Saúde: Região entra na guerra contra a brucelose

Carolina Carradore
Tubarão

Produtores da região começam a amargar prejuízos por conta da brucelose, uma doença que, se não diagnosticada a tempo, pode contaminar todo o rebanho bovino de uma propriedade. Apesar de Santa Catarina ser o único estado do país a indenizar os donos dos gados doentes, o valor não cobre os investimentos feitos. Este ano, conforme dados da Cidasc, 169 animais precisaram ser abatidos em virtude da brucelose. Este número, contudo, pode ser muito maior.

Na primeira semana deste mês, por exemplo, 40 vacas foram sacrificadas no Vale do Braço do Norte. Nesta, já está na agendado o abate de 20 animais em São Ludgero. Há cerca de dois meses, somente em uma propriedade de Gravatal, 18 animais foram eliminados. Sem outra renda, muitos produtores não tiveram outra alternativa senão fechar as porteiras.

A saída, incentiva o responsável regional pela defesa sanitária animal da Cidasc, o veterinário Iraê Antônio Pizzolatti, está em buscar socorro assim que os primeiros sintomas forem percebidos. “O correto diagnóstico é a única arma do produtor. Na regional da Cidasc temos 14 veterinários habilitados para isso”, valoriza Iraê.

Produtores são indenizados
Quando os casos de brucelose são diagnosticados, obrigatoriamente o animal doente é sacrificado para que o restante do rebanho não seja contaminado. Por determinação do Ministério da Agricultura, o proprietário tem direito de receber uma indenização, cujo cálculo é feito sobre o valor do quilo da carne. Desde 2004, o estado pagou R$ 1. 674,59 milhão aos produtores da região. O recurso refere-se apenas às indenizações por animais abatidos em virtude da brucelose ou da tuberculose.

O responsável regional pela defesa sanitária animal da Cidasc, o veterinário Iraê Antônio Pizzolatti, explica que é importante os produtores também precaverem-se no momento de adquirir um animal. “É importante que eles exijam a certificação de que o gado não tem a brucelose”, recomenda Iraê.

E essa foi a preocupação do produtor Arcelino Gonçalvez Antunes, que mantém um pequeno rebanho de gado na localidade do KM 60, em Tubarão. Para ter certeza de que a nova vaca adquirida está em perfeita saúde, ele contratou os serviços da veterinária Alda Maria Leitão para a realização de exame de brucelose e tuberculose. “Sei do perigo da contaminação. Vale a pena pagar o exame para garantir a saúde da minha família”, ensina Arcelino.

O que é brucelose?
A brucelose é uma zoonose causada pela bactéria brucela. O contágio geralmente ocorre quando um animal sadio entra em contato com os resto de aborto da vaca. A doença não é restrita ao rebanho. Por isso, quando qualquer vestígio é encontrado na propriedade, toda a família rural é encaminha para o serviço de saúde a fim de realizar o exame, uma vez que a doença também é transmitida ao ser humano através do consumo do leite não pasteurizado, nata ou queijo frescal. Os sintomas são febre constante, calafrios, fortes dores de cabeça e problemas nas articulações. Nas mulheres, a brucelose pode causar aborto. No homem pode gerar impotência.

260 mil cabeças de gado é o tamanho do rebanho contabilizado nas 16 mil propriedades rurais, espalhadas por 19 municípios, sob a responsabilidade da regional da Cidasc em Tubarão.

2 casos de brucelose foram confirmados em seres humanos este ano, na região. O número, se comprado com quantidade de pedidos de exames, é baixo.

0,02% do rebanho de Santa Catarina é acometido pela brucelose por ano. O índice é um dos mais baixos do país.