Greve: Duplicação para no trecho de Laguna

Trabalhadores não retomarão as obras enquanto não receberem os salários atrasados.
Trabalhadores não retomarão as obras enquanto não receberem os salários atrasados.

Zahyra Mattar
Capivari de Baixo

Há dois meses, os prestadores de serviços do consórcio Blokos/Emparsanco/Araguaia, responsável pelas obras do lote 25 na duplicação da BR-101, paralisaram as atividades por falta de pagamento. Agora, os trabalhadores voltaram a cruzar os braços pelo mesmo motivo. E garantem: só retornarão depois que o consórcio quitar pelo menos metade da dívida com eles. É um total de quase R$ 3 milhões.

As duas empresas envolvidas são a Amilton Lemos Engenharia de Obras, de Tubarão, e a Cooperativa de Caminhões de Capivari de Baixo (Coopertranscap). São mais de 30 caminhões, 20 equipamentos pesados, cerca de 50 homens.

Conforme o proprietário da empresa de Tubarão, Amilton Lemos, o consórcio possui poucos trabalhadores. Todos são designados para trabalhos menores, como montagem de taludes, por exemplo. O restante das obras é inteiramente terceirizada desde 2005.
“Estamos sem ver a cor do dinheiro há seis meses. A situação é insustentável. Além disso, não nos atendem e quando o fazem prometem mundos e fundos, mas não cumprem. Devem para Deus e o mundo”, dispara Amilton Lemos.

A situação não é diferente para os 21 associados da cooperativa. “Temos pais de família sem dinheiro nem para comprar a comida. O consórcio recebe as medições (feitas pelo Departamento Nacional de Infraetrutura em Transportes – Dnit), mas não nos pagam”, completa o presidente da Coopertranscap, Nereu Américo.

A resposta do consórcio

Gestores do consórcio Blokos/Emparsanco/Araguaia, responsável pelas obras no lote 25 da duplicação da BR-101, alegam que não fizeram o pagamento ainda por conta da greve dos bancos, deflagrada no país na semana passada.
Garantem que tudo será normalizado assim que a paralisação terminar. Porém, não disseram quanto da dívida irão quitar.

As obras no lote 25

Extensão: 29,9 quilômetros entre o acesso sul a Itapirubá, em Laguna, e Capivari de Baixo.
Pistas duplicadas: 9,5 quilômetros (31,77%).
Obras de arte especiais: Das oito obras previstas, apenas três estão prontas, todas em Laguna: passagens inferiores às comunidades de Nova Moradia, Estreito e praia do Sol. As outras seguem inacabadas: passagens inferiores às comunidades de Santiago (80%), Estiva (70%), Km 319,65 (45%), Vila Flor (10%) e a ponte sobre o Rio Capivari (5%). Os percentuais correspondem ao avanço dos trabalhos.

“Não sei mais o que fazer”

A Cooperativa de Caminhões de Capivari de Baixo (Coopertranscap) já chegou a trabalhar com 45 caminhões no lote de obras 25 na duplicação da BR-101. Hoje, não chega a 30. Muitos dos proprietários precisaram desfazer-se de seus veículos para garantir comida na mesa. Outros, fazem bicos para garantir, pelo menos, o dinheiro das prestações.

É o caso do trabalhador Itamar Nascimento (foto), morador de Capivari de Baixo. Ele é um dos 21 sócios da cooperativa e dono de um dos caminhões que atua no trecho desde 2006. Itamar adquiriu o veículo especialmente para atuar na duplicação da BR-101.

Este ano, teve que refinanciar a dívida contraída para pagar o caminhão e arrumar um sócio para dividir as despesas. Caso contrário, teria que entregar o veículo para o banco. “Meu irmão ajudou a assumir esta dívida. Sempre atrasaram o pagamento, mas nunca como este ano. Tenho esposa, três filhos. Não posso ficar seis meses sem receber”, desabafa.