“Solução pode ser deixar como está”

Há um meses houve uma queda de barreira em Grão-Pará e até então os estudos de contenção não foram concluídos. - Foto: Divulgação/Notisul.
Há um meses houve uma queda de barreira em Grão-Pará e até então os estudos de contenção não foram concluídos. - Foto: Divulgação/Notisul.

Letícia Matos
Grão-Pará

Há 18 meses o Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) interditou a Serra do Corvo do Branco, na SC-370, entre Grão-Pará e Urubici, em ambos os sentidos. A previsão era, em 12 meses ser liberada, porém, ao que tudo indica, os serviços de contenção de encostas e terraplanagem levarão muito tempo. Há um ano o contrato foi paralisado devido a instabilidade com deslocamento de talude e não há estudo conclusivo para dar prosseguimento e assim reiniciar a obra.

Conforme o presidente do Deinfra, Wanderley Agostini, três geólogos já analisaram o local, porém sem sucesso. “A complexidade é muito maior do que parece. Talvez a solução seja deixar como está. O trecho está oficialmente fechado, porém há conhecimento que estão passando em meia pista. A situação é bem complicada”, explica.

As rotas alternativas para o planalto serrano são pela Serra do Rio do Rastro, a SC-390, e a BR-282. Essa é a segunda etapa de pavimentação da rodovia. Na anterior, foi asfaltado o trajeto entre Urubici e a localidade de Campo dos Padres.

O trecho interditado tem nove quilômetros de extensão. Na primeira licitação, com as empresa Seta/Tucumam, a obra foi orçada em R$ 36 milhões. Até o momento foi faturado pouco mais de R$ 1,6 milhão. O contrato está paralisado desde março do ano passado.

Local tem formação rochosa de 160 milhões de anos
A Serra do Corvo Branco foi a primeira estrada a ligar o litoral à Serra de Santa Catarina e tem formação rochosa de 160 milhões de anos. Na região, algumas curvas são bastante fechadas e o tráfego de veículos maiores é proibido, segundo a prefeitura de Urubici.

No início da estrada há uma placa que explica as formações rochosas da região. Ao longo da descida há uma faixa vertical de rocha mais escura. Esta parte da rocha, um dique de basalto, foi formada há 160 milhões de anos, e resultou do resfriamento de lava incandescente. O basalto, chamado também de Formação Serra Geral, cobre toda a extensão do arenito.

Um dos pontos mais característicos da estrada é a garganta, onde a estrada corta dois paredões de pedra paralelos, com cerca de 90 metros cada. O trecho é considerado o maior corte em rocha arenítica do Brasil. Do lado esquerdo o paredão é úmido e do lado direito é seco. Isso se justifica por causa da inclinação leste-oeste do Arenito Botucatu, que forma o Aquífero Guarani.

Travessia
A abertura ao tráfego de veículos pela primeira vez e de forma pioneira da Serra do Corvo Branco ocorreu em 1980. De acordo com relatos da comunidade, desde 1974 havia condições de travessia no local. Em 1999 foi ampliada a largura do corte e pavimentado 600 metros.