Agressor de criança gravado em vídeo é preso

Cenas fortes: criança observa o pai agredindo o enteado a pauladas  - Foto:Kalil de Oliveira/Divulgação/Notisul
Cenas fortes: criança observa o pai agredindo o enteado a pauladas - Foto:Kalil de Oliveira/Divulgação/Notisul

Tubarão

As imagens de dez pauladas e um esganamento em um vídeo de 50 segundos chocaram até mesmo a polícia, ontem, em Tubarão. A denúncia anônimima chegou na tarde de ontem no e-mail da titular da Delegacia da Criança, do
Adolescente, e de Proteção à Mulher e ao Idoso (Dpcami), Vivian Garcia Selig, que em menos de uma hora localizou o suspeito, um comerciante de 40 anos, natural de Porto Alegre, e residente no bairro São João, na Cidade Azul.

O homem não tem a identidade revelada por proibição da legislação, uma vez que pode levar à identificação da criança, que tinha cerca de 3 anos no momento que as imagens foram captadas. Segundo as investigações, a gravação ocorreu há cerca de seis meses em Imbituba. A criança que aparece deitada de bruços, aos gritos, tenta se desvencilhar, mas é contida pelo agressor. Trata-se de um enteado do comerciante. O pequeno é observado pelo filho do casal, que já não mora mais junto. 

"O suspeito foi autuado em flagrante por injúria e ameaça. A mulher estava sendo vítima de violência doméstica", explica Vivian, que acompanhou pessoalmente as investigações e efetuou a prisão. 

A delegada informou ainda que tentou colher o depoimento do suspeito, mas o homem preferiu manter-se em silêncio. Falará apenas na presença do advogado, em juízo. Como a gravação das agressões ocorreu em Imbituba, todo o material recolhido deve ser encaminhado para a cidade portuária. O homem aguarda no Presídio Regional Masculino de Tubarão. 
 
Caso semelhante foi tratado como tortura
Em 2011, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) julgou o caso de um padastro que surrou seu enteado. Apesar do homem alegar que a surra foi para "dar-lhe uma correção", os juízes não se  convenceram. Na época, o caso, registrado em vídeo, foi tratado como tortura.

Segundo o setor de comunicação do TJ-SC, o parecer de uma psicóloga também foi levado em consideração, além do depoimento da mãe da criança. 

Por bater na criança com um cinto, inclusive na cabeça, o acusado foi condenado a dois anos e seis meses em regime fechado, ainda que insistisse em dizer que a agressão teria ocorrido apenas uma vez.

Criança está com a mãe e passa bem
Informações extra-oficiais dão conta de que a criança que aparece nas imagens entregues à polícia está aos cuidados da mãe. Segundo testemunhas, trata-se de um menino e passa bem fisicamente, apesar de ser de família humilde e sofrer privações.

Um amigo da vítima contou ao Notisul que a mulher sofria constantes ameaças de morte. "Ela não foi negligente. Apenas agia com medo", argumentou. Até um  boletim de ocorrência teria sido registrado na delegacia de Imbituba. Em contrapartida, com a separação, o homem tirou todos os bens que tinha em seu nome e negou-se a pagar pensão alimentícia.  Eles viveram juntos por cerca de três anos.

"Além de não dar nada para o enteado, esse monstro ainda sugeria favores sexuais em troca de ajuda. São pessoas muito simples e só aceitaram mostrar o vídeo quando  tentaram acionar a justiça pelos diretos da criança".