Reajuste do gás natural: Indústria não absorverá aumento

Amanda Menger
Tubarão

Os proprietários de indústrias de cerâmica para revestimento do sul do estado estão apreensivos com um novo aumento do gás natural, combustível usado nos fornos. O reajuste de 6% foi anunciado pela SC Gás. Um outro aumento, de 6%, ocorreu em fevereiro.

O presidente do Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Criciúma e Região (Sindiceram), Otmar Muller, garante que as empresas não terão como absorver o aumento. A opinião é compartilhada pelo vice-presidente da Associação Sul Brasileira de Cerâmica para Revestimento (Asulcer) e vice-presidente da Itagres, Murilo Bortoluzzi. “Posso afirmar que não teremos como absorver esse reajuste. Teremos problemas de competitividade”, avalia.

A justificativa apresentada pela distribuidora SC Gás não convenceu os empresários. “O argumento é que o petróleo está em alta e o índice usado para reajustar os contratos de fornecimento é o preço da cesta de óleos”, esclarece. A SC Gás tem contratos com a Petrobras, que, por sua vez, tem contratos com a Bolívia, que produz o gás. Para Murilo, o problema só não é maior porque o dólar está em baixa. “Se o dólar estivesse em alta, o nosso desafio seria ainda maior”, pondera.

A competitividade da indústria está ameaçada, porque o reajuste será repassado ao preço do produto final. “Já temos dificuldades com as exportações porque o dólar mais baixo prejudica a concorrência no mercado externo. Com este novo aumento, teremos dificuldades também no mercado interno”, observa. O principal concorrente no Brasil é a indústria paulista.