Arroz Campeiro: Ex-proprietário não recebeu pela venda

Amanda Menger
Tubarão

A dívida total da Arroz Campeiro ainda é levantada pelo novo administrador. A estimativa é de que a empresa tenha algo em torno de R$ 40 milhões em dívidas, aproximadamente R$ 10 milhões aos produtores de arroz e o restante a bancos. O ex-proprietário da empresa, o empresário Max Nunes, garante que vendeu a Campeiro em boa situação financeira.

“A Campeiro, há três anos, tinha uma dívida de R$ 7 milhões, isso porque o preço do arroz, nossa matéria-prima, tinha caído 46% naquele ano. Mas essa era uma dívida fácil de ser resolvida, bastava trabalhar. Esse não era o problema”, explica Max. Segundo ele, a decisão de vender a empresa teve outra origem. “Vendemos a Campeiro para utilizar o dinheiro para saldar dívidas da Caeté, esta sim, tinha problemas. Mas o recurso da venda da Campeiro serviria para pagar todas as dívidas. E foi o que fizemos”, afirma Max.

O empresário conta que todos os 230 funcionários da Caeté tiveram os seus direitos pagos em dia. “Só ficou uma dívida ainda a ser paga, com o Badesc, no valor de R$ 2,8 milhões. Mas até agora não conseguimos saldá-la. Isso porque não recebemos todo o dinheiro da venda da Campeiro”, revela.

O ex-administrador da Campeiro, Alexandre Augusto Pereira Tavares, foi apresentado a Max pela filha de um sócio de seu pai, Argemiro. “Ele é acionista minoritário do grupo Monte Sinai, que é americano. Só ficamos sabendo deste americano, Gary Kennedy, tempos depois”, relata Max.

Empresário pediu bloqueio
de conta há um ano

A Arroz Campeiro foi vendida pelo grupo A. Nunes ao Monte Sinai por R$ 8,2 milhões. Destes, R$ 3 milhões eram para Antônio Cordeiro (um dos sócios da Campeiro) e os outros R$ 5,2 milhões para Max Nunes. “Decidimos no contrato que se tivesse alguma contenda jurídica o valor devido seria depositado por Alexandre Augusto Pereira Tavares, representante do grupo americano e administrador da empresa, em juízo. Porém, ele não cumpriu com isso”, revela Max.

O empresário afirma que tem ainda para receber algo em torno de R$ 2,8 milhões. “O dinheiro que contava para pagar a dívida da Caeté com o Badesc. Porém, isso virou um assunto de justiça”, relata Max.
Logo depois que os valores deixaram de ser pagos, o ex-administrador Alexandre ofereceu a empresa a Max. “Nós tínhamos interesse em reassumir o negócio. Mas exigimos ver os balancetes. Quando funcionários nossos viram que a dívida em um ano tinha passado de R$ 7 milhões para R$ 20 milhões, levamos um susto”, conta o empresário.

Depois de verificar os números, a justiça foi acionada. “Pedimos que a conta onde estava sendo depositado o dinheiro que serviria para pagar as parcelas que ainda estavam pendentes fosse bloqueado. Contudo, o juiz Luiz Fernando Boller, de Tubarão, negou, alegando que a empresa estava em boa situação financeira. Recorremos. Há três semanas, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina determinou o bloqueio da conta, porém, o saldo era de R$ 813,00”, lamenta Max.
De acordo com o empresário, não há responsabilidade do grupo A. Nunes com os 130 funcionários da Campeiro. “Nosso encargo com eles acabou no momento em que nós vendemos a empresa”, garante Max.