Presídio Regional de Tubarão: Construção entra em fase de acabamento

Rafael Andrade
Tubarão

Dos dez meses de construção do novo complexo carcerário do Presídio Regional de Tubarão, no bairro Bom Pastor, 60% deste período foi chuvoso. Os dados são do setor de clima e previsão do tempo da Epagri/Ciram.

O contraponto climático não só atrasou as obras, mas também deixou prejuízos. Em virtude das chuvas e dos ventos fortes da semana, um muro da galeria B, com cerca de 1,5 metro e 20 metros de comprimento, caiu. Por contas destas adversidades climáticas, a conclusão do novo prédio do presídio deve atrasar 60 dias.

“Contratamos mais homens – cerca de 30 pessoas trabalham no local – e também intensificamos os trabalhos mais pesados, como a conclusão da caixa do transformador e da cozinha. Outro passo importante foi o acabamento no setor administrativo. Falta colocar azulejos em alguns pontos, concluir a construção de um muro e preparar o estacionamento com brita”, enumera o engenheiro responsável pela obra, Gregório Brighenti.

O sistema elétrico deve ser instalado na próxima semana. O hidráulico está praticamente pronto. A casa que receberá o transformador também está edificada. “A fase de acabamento é uma das mais demoradas, já que sempre aparecem surpresas no fim da obra”, adverte Gregório.

O novo complexo prisional de Tubarão terá capacidade para 368 detentos. Destes, 120 ocuparão a ala do semiaberto, cujo prédio estás quase pronto. A atual estrutura do presídio, no bairro Humaitá de Cima, tem capacidade para receber 60 reclusos, mas acomoda quase 330.

Preocupação com ciclones, furacões e até tornados
A ala do semiaberto, que é edificada em anexo ao novo prédio do Presídio Regional de Tubarão, está praticamente pronta. Deverá ser concluída em 20 dias. O local recebeu um toque especial. Chapas de aço, PVC, compensados e algodão revestem as paredes e o forro do galpão.

“Este tipo de construção é comum nos Estados Unidos, principalmente em regiões que estão na rota de tornados, furacões e ciclones. Aqui no Bom Pastor, por ficar muito próximo ao Rio Tubarão e ao lado da Mata Atlântica, as rajadas de vento surpreendem. Além disso, conforme as estatísticas climáticas que estudados, Tubarão está na rota de alguns tornados e ciclones extratropicais. No prédio principal também usamos um concreto especial para evitar desmoronamento e outros problemas do tipo”, detalha o engenheiro responsável pela obra, Gregório Brighenti.

A ala do semiaberto foi pensada para abrigar 60 detentos. Contudo, a secretaria estadual de segurança pública solicitou, em maio, mudanças no projeto por conta da superlotação do sistema prisional de Santa Catarina (hoje são 12 mil detentos para pouco mais de nove mil vagas). Com isso, o local terá capacidade para 120 presos que cumprem pena no semiaberto.

“Vamos intensificar o trabalho de ressocialização com estes homens na nova unidade. Além de muito mais espaço, teremos mais agentes penitenciários, mais oportunidades e condições para fecharmos parcerias com a iniciativa privada”, valoriza o atual diretor do presídio, Deiveison Querino Batista.

E a infraestrutura local?
Mesmo com a ala do semiaberto pronta no próximo mês, o novo complexo carcerário de Tubarão será inaugurado somente quando tudo estiver pronto. Uma das promessas do estado e do município foi melhorar a infraestrutura de acesso ao prédio, no bairro Bom Pastor. Ruas nas proximidades receberão rede de drenagem, para evitar alagamentos, e será asfaltadas (ou recapeadas, depende da necessidade) e alargadas.

Ala feminina
O novo Presídio Regional de Tubarão não contempla uma ala específica para as mulheres. Atualmente são 45 em um espaço improvisado na atual prédio da instituição, no bairro Humaitá de Cima. O estado pretende mantê-las no local, mas a comunidade não quer. Porém, conforme a nova lei prisional, é proibido manter reclusos homens e mulheres no mesmo complexo carcerário. “Elas devem ficar em ambientes totalmente separados, em outros bairros ou até cidades”, reforça o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap) do estado, Adércio Velter. Ainda não há uma definição quanto o que será feito com as detentas depois que os homens forem transferidos à nova estrutura.