Morte de eletricista: Após dois meses, caso segue sem resposta

Os pais de Ricardo, Delir Cipriano Diomar e Sebastião Diomar, e a viúva Simone da Rosa ainda lamentam a morte do eletricista.
Os pais de Ricardo, Delir Cipriano Diomar e Sebastião Diomar, e a viúva Simone da Rosa ainda lamentam a morte do eletricista.

Amanda Menger
Tubarão

A família do eletricista Ricardo Diomar Cipriano, de Tubarão, espera há dois meses por respostas. Os parentes alegam que Ricardo foi agredido por policiais militares, no dia 28 de agosto, durante a realização da Operação Choque de Ordem, no Beco do Quilinho, no bairro Morrotes.
Ricardo morreu depois de ficar internado na UTI do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), em Tubarão, por dez dias, com politraumatismo. Para apurar o caso, foram abertos dois inquéritos: um na Polícia Civil e outro na Polícia Militar.

Segundo a advogada da família do eletricista, Luana Vieira, a Polícia Civil já concluiu o inquérito. O relatório das investigações foi enviado ao fórum de Tubarão no último dia 15 e está parado na distribuição. A expectativa é que a documentação seja encaminhada no início da próxima semana ao promotor Sandro de Araújo. “Como eu não tive acesso ainda ao conteúdo do inquérito, vou esperar para me pronunciar sobre o caso na próxima semana”, afirma Luana. O delegado responsável pelo caso, Giovani Floriani, está de férias. Na Central de Polícia Civil, ninguém soube dar informações sobre o relatório.

Já o inquérito Policial Militar, que apura o envolvimento dos PMs, não foi finalizado. O prazo inicial era de 30 dias e foi prorrogado. O Notisul tentou contato com o comandante do 5º Batalhão da PM, tenente-coronel Sílvio Ricardo Alves, mas ele não estava na cidade. A informação é que ele só irá pronunciar-se quando o relatório das investigações estiver pronto.

Lembre o caso
• No dia 28 de agosto, a Polícia Militar de Tubarão realizou a ‘Operação Choque de Ordem’ da PM, no Beco do Quilinho. O local foi ocupado por PMs, com objetivo de combater o tráfico de drogas na comunidade.
• A família do eletricista Ricardo Diomar Cipriano afirma que ele foi agredido por policiais após questionar porque a sua esposa e enteada estavam sendo revistadas por PMs homens. Ele teria sido algemado e arrastado pelos policiais para uma outra rua, onde teria ocorrido a agressão.

• No mesmo dia, os policiais registraram um boletim de ocorrência na Central de Polícia Civil contra Ricardo por desacato a autoridade. A família do eletricista também registrou um B.O. por agressão.
• Ricardo morreu depois de ficar dez dias internado na UTI do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), em Tubarão, com politraumatismo. Moradores e familiares do eletricista fizeram um protesto em frente ao batalhão da PM. Eles também fizeram um abaixoassinado pedindo o afastamento dos policiais que teriam agredido Ricardo. O documento foi enviado ao promotor de justiça. Mas ninguém foi afastado do cargo.

• A PM prorrogou o prazo para concluir o inquérito, quando as investigações completaram 30 dias (em 29 de setembro), mas até agora nada foi divulgado. Já a PC, enviou no dia 15 ao fórum o inquérito, parado na distribuição.

Família
Enquanto o caso não se desenrola, a família de Ricardo Cipriano Diomar tenta conviver com a saudade. “Não é fácil para uma mãe e um pai lidar com a perda de um filho, ainda mais nesta situação. Meu filho não era bandido, era um trabalhador. Foi agredido porque morava em um beco. Não escolhemos morar aqui porque queremos, e sim porque é onde podemos. Queremos justiça, só isso”, pede a mãe do eletricista, Delir Cipriano Diomar.