Presídio Regional de Tubarão: Uma faca de dois gumes afiados

Zahyra Mattar
Tubarão

Na rebelião ocorrida no último dia 10, no Presídio Regional de Tubarão, os detentos fizeram três exigências: que a revista das mulheres fosse modificada, que não houvesse restrição quanto aos alimentos entregues pelas famílias e que o diretor da instituição, Ricardo Welausen, fosse afastado definitivamente do cargo. Nenhum dos pedidos foram aceitos pelo Departamento de Administração Prisional (Deap).

Terça-feira, a redação do Notisul foi procurada por três esposas de detentos. Elas entregaram uma carta onde apontam as “principais ocorrências negativas” no Presídio Regional. O primeiro item da lista é quanto à revista da mulheres. O grupo alega que uma das agentes (são três) tem atitudes de assédio e autoritarismo, além de expor as mulheres a constrangimentos, como abrir a porta da sala enquanto ainda estão se vestindo.

O outro ponto fala sobre a comida. O grupo alega que os detentos passam fome e que a lista de alimentos permitidos é alterada com muita freqüência. Desacato de policiais a mães de detentos no dia da rebelião, falta de assistência médica e interrupção de tratamentos para sarna e tuberculose são outros pontos que as mulheres salientam na carta. O pulso firme do diretor também é item frisado.

No mesmo documento entregue pelas mulheres, há um depoimento de um detento a respeito da condução da administração do presídio. O preso diz que “todo presídio que seu Ricardo estiver na administração sempre será uma bomba relógio“. O diretor do presídio conversou com a redação do Notisul e revelou estar ciente do teor das cartas. Ricardo explicou que a questão da revista das mulheres, é verdade que houve reclamações contra uma das agentes.

Porém, nenhum boletim de ocorrência ou denúncia formal ao Ministério Público foi feita formalmente. “Como vou desatar um nó que oficialmente não existe? Assim que tiver a primeira denúncia, garanto providências imediatas”, assinala Ricardo.