Violência contra menor: Uma guerra de todos

Karen Novochadlo
Tubarão

Os recentes casos de abuso infantil ocorridos na região ganharam notoriedade estadual e servem de ponto de partida para outra discussão: como descobrir que seu filho pode ser vítima de abuso?

Crianças nem sempre são capazes de denunciar uma agressão. Se é pequena, ela não compreende o que ocorre. Quando mais velha, sofre ameaças, chantagem emocional, ou recebe “presentes” para não contar aos pais.

A dica para os pais é prestar atenção no comportamento de seus filhos, explica a psicóloga Bárbara Felisbino Vitoretti, coordenadora do programa de assistência e prevenção à violência da secretaria de saúde da prefeitura de Tubarão.

Uma criança agitada começa a ficar mais retraída ou mesmo violenta, por exemplo. Quando a é abusada sexualmente, geralmente evita contato com pessoas do mesmo sexo que o agressor. Estas alterações comportamentais, completa Bárbara, podem indicar que algo está errado.

Através do diálogo e de brincadeiras, os pais podem conhecer o cotidiano dos filhos de forma sutil. “As brincadeiras infantis são um ensaio à vida adulta. Através delas, os pequenos mostram como é a realidade que vivenciam. Se for violenta, os jogos serão violentos. Os desenhos também são uma forma de descobrir possíveis abusos”, ensina Bárbara.

A escola também tem um papel importante
Tanto em casa quanto na escola, as crianças vítimas de abuso ou violência mudam o jeito e ser, de falar, de se relacionar. No ambiente escolar, isto pode ser mais evidente porque os pequenos estão rodeados de mais pessoas.

Os professores podem ajudar. Devem ficar atentos ao comportamento e atitudes antissociais. A partir dos oito anos, crianças podem receber aulas de orientação sexual. Nelas, aprendem as diferenças entre os sexos, descobrem o que é namoro e quais comportamentos adequados com a idade.

Os pais que têm dificuldade em falar no assunto, podem optar por procurar uma psicóloga. O importante é manter, sempre, o diálogo aberto. Se a criança entender que pode confiar nos pais, vai conseguir demonstrar com mais facilidade se algo está errado com ela.

Prejuízo na vida adulta
Abusos e agressões sofridas na infância deixam marcas na vida adulta. Acompanhamento psicológico e terapias são importantes para auxiliar a superar estes traumas. Os adultos que passaram por estas experiências podem se tornar pessoas inseguras, rebeldes, agressivas e com problemas de relacionamento.

Alguns transformam-se em quem eles mais temiam. “A maioria dos agressores sofreu algum abuso na infância. Às vezes, podem até acreditar que este tipo de comportamento é normal”, alerta a coordenadora do programa de assistência e prevenção à violência da secretaria de saúde da prefeitura de Tubarão, Bárbara Felisbino Vitoretti.

Pais, professores! Atenção para as dicas
Não existe um perfil dos agressores de criança que possa ser traçado. Na maioria dos casos, são pessoas próximas, da própria família. Contudo, isto não é uma regra. Os pais e professores devem ficar atentos para as mudanças físicas e comportamentais das crianças. Veja algumas:

No comportamento:
• Timidez .
• Retração.
• Baixo desempenho escolar.
• Sono e apetite alterados.
• Quadro depressivo.

Mudanças físicas:
• Dificuldade de defecar.
• Diarréia.
• Sangramento (pode
parecer uma infecção).
• Alteração no jeito de andar.