Chuvas em Santa Catarina: Cronograma da BR-101 será revisto

Zahyra Mattar
Tubarão

No começo deste ano, o sul catarinense brindava a conclusão de 80% da duplicação da BR-101 no sul do estado até o fim do próximo ano. Para 2010, data final das obras, os trechos mais complexos, como o banhado do cubículo e o túnel no Morro do Formigão, em Tubarão, a ponte de Cabeçudas, em Laguna, e outros locais pontuais no extremo sul catarinense seriam finalizados. Com isso, toda a extensão de 248,5 quilômetros previstos para serem duplicados no estado estaria totalmente pronta.
O cronograma de obras da BR-101 sul será totalmente revisado a partir de hoje. A medida, anunciada pelo Dnit, não é apenas uma consequência das últimas ocorrências registradas pelas chuvas em Santa Catarina, mas justamente por não ter parado de chover desde julho.

Mesmo com a quantidade anormal de chuva registrada desde o meio do ano, o cronograma manteve-se inalterado até novembro porque as obras que não podiam ser avançadas – terraplanagem e asfaltamento, por exemplo – eram compensadas por aqueles que era possíveis continuar (concretagem).
Dos 80% prometidos, em outubro, foram baixados para 70% das obras. “Em outubro, tivemos 28 dias de chuva. O mês tem 30 dias. Não houve tempo nem mesmo para o solo secar para os trabalhos serem retomados, quem dirá para haver avanço. Estes índices representam três vezes mais do previsto para o mês inteiro”, lamenta o responsável pela comunicação do Dnit em Santa Catarina, Breno Maestri.

Entre a segunda quinzena de julho e outubro, foram 90 dias de chuva. Ainda, a quantidade de água que caiu entre agosto e outubro não proporcionou, em várias regiões, mais de 60 horas de sol seguidamente. Entre agosto e setembro, por exemplo, o índice pluviométrico foi duas vezes superior ao previsto para o ano inteiro. Com isso, o processo construtivo da rodovia foi totalmente afetado e será alterado.

Hoje, técnicos do Dnit irão percorrer a extensão sul da BR-101 para analisar o estado da rodovia, verificar quais os trechos necessitam com maior urgência de uma ação de tapa-buracos e ainda fazer uma espécie de levantamento real do que será possível terminar dentro do cronograma antigo. “Trabalhamos agora com a meta de 60%. E nem mesmo sei se será possível chegar a isso”, diz Breno, preocupado.

BR-101 está liberada em Palhoça

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) liberaram o trânsito na BR-101 no quilômetro 235, no Morro dos Cavalos, em Palhoça, às 19h40min de ontem. A rodovia estava fechada desde o último domingo, quando uma barreira caiu sobre a pista durante as chuvas que castigam o estado. Além de muito barro, uma pedra de duas mil toneladas rolou sobre a pista.
Na quinta-feira, uma das pistas foi liberada parcialmente pelo Dnit.

Mas a quantidade grande de caminhões parados no acostamento nos dois sentidos da rodovia (mais de mil caminhoneiros, com fila de mais de 25 quilômetros nos dois sentidos) fez com que a medida não surtisse o resultado esperado. Durante a madrugada de ontem, a chuva voltou e o trecho teve que ser interditado novamente por precaução.

Desesperados, os profissionais fizeram um manifesto ontem à tarde, no quilômetro 216 – entroncamento da BR-101 com a BR-282. O trecho ficou totalmente interditado pelos caminhões em protesto ao fechamento da mesma rodovia no Morro dos Cavalos. Ainda que de forma pacífica, o protesto refletiu ainda mais demora na liberação da BR-101, em Palhoça: os caminhões que transportam asfalto para finalizar o conserto no Morro dos Cavalos ficaram presos no bloqueio.

No local do bloqueio, o superintendente do Dnit, João José dos Santos, e representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) negociaram com os caminhoneiros para a liberação da pista. Eles explicaram que o Morro dos Cavalos só seria liberado quando houvesse segurança total. Algo que durante o fim de semana não existia. Os profissionais acataram o pedido e liberaram a passagem. A orientação da PRF é pegar a estrada apenas em caso de urgência pelos próximos dez dias. A situação das rodovias ainda é crítica no norte do estado.