Vazamento de óleo: Um desastre ambiental sem precedentes

Zahyra Mattar
Tubarão

Um acidente, na noite de segunda-feira, na BR-101, resultou em um desastre ambiental sem precedentes em Tubarão. Um caminhão-tanque com placas de Içara, região de Criciúma, trafegava no sentido norte-sul com uma carga de mais de 25 mil litros de óleo diesel e gasolina, quando tombou no quilômetro 340 da rodovia, entre as duas pontes sobre o Rio Correias, próximas ao Morro do Formigão.

O motorista da carreta, Jader Mauro da Silva, 45 anos, sofreu lesões leves e foi encaminhado ao Hospital Nossa Senhora da Conceição. Mais de 80% da carga, porém, vazou do tanque. O solo e a água do rio, que desemboca na Lagoa do Camacho, em Jaguaruna, foram contaminados. “O prejuízo é inestimável. Temos 11 mil pessoas que sobrevivem da pesca em Jaguaruna e poderão ser afetadas por este acidente ambiental. A área afetada é impossível de ser recuperada”, lamenta o gerente da Fatma em Tubarão, Cidinei Galvani.

A rizicultura, cultura que também depende da captação de água do Rio Congonhas, outro manancial afetado pelo vazamento dos combustíveis, não sofreu danos. A Coopagro, cooperativa que reúne a grande maioria dos produtores da região, emitiu ainda na segunda-feira à noite um alerta para que os agricultores não captassem água do rio por conta do óleo.

Na tarde de ontem, uma embarcação da Polícia Militar Ambiental de Laguna, juntamente com um técnico da Fatma e outro da Defesa Civil do estado, percorreram o Rio Correias por aproximadamente 20 quilômetros, até a barragem de Congonhas. “Nos primeiros 17 quilômetros, encontramos muito óleo acumulado nas margens. Nos três restantes, foi observado em menor quantidade. Por enquanto (até as 16 horas de ontem), a Lagoa do Camacho ainda não foi afetada. Mas isso, infelizmente, deve ocorrer, porque a barragem não é 100% fechada”, explica o gerente da Defesa Civil do estado, major Emerson Néri Emerim.

Ontem
Ontem, às 14 horas, um outro caminhão-tanque iniciou o processo de remoção do restante do combustível que sobrou dentro do caminhão, cerca de 5 mil litros. Um problema na bomba de sucção fez com que o trabalho fosse paralisado por cerca de uma hora. O trânsito na BR-101 ficou lento até a noite de ontem, por conta da retirada do caminhão. A descontaminação deverá começar hoje.

Três empresas serão multadas
Como o Rio Correias tem muitos igarapés e mato nas margens, é possível que o corte desta vegetação possa amenizar o estrago. “Iremos avaliar esta possibilidade. O solo contaminado também terá que ser cavado. Tudo deve ser levado para um aterro industrial (o único que tem no estado fica em Joinville). De qualquer forma, a pesca deverá ser afetada. As pessoas devem evitar contato com a água, tanto do Rio Correias e Congonhas, quanto na Lagoa do Camacho por enquanto”, adverte o gerente regional da Fatma em Tubarão, Cidinei Galvani.

O caso deverá gerar um processo administrativo por parte da Fatma – que prevê uma multa bastante significativa – e uma segunda investigação, através do Ministério Público, onde os envolvidos poderão responder por crime ambiental.
No caso do processo administrativo, a legislação ambiental é bastante ampla no caso de acidentes dessa natureza. “Ainda é necessário avaliar os laudos e o real estrago deste acidente, mas a multa poderá ultrapassar R$ 50 mil”, informa Galvani. As três empresas envolvidas serão notificadas pela Fatma: a que fazia o transporte, a que vendeu o combustível e a que iria recebê-lo. Todas deverão ser multadas.