“Tubarão e região ainda não se destacaram”

Genésio Antônio Mendes é o presidente e fundador da GAM e do Farol Shopping de Tubarão. Um homem muito religioso. É casado, pai de três filhos e tem cinco netos. Como ele mesmo relata, é um cidadão comum, que veio de uma família humilde. Teve oportunidade de crescer e se considera mais um no meio da multidão. Nasceu no dia 4 de junho de 1937, em Tubarão. Quando seu pai faleceu, ele tinha apenas 4 anos. Hoje, aos 77, comemora a vida e cada ano bem vivido que passou. O empresário pede sempre a Deus que o dê bastante saúde e experiência para conduzir as empresas junto dos que o assessoram. E, a cada ano, as metas tornam-se diferentes.

Jailson Vieira
Tubarão

 

Notisul – O Farol Shopping existe há oito anos. Que avaliação pode ser feita do antes e do depois?
Genésio – A
ntes, não existia nada naquela região a não ser um terreno que era da antiga Souza Cruz, que adquirimos. Nesses oito anos, o que observamos foi um crescimento muito grande e extraordinário naquela localidade, novos empreendimentos que surgiram e surgem, como vários edifícios e lojas. O shopping em si teve um crescimento fantástico e agradecemos a Deus por isso. E, nesse fato, ainda há a vinda de mais lojas, tanto âncoras quanto as de pequeno porte. No próximo mês, a Loja Havan irá para uma área de cinco mil metros. Será inaugurarada uma megaloja. E ainda estamos com um contrato bem adiantado com a Riachuello que, no início do próximo ano, virá para Tubarão. Inauguramos há pouco tempo mais dois empreendimentos na praça de alimentação, um de camarão e outro de frango. E um novo restaurante provavelmente abrirá nos próximos dias, que é o Palazzo e tantas outros em andamento.

Notisul – O que o shopping significa para os seus visitantes?
Genésio –
O shopping virou um ponto turístico e grande atrativo, pois tem área de lazer, entretenimento, compras, gastronomia, cinemas com uma sala em 3D. Enfim, a região entendeu e começou a frequentar bastante, até porque antes não tinha essa opção, exceto algumas pessoas que se deslocavam para Florianópolis e outras cidades, e conseguimos fazer esse empreendimento para que essas pessoas ficassem por aqui, uma vez que ali existem 130 espaços de diferentes teores, lojas masculinas, femininas, de joias, farmácias, quiosques e tantas outras. E, neste domingo, o bispo Dom João Francisco Salm rezará uma missa em ação de graças, na qual virou tradição. Também será inaugurada a decoração de natal. Todos estão convidados.

Notisul – Há algum projeto de expansão nos seus empreendimentos?
Genésio –
O shopping está sempre inovando, como ocorre agora com a Havan que irá para uma área onde era um supermercado. A loja será inaugurada provavelmente no próximo dia 22, e a Riachuello se instalará onde hoje funciona a Havan. Tudo isso é a expansão. Trouxemos o MCDonalds, salas de cinemas em 3D. Posso dizer que, de uma forma ou de outra, o empreendimento está em crescimento.

Notisul – Com a sua visão de empreendedor, o que falta para a Amurel ter um maior destaque?
Genésio –
Acredito que Tubarão e região ainda não se destacaram e tenho falado isso na Associação Empresarial (Acit). Há  falta de infraestrutura. Hoje, se quisermos sair pelo rio, não há uma canoa, se formos pela BR-101 para Florianópolis, não sabemos a hora que chegaremos. Já saímos com o pensamento de qual local ficaremos engarrafados, em Laguna, no Morro dos Cavalos ou ainda na via expressa, na capital. O nosso aeroporto, graças a Deus, foi  firmado um contrato com uma empresa aérea e acredito que estará em operação em janeiro. Não houve um maior desenvolvimento por causa dessa falta de infraestrutura.

Notisul – E essas mudanças realmente ocorrerão?
Genésio –
Brigávamos pelo porto de Imbituba e já está em atividade há dois anos, a BR-101 deverá ficar pronta no próximo, pelo menos a ponte e o túnel. E o aeroporto começa a funcionar. Acho que essa infraestrutura suprirá a necessidade que existe de novas indústrias, novos empregos para a nossa região na indústria, comércio e prestação de serviços. E, para ocorrer isso, a infraestrutura de transportes terá que melhorar. Senti essa necessidade quando começamos a construir o shopping e os grandes empresários e representantes tinham dificuldades de vir conversar comigo. Eles vinham para Florianópolis e demoravam duas, três ou mais horas para chegar aqui. Para eles é dificultoso. E quando surgiu o aeroporto ficou melhor. Criciúma tem um, mas se ocorre uma neblina fica difícil porque não aterrissa. Porém, se essas melhorias virarem realidade, até o próximo ano Tubarão e região terão uma outra conotação.

