A partir de segunda, são 2,5 anos

O projeto da transposição sobre o Canal de Laranjeiras foi desenvolvido pelo consórcio Engevix/Iguatemi, com proposta de R$ 2,73 milhões. Imagem: Engevix-Iguatemi/Dnit/Notisul
O projeto da transposição sobre o Canal de Laranjeiras foi desenvolvido pelo consórcio Engevix/Iguatemi, com proposta de R$ 2,73 milhões. Imagem: Engevix-Iguatemi/Dnit/Notisul

Zahyra Mattar
Laguna

Uma das obras mais complexas – e mais belas! – de toda a duplicação da BR-101 sul em Santa Catarina começa a ser realidade no próximo mês. A entrega da ordem de serviço para o consórcio Camargo Corrêa/M.Martins/Construbase era aguardada há pouco mais de um ano.

A obra, integrante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), não apenas tem a rubrica de prioridade junto ao governo federal, como também verba garantida. Serão aplicados R$ 597.190.345,20 na construção da ponte no estilo estaiada sobre o Canal de Laranjeiras, na comunidade de Cabeçuda, em Laguna.

Não ficou um valor menor, com as condicionantes do Tribunal de Contas da União (TCU)? Até ficou, mas o que virtualmente será economizado será dispensado para, por exemplo, a dragagem da Lagoa de Santo Antônio dos Anjos, por onde passarão as balsas que transportarão equipamentos, materiais, trabalhadores.

Mas é caro! Se considerado o fator complexidade e segurança, o projeto é até barato. Do valor total a ser investido, apenas 7% serão para acabamentos estéticos. O restante é para edificar os 2.815 metros de ponte.
Serão pelo menos dois anos e meio de serviços. O que mais chama a atenção é a logística necessária para desenvolver os trabalhos. Somente para a montagem do canteiro de obra, serão necessários cinco meses e o investimento de R$ 50 milhões. O terreno tem 11 hectares e fica às margens da SC-436, com abertura para a lagoa.

O local terá um alojamento para 800 pessoas, estação de tratamento de água e esgoto, área administrativa, refeitório para 1,4 mil pessoas, cozinha, posto de combustíveis, oficina de grande magnitude, usina de concreto e duas grandes pistas para rolamento da produção até um porto, de 200 metros de largura, que será construído na beira da lagoa.

Uma festa e algumas outras cobranças

A presidenta Dilma Rousseff em pessoa entregará o documento aos representantes do consórcio. Todos já estão em Laguna para a próxima segunda-feira, quando ela aterrissa para a cerimônia, às 15 horas, no Porto Pesqueiro.
O ministro dos transportes, Paulo Sérgio Passos, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), general Jorge Ernesto Fraxe, e o superintendente do Dnit em Santa Catarina, João José dos Santos, acompanharão a presidenta.

A presença deles pode significar a confirmação de outras obras inclusas na segunda fase da duplicação, como a perfuração dos túneis nos morros do Formigão, em Tubarão, e dos Cavalos, em Palhoça.
Tem ainda a contratação das empresas que farão a supervisão destas obras, cujo edital de licitação anterior foi revogado no ano passado. Também será entregue a ordem de serviço para a execução do projeto referente às pistas complementares à ponte. Esta parte da obra será feita pela JM Terraplenagens e Construções, de Brasília, vencedora da licitação, com o valor de R$ 58.636.738,70.

Antes da ponte, a dragagem da lagoa

Como toda a obra de edificação da nova transposição do Canal de Laranjeiras será feita pela água, sem o aterramento, como na ponte antiga, os materiais serão levados por balsas até o ponto de construção.
Mas a lâmina d’água é muito rasa, com profundidade média de um metro – em certos pontos, não chega a meio metro. As 30 balsas que levarão os materiais, equipamentos e trabalhadores têm de 35 a 40 metros de comprimento e 12 metros de largura.

Suportam pesos entre 400 toneladas e 600 toneladas. Serão puxadas por rebocadores. O problema é que estes veículos não navegam em águas tão rasas. A solução é fazer uma dragagem de seis quilômetros, com largura de 80 metros a 140 metros. É necessário retirar seis mil metros cúbicos de areia do canal.

A construção da ponte, propriamente dita, somente poderá começar após este serviço. A previsão é que a dragagem seja feita em paralelo com a construção do canteiro de obras. Com isso, será possível iniciar a nova ponte em novembro ou dezembro.