Educação estadual: Ameaça de nova greve

Zahyra Mattar
Tubarão

O fim deste ano letivo poderá ser de novo embate entre professores e governo do estado. A categoria fará a última assembleia geral na quarta-feira da próxima semana, em Florianópolis, e poderá votar por paralisar as atividades neste fim de bimestre ou no início do próximo ano letivo, em fevereiro.

Tudo dependerá de como o governo vai encarar a pauta de reivindicações da classe. O principal ponto de discussão é quanto à implantação do ensino de nove anos. O novo sistema foi instituído pelo Ministério da Educação (MEC) 2005 e adotado por Santa Catarina no ano seguinte.

O problema, reclamam os professores, é que o antigo modelo não foi levado adiante. O resultado será um excesso de alunos em 2011. E o pior, não há vagas para todos. Para os professores, o reflexo é que muitos perderão benefícios adquiridos, como a regência de classe, por exemplo, e horas-aula.

O resultado, assinala a coordenadora estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte), Alvete Pasin Bedin, é a diminuição dos salários, que já não são lá grandes coisas.

“Em 2006, todos as crianças com 6 e 7 anos foram colocadas na primeira série do ensino fundamental. No próximo ano, será necessário duas quintas séries. Uma para os alunos de 6 anos, que ingressaram pelo novo modelo, e outra para os de 7, que eram do anterior, de 8 anos”, explica Alvete.

O Sinte quer a manutenção das quintas e da sextas séries em ambos os modelos para garantir vagas a todos os alunos. O piso nacional do professor, ainda não implantado em muitos municípios, também integrará a pauta.

Pauta da assembleia
• Implicações do ensino de 9 anos em 2011.
• Piso nacional dos professores.
• Excessos de alunos na sala de aula no próximo ano letivo.

O encontro será às 14 horas, no Clube 12, em Florianópolis.

Anulação do Enem é pedida

A Defensoria Pública da União (DPU) recomendará ao Ministério da Educação (MEC) a anulação das provas aplicadas sábado, primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Se até a quarta-feira da próxima semana o governo não acatar o pedido e definir uma nova data para reaplicar o teste, o órgão ajuizará uma ação civil pública contra a pasta.

As provas aplicadas a 3,3 milhões de candidatos apresentaram erros que podem prejudicar os estudantes. Vinte e um mil cadernos de prova amarelos tinham erro de montagem e não continham todas as 90 questões aplicadas. Não se sabe ainda quantos candidatos foram prejudicados.

Contudo, o ministro da educação, Fernando Haddad, descartou ontem a necessidade de anular as provas do Enem. Para ele, o número de candidatos prejudicados não justificaria reaplicar o teste. Ontem, a justiça federal no Ceará recomendou a anulação da prova por considerar que os alunos que vão refazer a prova não terão respeitadas as condições de isonomia de um concurso.

Caso haja obrigação judicial em realizar o exame, a aplicação da segunda prova não atrasaria, garante o ministro, a divulgação dos resultados do exame (previsto para a primeira quinzena de janeiro). Além disso, os custos seriam arcados pela própria gráfica, que ontem admitiu o erro na impressão dos cadernos amarelos e poderá pagar uma multa pelo erro, conforme prevê o contrato.