Nos trilhos do desenvolvimento

Zahyra Mattar
Imbituba
 

Historicamente, da década de 50 para cá, o Brasil passou por uma estagnação nos investimentos destinados ao modal ferroviário. O país desenvolveu-se literalmente por terra. As rodovias, hoje saturadas em sua maioria, ainda ficam com o pedaço de bolo maior no orçamento.
Hoje, a mentalidade é outra. O exemplo veio de países desenvolvidos, caso de Japão e França, onde os trilhos carregam pessoas e riquezas ao mesmo tempo. Assim como as estradas. O Brasil despertou para a integração modal.
 

E é esta lacuna que começa a ser preenchida. A abertura da licitação para a elaboração do projeto da Ferrovia da Integração (carinhosamente apelidada de Ferrovia do Frango) foi um dos primeiros passos nesta direção. Com ela, Itajaí será ligada a Chapecó pelos trilhos.
 

Na região, desde agosto do ano passado, é elaborado o projeto e o plano básico ambiental da Ferrovia Litorânea, que interligará a ‘nossa’ Tereza Cristina com a malha férrea nacional. Os estudos de viabilidade para a interligação férrea de Santa Catarina e do país foram feitos entre 2002 e 2003.
No momento, é feita a sondagem de solo, opções de traçados de maneira que o impacto social e ambiental sejam menores, desapropriação, reassentamento de comunidades quilombolas, recuperação e compensação ambiental.
 

A previsão é que os projetos sejam apresentados no fim do primeiro semestre do próximo ano. A partir daí, inicia-se o processo de licitação dos trechos. A obra já está sinalizada na segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), do governo federal. A expectativa é que os dois lotes estejam prontos em 2017.  

Sobrenome: Progresso

A obra da Ferrovia Litorânea ligará Imbituba a Araquari, no norte do estado. O trecho é estratégico para o desenvolvimento catarinense, especialmente o sul, a região mais defasada em investimentos. Aqui, os 164 quilômetros de trilhos da Ferrovia Tereza Cristina (FTC), hoje isolados da malha férrea nacional, serão mais um sinônimo de progresso, assim como o Aeroporto Regional Sul, em Jaguaruna, e a duplicação do trecho sul da BR-101.
Junto com o crescimento inevitável – e bem-vindo – da FTC, sediada em Tubarão, os comboios amarelos e azuis não serão responsáveis apenas pelo carregamento de carvão para o complexo termelétrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, e produtos cerâmicos ao Porto de Imbituba. A FTC será a responsável por transportar as riquezas do sul e, quem sabe, até nós mesmos!

R$ 19 milhões
é a estimativa de investimento na etapa de elaboração dos projetos executivos da obra, e do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIA). 

A Ferrovia Litorânea
interligará a Ferrovia Tereza Cristina, no sul do estado, às ferrovias da América Latina Logística (ALL), que possui quatro trechos (Porto União – Marcelino Ramos, Mafra – Porto União, Mafra – São Francisco do Sul (porto) e Mafra – Divisa com o Rio Grande do Sul através de Lages). Quando estiver pronta, a estrada de ferro ligará os portos de Imbituba, Itajaí e São Francisco do Sul à malha férrea nacional.

24 meses
é o prazo previsto para finalizar as obras de implantação dos 236 quilômetros da Ferrovia Litorânea.

A obra
é dividida em dois lotes. O primeiro inicia a cerca de 1,6 quilômetro ao sul do trevo de acesso a Imbituba, na BR-101, até a margem direita do Rio Tijucas. O outro começa na margem direita do Rio Tijucas até a junção com a linha férrea da América Latina Logística (ALL).

R$ 1 bilhão
é o investimento previsto para o custo total da obra.