Células-tronco embrionárias : Quando é, afinal, o início da vida? Religiões divergem

Amanda Menger
Tubarão

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votam hoje uma ação de inconstitucionalidade do artigo 5º da Lei de Biossegurança (11.105/2005). Este artigo prevê que as pesquisas com células-tronco embrionárias podem ser realizadas com embriões inviáveis e/ou congelados há mais de três anos da data de publicação da lei e com consentimento dos genitores.

A decisão é aguardada com expectativa por muita gente – alguns favoráveis e outros contra. No primeiro caso encaixa-se a tubaronense Ana Lúcia Zabot. Ela é mãe de Guilherme Luiz, que completará 4 anos sábado. O menino é portador de atrofia muscular espinhal tipo 3 (AME-3), a forma mais branda. A doença é rara e a pesquisa com células-tronco embrionárias pode trazer a cura.

“É como se faltasse uma vitamina no corpo, o que causa uma fraqueza muscular, neste caso nas pernas. Meu filho é normal, mas tem limitações, principalmente para andar, não consegue correr, e se cansa rápido”, relata Ana Lúcia.
A AME tem origem genética e é de difícil diagnóstico. “Algumas pessoas confundem com atraso motor. Levei meu filho a 20 médicos até que, com ajuda do neurologista Fernando Fonseca, de Tubarão, conseguimos o diagnóstico. O tratamento é feito no Rio de Janeiro”, conta.

A neuropediatra Alexandra Prufer cuida de Guilherme há mais de um ano. Ela é uma das pesquisadoras das células-tronco embrionárias na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em uma entrevista concedida ao Fantástico, da TV Globo, Alexandra garantiu que em um período de cinco a dez anos a cura para atrofia muscular espinhal pode ser conseguida com a pesquisa de células-tronco embrionárias. De acordo com o neurologista Fernando Fonseca, as pesquisas nesta área são as mais avançadas.

“No mundo, temos duas linhas de pesquisas: com células-tronco e com alterações genéticas, porém, a primeira é mais adiantada, com bons resultados, tanto em animais quanto em seres humanos”, explica.
Ana tem certeza que os ministros votarão pela constitucionalidade da lei. “Tenho fé em Deus e confio nas pesquisas. Pode ser a cura não apenas desta doença, mas de outras como o diabetes, Alzheimer”, destaca.