“Oi papai, te amo”, a milhares de quilômetros

Empresário braçonortense terá os parabéns pelo Dia dos Pais a distância. Filhos moram em outros países  -  Fotos: Arquivo da Família/Divulgação/Notisul
Empresário braçonortense terá os parabéns pelo Dia dos Pais a distância. Filhos moram em outros países - Fotos: Arquivo da Família/Divulgação/Notisul

Braço do Norte

Uma conexão com a internet, bem cedo, será a oportunidade do paizão Márcio Witthirich, de Braço do Norte, matar a saudade dos filhos. É o primeiro domingo de Dia dos Pais (celebrado neste fim de semana) longe dos dois herdeiros, que residem fora do país para estudar. 

Apesar da distância, o empresário do ramo de petshop fala com orgulho da atitude adotada pelos herdeiros, que iniciou com a filha mais velha, Vanessa Witthinrich, 24, há sete anos. O pedido inusitado da viagem para outro país ocorreu durante um jantar em um restaurante em Orleans. “Ela me convidou para irmos a uma pizzaria e eu já desconfiava que tinha alguma coisa. Só não sabia que seria um pedido para morar na Bolívia”, revela.

Vanessa tinha apenas 17 anos e queria ingressar na carreira de medicina. “Ela é muito inteligente e sempre quis que realizesse seus sonhos. Tentei ser forte e disse que não teria problema, mas estava com o coração apertado”, recorda Márcio. 

Após resolver o problema da burocracia – foi preciso emancipar a jovem – a família foi para a despedida no aeroporto. Vinte dias depois, Márcio já estava na Bolívia para ver se estava tudo bem com a caloura de medicina. “Cheguei de madrugada, era 4 horas. Fiquei assustado com a cultura. Um país muito diferente da gente. Pensei em trazê-la de volta, mas me segurei. Assim se passaram sete anos. Ela já é uma médica formada, graças ao bom Deus”, comemora.

Para Márcio, após o choque de ter a filha a mais de 3,3 mil quilômetros, foi mais fácil aceitar o pedido do filho caçula, Ruy Witthinrich Neto, 20, que trancou o terceiro ano de medicina veterinária no Brasil para um intercâmbio. O jovem está há nove meses na Irlanda, aprimorando o seu inglês. “Um dia, bem cedo, ainda estávamos (minha esposa e eu) dormindo, e ele foi até o nosso quarto perguntar nossa opinião. Já tinha passado o choque, a gente achou legal! Foi conhecer a Europa. É difícil um pai e uma mãe ficarem sem os filhos do lado, mas ao mesmo tempo eles voltam com uma cabeça forte”, defende.

Desafios de viver fora são superados a cada dia
Desde os 17 anos, a jovem Vanessa Witthinrich prepara-se na Bolívia para ser médica no Brasil. Os últimos sete anos em terras estrangeiras foram de dificuldades que, segundo o pai, Márcio Witthinrich, 45, foram superados com bastante coragem. “Ela é uma menina linda, maravilhosa e está lá em um país que, agora, considero próximo ao Brasil. Já sou um ‘cidadão boliviano’. É o país que acolheu a nossa filha”, reconhece.

“Quando falam da Bolívia, a gente brilha os olhos. Agora, depois de sete anos morando fora, ela conta que várias vezes fez a mala, pegou o telefone, e disse ‘vou ligar para ir embora’, mas aí ela ia dormir e, no outro dia, mais calma, desfazia a mala e voltava à rotina dos estudos”, revela. A família, ansiosa, aguarda os últimos detalhes para o retorno da braçonortense, que ainda não voltou, pois precisa passar em exames oficiais no país canarinho. Com o resultado em mãos, Vanessa terá que prestar uma outra prova no Brasil e, assim, pleitear o Conselho Regional de Medicina (CRM), que é o número de inscrição para poder exercer a profissão no país. A condição do filho, Ruy Witthinrich Neto, 20, também é provisória. 

Assim que terminar o intercâmbio de um ano, pretende voltar para concluir o curso de medicina veterinária na Unibave, em Orleans. Ele pretende ajudar o pai, que é empresário do ramo petshop há 14 anos em Braço do Norte. “Hoje, está lá lavando carro, vendendo marmita, para se sustentar, para conhecer, dar valor à vida, ter um futuro, mas está adorando a experiência. Estuda de manhã e trabalha à tarde. Além disso, tem a oportunidade de conhecer outros países”, detalha o pai coruja