Problema social: Falta assistência aos moradores de rua

Amanda Menger
Tubarão

Dormir ao relento, em bancos de praça, debaixo de pontes. Esta tem sido a rotina de dezenas de andarilhos em Tubarão. O número de moradores de ruas tem crescido nos últimos meses e já preocupa as autoridades. Na sessão de segunda-feira da câmara, o vereador Geraldo Pereira, o Jarrão (PMDB), apresentou um requerimento à secretária de assistência social da prefeitura Vera Stüpp.

“Não sou contra essas pessoas. Para estar na rua, geralmente, tiveram problemas na vida, na família. Por isso, é importante dar atenção a eles. O requerimento é para que a assistência social da prefeitura tome alguma providência, dê atenção, um local para dormir, para comer, para tomar banho, fazer as necessidades fisiológicas. E, se for o caso, ajuda para voltar para casa”, argumenta o vereador.

Segundo Jarrão, a situação de muitos desses andarilhos é constrangedora. “Como Tubarão não tem banheiros públicos, essas pessoas fazem as suas necessidades em qualquer lugar, muitas vezes na frente de crianças”, relata Jarrão. Outra preocupação é com a forma como muitos moradores de rua abordam as pessoas. “Às vezes, eles são agressivos na hora de pedir dinheiro, comida. Alguns usam drogas, outros bebem”, lamenta o vereador.

O requerimento pede que a equipe da secretaria de assistência social da prefeitura faça a identificação e acompanhamento dos andarilhos, em parceria com a Guarda Municipal, Polícia Militar e a vara da infância e juventude.

Albergue já atendeu
mais de 40 mil pessoas

Um grupo de voluntários atua desde maio de 1996 no atendimento a homens, mulheres e famílias que estão de passagem em Tubarão. O Albergue Noturno Pousada da Paz já realizou mais de 40 mil atendimentos, em uma média diária de 12 pessoas. Os passantes podem ficar até cinco dias no local. A permanência, em geral, é de 2,3 dias.

“O tempo pode aumentar quando há a solicitação de algum órgão, como a justiça ou a secretaria de assistência social da prefeitura. As regras são claras e as pessoas aceitam. O atendimento começa às 19 horas e segue até 7 horas. Os albergados têm direito a jantar, banho, pernoite e café da manhã”, explica o diretor do albergue, Edgar José Farias.

A entidade mantém um registro de todas as pessoas que passam por ali. “Caso a pessoa tenha perdido os documentos, ela tem que dar o nome. O policial militar que faz a guarda do albergue confere as informações e, no dia seguinte, tem que ir à Central de Polícia para registrar a perda dos documentos. Senão, não pode ficar no albergue”, diz Farias.

A estrutura é mantida com ajuda dos voluntários e com um convênio firmado com a prefeitura. O albergue pretende oferecer qualificação profissional também. “Há um projeto para a instalação de cinco computadores, isso com recursos federais. A intenção é oferecer instrução a essas pessoas para que elas possam reintegrar-se à sociedade”, relata Farias.
Os albergados também recebem ajuda espiritual. “Aqueles que querem conversar recebem atendimento fraterno, feito pelos voluntários, já que a instituição é ligada a um centro espírita”, relata o diretor.

“Prefeitura já dá assistência”, diz secretária

A situação dos andarilhos levantada pelo vereador Geraldo Pereira, o Jarrão (PMDB), na câmara de vereadores é conhecida pela secretária de assistência social da prefeitura, Vera Stüpp. Segundo ela, este acompanhamento sugerido já é feito pelas assistentes sociais.

“As assistentes procuram conhecer as pessoas que moram nas ruas. Aqueles que têm família ou querem voltar para suas cidades de origem são encaminhados, recebem ajuda para voltar. Outros estão de passagem pela cidade e aí nós encaminhamos para o Albergue Noturno Pousada da Paz. Mas há outros que não querem ajuda e aí, infelizmente, não temos como auxiliar”, explica Vera.
Segundo ela, há um certo tempo foi solicitado que o acesso às pontes fosse cercado para evitar que pessoas ficassem abrigadas nestes locais. “Vamos verificar essa situação. Não é permitido ficar embaixo da ponte”, afirma a secretária. Diversos leitores reclamaram ao Notisul da permanência de andarilhos nas cabeceiras das pontes Dilney Chaves Cabral, Nereu Ramos e Heriberto Hülse, todas no centro de Tubarão.

A secretária afirma ainda que um projeto é desenvolvido com a direção do albergue para ampliar o horário de atendimento da instituição. “É para que as pessoas tenham onde buscar ajuda durante o dia. Em mais algumas semanas. vamos enviar isso para ser votado na câmara”, adianta Vera.
Nesta semana, um celular foi furtado por crianças filhas de nômades que acampam próximo à rodoviária. “Quando há crianças, o trabalho é feito pelo Conselho Tutelar em parceria com a vara da infância. Cada caso é avaliado e os pais são responsabilizados”, esclarece a secretária.