Caso Campeiro: Alexandre Tavares estava fora do país

Amanda Menger
Tubarão

A apresentação espontânea do ex-administrador da Campeiro Produtos Alimentícios, Alexandre Augusto Pereira Tavares, à justiça federal em Florianópolis, segunda-feira, levantou uma série de questionamentos. Um deles é por que só agora Alexandre resolveu aparecer e por que, mesmo com todas as denúncias, ele ainda não se manifestou. O advogado do ex-administrador, Guilherme Cristofolini Rocha, confirmou ontem ao Notisul que o seu cliente esteve fora do país.
“Ele saiu de forma legal, por São Paulo. Viajou para os Estados Unidos, onde moram os familiares de sua esposa. Não tenho a data do embarque, mas a volta ocorreu no dia 1º. Ele foi resolver assuntos estritamente familiares”, afirma Guilherme. Alexandre tem dupla cidadania, Brasil/Estados Unidos, já que a sua esposa é americana.

O advogado deve apresentar até o dia 21 a defesa prévia. “Estamos discutindo qual será a linha de defesa. Não conversamos muito sobre as acusações que foram feitas. Posso dizer que é um direito dele não se pronunciar. Ele pode decidir falar apenas em juízo”, explica Guilherme.
A defesa prévia será analisada pelo juiz da 1ª Vara Criminal Federal, Sebastião Ogê Muniz. “Ele poderá absolver Alexandre ou então marcar a audiência de instrução. Como as testemunhas arroladas pelo Ministério Público Federal (MPF) são de Tubarão, é provável que ele tenha que enviar cartas precatórias para que o juiz federal de Tubarão intime e ouça estas testemunhas. Esse é um processo longo, será demorado”, avalia o advogado.

A denúncia
• O ex-administrador da Campeiro Produtos Alimentícios, Alexandre Augusto Pereira Tavares, é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de praticar crime de estelionato em empréstimos com o governo federal (EGFs) no valor de R$ 20 milhões.
• Na denúncia, o procurador da república Celso Três afirma que, em 2007 e 2008, Alexandre firmou contratos de empréstimos, fazendo incidir garantias sobre idênticos grãos e alienando outros. Além dos EGFs, outras operações bancárias, igualmente lastreadas em dinheiro público da União, tiveram garantia defraudada.
• Alexandre também é acusado de lesar os sócios da Campeiro, fraudar instituições financeiras, os créditos dos produtores, suprimir emprego dos trabalhadores e praticar agiotagem por meio de ‘caixa dois’.