Pacoto econômico: Medidas favorecem os consumidores

Amanda Menger
Tubarão

O pacote econômico anunciado pelo governo federal há cinco dias foi bem recebido por especialistas e já tem reflexos no comércio. Diversas medidas foram anunciadas, entre elas as reduções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF); a criação de duas novas faixas para o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

Para o deputado federal Edinho Bez (PMDB), o governo está fazendo a sua parte. “Com estas medidas, a intenção é que o consumo e a produção não parem. O governo faz o que pode. A idéia é manter o dinheiro circulando. Quando o consumidor compra, isso é bom para o comércio e também para a indústria, que produz e mantém os empregos. Está tudo interligado”, avalia.

O economista João Antolino Monteiro acredita que as medidas poderiam ter sido mais agressivas. “Foi um pouco tímida, poderiam ter sido mais audaciosos. Mas, antes isso do que nada. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central poderia ter diminuído a taxa de juros Selic, de 13,75% para 13,25% ou até 12,75%. Isso influenciaria mais o consumidor a comprar”, explica o economista.

Para João, a política econômica brasileira é de certa forma conservadora. “O consumo não é tão incentivado se compararmos com os Estados Unidos. Aliás, os juros estão cada vez mais altos. Por isso, o consumidor deve ficar atento com as compras de Natal. Evitar parcelamentos muito longos e não abusar do cheque especial e do cartão de crédito”, sugere o economista.

Procura por carros já aumentou

Uma das medidas apresentadas pelo pacote econômico é a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incide sobre os automóveis. No caso dos carros populares, com motor 1.0, o imposto caiu de 7% para 0%. Em carros com motores entre 1.0 e 2.0, o tributo passou de 13% para 6,5% nos modelos a gasolina e de 11% para 5,5% para os bicombustíveis. Esta redução é válida até o dia 31 de março de 2009.
Com o anúncio feito quinta-feira, o movimento nas concessionárias já aumentou.

“Notamos um crescimento na procura já no sábado. Trabalhos até as 17 horas e muitas pessoas vieram até a concessionária para ver os modelos e os preços. Hoje (ontem), também tivemos muita procura, tanto na loja quanto por telefone. Isso que a Fiat ainda não anunciou a nova tabela, já com a redução do IPI”, revela o coordenador de vendas da Unitá Fiat de Tubarão, Márcio Roberto Salgado.

Para Márcio, a redução do imposto é mais um incentivo às vendas. “No fim do ano, aumenta naturalmente a procura por carros novos, as pessoas utilizam o décimo terceiro salário para trocar ou comprar o automóvel. Agora com essas novas taxas, motiva ainda mais a concretizar a venda. Além disso, é uma forma de o governo ajudar as montadoras, já que o setor emprega milhões de pessoas”, avalia o coordenador de vendas.

Novas faixas para Imposto de Renda

O Leão em 2009 terá mais duas faixas de enquadramento. A mudança no Imposto de Renda faz parte das medidas anunciadas no pacote econômico do governo federal.
As pessoas que recebem até R$ 1.434,00 estão isentas de pagar o imposto. Entre este valor e R$ 2.866,00, a alíquota era de 15%. Agora, há uma faixa intermediária: entre R$ 1.434,00 e R$ 2.150,00 e a taxa é de 7,5%; e entre R$ 2.150,00 e R$ 2.866,00, a alíquota é de 15%.

A outra novidade é o índice de 22,5% para quem recebe entre R$ 2.866,00 e R$ 3.582,00. Para salários acima de R$ 3.582,00, a alíquota é de 27,5%. Já a correção de 4,5% foi mantida.
“Isso é algo positivo. Cada vez mais pessoas entravam na faixa de contribuição, porque o salário aumentava e a tabela do Leão não acompanhava. Isso fazia com que muitas pessoas que nunca tinham contribuído passassem a ter que pagar o imposto e eram surpreendidas com isso”, avalia o presidente Sindicato dos Contabilistas de Tubarão, Marcos Freitas.

Outra mudança prevista no pacote econômico é relativa ao Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Este tributo é cobrado no momento da contração de empréstimos, de 3% para 1,5% no caso das pessoas físicas. Já a taxa extra de 0,38% sobre os empréstimos, continua. “Acredito que essa alteração não será sentida pelo consumidor imediatamente, levará ainda uns dois, três meses. Essa redução é uma outra forma do governo de incentivar o crédito, com a contratação de financiamentos”, observa Marcos.

Reservas
A quarta medida anunciada pelo governo possibilita às empresas que tiverem dívidas no exterior tomarem empréstimos de recursos das reservas internacionais brasileiras. Os empréstimos serão feitos às instituições financeiras autorizadas a operar com câmbio, que repassarão os valores às empresas com dívidas em moeda estrangeira no fim deste ano e em 2009.