Compras mais espaçadas, feitas à medida que se vai consumindo, além de propiciar uma maior flexibilidade, faz com que você não gaste hoje, com aquilo que só vai consumir daqui há alguns meses. Isso evita que seu saldo fique negativo, que atrase os boletos, que entre no cheque especial (que foi feito especialmente para você se ferrar) e que você quebre a cara no primeiro imprevisto que ocorra (afina, sim! Eles ocorrem.).

Se você faz parte dos 15% da população sem dívidas e com reservas, pode ser que compre quantidade maior objetivando o desconto, mas não esqueça que comprar hoje para usar daqui três meses, é perder três meses de rendimentos que você teria obtido se tivesse deixado aplicado. Por isso é necessário ponderar o que é mais vantajoso, sem deixar de lembrar que comprar agora pode te forçar a consumir lá na frente algo que você já não tenha mais vontade.

E você? Já havia pensado dessa forma? Conte-me nas minhas redes sociais.

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