Escola estadual: Professores protestam contra exonerações

Amanda Menger
Tubarão

Os cerca de 120 professores do Centro de Educação Profissional (Cedup) Diomício Freitas, de Tubarão, estão descontentes com a exoneração do diretor da instituição, João Batista Souza, e da assessora Rosiani Cunha de Souza. Os dois foram afastados dos cargos na segunda-feira à noite, por telefone.

A notícia pegou os professores e alunos de surpresa. “O que se comenta na escola e na cidade é que há motivos políticos. Seria uma retaliação ao vereador Maurício da Silva (PMDB), que foi candidato a vice-presidente da Cooperativa de Eletrificação Rural Anita Garibaldi (Cergal). Maurício indicou João para a direção da escola. Já Rosiani foi indicação do ex-secretário de desenvolvimento regional em Tubarão, Ademir Matos (PMDB)”, afirma um funcionário.

Os professores convidaram a gerente regional de educação Tereza Cristina Meneghel, o secretário de desenvolvimento regional em Tubarão, Jairo Cascaes (DEM), o presidente do diretório municipal do PMDB, Túlio Zumblick, e os deputados Edinho Bez (federal – PMDB) e Genésio Goulart (estadual – PMDB). Nenhum deles compareceu ao encontro. “Isso é um absurdo. Eles disseram que viriam para dar uma justificativa e ninguém apareceu. Problemas partidários respingam na educação. Eles não foram exonerados por questões profissionais e sim de politicagem”, reclama uma professora.

A nova diretora ainda não foi nomeada, mas já foi indicada. É a professora Elisabete Freitas Marghetti Nunes, a tia Bete. Ela foi candidata a vereadora no ano passado pelo PMDB e é cunhada do deputado Genésio. “Não pedi a cabeça de ninguém. Quando me ligaram, ele já tinha sido exonerado. Ao menos, já sou do quadro de professores do Cedup. Também não concordo com a maneira que a coisa foi feita. Mas eu não pedi para tirar ninguém”, garante Bete.
Os professores formaram uma comissão com a participação de alunos. Eles procurarão a gerência de educação e a SDR, ainda esta semana, para exigir uma justificativa, além da volta dos diretores.

PMDB nega questões políticas

Entre os motivos que teriam levado à exoneração dos diretores do Centro de Educação Profissional (Cedup) Diomício Freitas, de Tubarão, está a eleição da Cooperativa de Eletrificação Rural Anita Garibaldi (Cergal). O diretor, João Batista de Souza, foi indicado ao cargo pelo vereador Maurício da Silva (PMDB), que, por sua vez, concorreu à vice-presidência da cooperativa, na chapa 2, encabeçada pelo também vereador João Fernandes (PSDB).

O deputado Genésio Goulart (PMDB) disputou e foi reeleito presidente da cooperativa e, ao solicitar o afastamento de João, estaria, indiretamente, retaliando a postura de Maurício (de concorrer contra ele). O presidente do diretório municipal do PMDB, em Tubarão, Túlio Zumblick, rebate as insinuações. ”Não tem nada a ver. Eleição da Cergal é uma coisa, PMDB é outra. Os vereadores do partido são associados da cooperativa e tem direito de ser candidatos se quiserem, assim como Genésio, que também foi candidato”, garante Túlio.

Segundo o presidente, o pedido de exoneração partiu da secretaria estadual de educação. “A solicitação veio de Florianópolis e a executiva do partido só colocou em votação. Foi coincidência a exoneração ter saído um dia após a eleição da Cergal”, assegura Túlio.
Em contato com a gerência de educação, uma funcionária disse que a gerente, Tereza Cristina Meneghel, estava em reunião durante toda a tarde de ontem e não poderia atender a imprensa. Além disso, recomendou que a reportagem procurasse o presidente do PMDB em Tubarão, porque o pedido de exoneração teria partido dele.

Lista
As exonerações podem não parar por aí. Há boatos de que mais três diretores de escolas estaduais estariam a prêmio. Entre eles, Geraldo de Sousa Carvalho, do Ceja, Fabíola Cechinel, do Henrique Fontes e Vera de Quadros Soares Reis, do Gallotti. “Não há lista nenhuma. Posso garantir que nenhum outro pedido de afastamento foi analisado pela executiva do partido”, assegura Túlio.

“Isso é vingança”, avalia Maurício

Para o vereador Maurício da Silva (PMDB) não restam dúvidas sobre a exoneração do diretor do Centro de Educação Profissional (Cedup) Diomício Freitas, de Tubarão, João Batista Souza, e a assessora Rosiani Cunha de Souza. “Foi uma odiosa vingança do deputado Genésio Goulart contra mim. Ele não se conforma pelo fato de eu e os demais vereadores do PMDB (Ivo Stapazzol, Evandro Almeida e Geraldo Pereira, o Jarrão) termos apoiado João Fernandes (PSDB) na eleição da Cooperativa de Eletrificação Rural Anita Garibaldi (Cergal)”, garante Maurício.

O vereador rechaça a declaração do presidente do diretório municipal do PMDB, Túlio Zumblick, de que o pedido de exoneração teria partido da secretaria estadual de educação. “Isso é mentira! É o mesmo argumento que eles usaram quando tiraram Maria de Lourdes Bittencourt da gerência regional de educação. Eles não têm coragem de admitir que é um pedido do Genésio. Eles querem me atingir e usam outras pessoas”, dispara Maurício. O vereador também critica a forma como a exoneração ocorreu. “Não chamaram eles (diretor e assessora) na gerência para conversar, foi por telefone. Disseram que eles não precisavam ir trabalhar no dia seguinte. Bem se vê qual a visão que eles têm da educação, por isso as coisas estão deste jeito”, alfineta Maurício.

Genésio Goulart garantiu a permanência
do diretor e da assessora da escola

Os rumores de que o diretor do Centro de Educação Profissional (Cedup) Diomício Freitas, de Tubarão, João Batista Souza, e a assessora Rosiani Cunha de Souza seriam exonerados é antigo. No início de fevereiro, o deputado estadual Genésio Goulart (PMDB) participou de uma reunião na escola.
“Ele (Genésio) deu garantias de que os dois ficariam no cargo. Genésio nos disse no dia 5 de fevereiro que a exoneração deles tinha sido assinada, mas que ele conseguiria que fosse revogada. Tanto que o diretor e a assessora começaram o ano letivo normalmente. Nós até fizemos um ofício (que está no mural da escola) agradecendo a atitude dele. Aí, agora eles são dispensados por telefone? É uma falta de consideração com os profissionais”, protesta um professor.

Os cargos de diretor das escolas estaduais são indicados por políticos e membros do governo. Os nomes devem ser ‘abonados’ por integrantes dos partidos e submetidos à apreciação em reuniões das executivas das siglas. Só depois deste procedimento, a gerência de educação prepara uma portaria com a nomeação. Para as exonerações, o procedimento é semelhante.
O deputado Genésio foi convidado para participar de uma reunião com os professores, ontem à noite, no Cedup. Porém, não compareceu ao encontro. Procurado também pelo Notisul, o telefone celular do parlamentar estava desligado.