Tubarão pode estar entre as mais poluídas do Brasil

A comissão foi composta pelos vereadores Jefferson Brunato (PSDB), Jairo Cascaes (PSD) e Deka May (PP), com consultoria do climatologista Rafael Marques.
A comissão foi composta pelos vereadores Jefferson Brunato (PSDB), Jairo Cascaes (PSD) e Deka May (PP), com consultoria do climatologista Rafael Marques.

Karen Novochadlo
Tubarão

O número de internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Tubarão é maior que nas cidades de Brusque e Palhoça. Este dado foi apresentado nesta segunda-feira, pela Comissão Especial Sobre a Qualidade do Ar na câmara de vereadores de Tubarão, e atesta uma preocupação dos parlamentares: a poluição do ar.
De acordo com os padrões do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), os índices de poluentes em Tubarão estão aceitáveis. Mas, se forem considerados os níveis aprovados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estão fora do ideal.

Para o Conama, o padrão aceitável de emissão de material particulado pela média geométrica anual é de 80 microgramas por metro cúbico (MP10). A OMS admite 20. Em Tubarão, a média é de 41,61. Esta quantidade monitorada é informada pela Tractebel, em postos montados na Vila Moema e São Benardo. A média no município foi calculada pela medição feita em oito dias por mês.
No estudo, ficou constatado que a poluição do ar por MP10 é associada a problemas de saúde, principalmente nos sistemas respiratório e cardiovascular. Também foi averiguado que a taxa de mortalidade cresce 0,5% a cada vez que aumenta em 10 microgramas por metro cúbico de MP10.

Um estudo da OMS mostrou que o Rio de Janeiro (RJ) é a cidade mais poluída do Brasil, com 64 microgramas por metro cúbico de MP10. Em seguida, vem Cubatão (SP), com 48. Em terceiro, está Campinas (SP), com 39. De acordo com Rafael Marques, consultor da comissão, os números assustam, ainda mais que Tubarão poderia ocupar a terceira posição. Mas, para ter certeza disso, é necessário se analisar como foi feito o estudo por lá.

Chuvas ácidas e problemas respiratórios

Para a elaboração do estudo feito pela Comissão Especial Sobre a Qualidade do Ar, foram consideradas várias pesquisas realizadas nos últimos 20 anos. Em diversas, foi constatado que no município são registradas ocorrências de chuvas ácidas. Inclusive, pela dissertação de mestrado formulada em 2006 e 2007, pelo climatologista Rafael Marques, consultor da comissão. De 207 amostras de chuva coletadas em Tubarão, 85% apresentaram um ph ácido, menor que 5,6, que é o mínimo aceitável.

O vereador Deka May (PP) conta que também foram entrevistados dois pneumologistas. Ambos confirmaram que as filas aumentam em até quatro vezes nos consultórios, após um período de ar seco, quando as pessoas inalam maior quantidade de poluentes. Outra preocupação é que um dos estudos indicou que aumentou a concentração de zinco, arsênico, antimônio, chumbo e cádmio no solo do município. Estes elementos estão presentes na composição de carvão.

Soluções apontadas pela comissão

A conclusão da comissão apontou que são necessários maiores estudos. Foram apresentadas como soluções: a montagem de uma equipe independente composta por vários segmentos da sociedade, com objetivo de identificar as fontes emissoras, aquisição de um equipamento móvel de coleta (custo aproximadamente de R$ 60 mil). Também apontam que podem ser buscados recursos no Ministério da Saúde e o do Meio Ambiente.