Notisul – Os três grandes polos são Tubarão, Criciúma e Araranguá. Por que Criciúma cresceu mais do que Tubarão, por exemplo? 
Genésio –
Estamos no caminho certo. Criciúma também sofreu como as outras cidades. Mas, para quem tem o aeroporto, até fica fácil. Mesmo assim há problemas lá, como citei. Já com o nosso, que é no nível do mar, essa dificuldade não ocorrerá, pois com um ventinho, a neblina desaparece. Temos alguns lugares atípicos como Criciúma e Curitiba. Essas cidades com esses fatores de meteorologia esperam de três a quatro horas para o sol esquentar e baixar. Já em Tubarão, Jaguaruna, Recife e Rio de Janeiro, a neblina em uma hora desaparece e os aviões começam a decolar. Utilizei a pista de Jaguaruna com um jatinho particular de um amigo e o piloto relatou que das pistas menores essa é a melhor que existe. Isso fará a diferença. Nenhuma cidade se desenvolve se não tiver acesso. Ouvimos em todos os cantos essa palavra, se não existir acesso não temos desenvolvimento.

Notisul – O senhor acredita que somente em nossa região ou país existem esses problemas?
Genésio –
Estive o mês passado em Nova Iorque e, para ter uma ideia, em uma cidade próxima, em uma via de três pistas de 100 quilômetros, os carros trafegavam lentamente porque estavam congestionadas. Não há mais fábricas de automóveis e sim montadoras. Então, esse aglomerado de carros fabricado mundialmente dá nisso mesmo. Não são somente as pequenas cidades que sofrem, mas as grandes também. São Paulo é um caos, o Rio de Janeiro e Porto Alegre também. No Canadá, há sete anos, peguei 48 quilômetros para ir de Montreal a Toronto. A BR-101 não deveria ser duplicada, mas triplicada. Daqui a dois ou três anos estará tudo engarrafado. Mas, a partir do próximo, tudo será melhor. Falei para o ex-governador Luiz Henrique da Silveira que chegaríamos a uma época em que a região sul seria a bola da vez. Se analisarmos, as áreas pobres do estado ficam no sul e em Lages, como comentei para o governador Raimundo Colombo. Precisamos olhar para elas, contudo a nossa já desponta. Já na serrana, eles precisam melhorar as estradas e fazer o aeroporto de Corrêa Pinto funcionar. Em Chapecó, eles foram atrás e hoje é a maior do oeste. A região mais forte é o Vale do Itajaí, mas agora a bola da vez será a nossa região.

Notisul – E por que o senhor acha que o sul será a bola da vez? Talvez por que o nosso vice-governador Eduardo Pinho Moreira é do sul?
Genésio –
Não, até tem as suas influências, mas, como a infraestrutura melhorou, o acesso fica fácil. Daqui a sete meses, com a inauguração da ponte, estaremos em 20 minutos em Laguna; com a melhoria no Morro dos Cavalos, em uma hora e meia chegaremos em Florianópolis. Hoje, compensa mais ir para Porto Alegre para pegar um avião que na nossa capital. Não temos uma previsão de que horas chegaremos à Ilha. Esses dias, precisei ir a São Paulo e fiquei quase três horas em um engarrafamento próximo ao Shopping Catarina, em São José. Levei quatro horas e meia de Florianópolis a Tubarão, foi o maior engarrafamento da minha vida. As pessoas que falam que o nosso aeroporto terá pouco movimento se engana, porque não é somente os daqui que viajarão, mas os de fora é que chegarão aqui. Teremos, sim, um bom desenvolvimento.

Notisul – E com toda essa visão ampla, o senhor nunca quis entrar para a política?
Genésio –
Não. Admiro os políticos, mas a política não está no meu sangue. Nunca quis me meter nessa área. Penso que, para ser político, a pessoa tem que se profissionalizar, porque mexerá em muitas áreas. Costumo dizer, até comentei com o Olavio Falchetti quando ele era candidato, que a prefeitura, o estado e a federação são as maiores empresas que existem e, por isso, têm que ter pessoas capacitadas. O prefeito deve ter encontros semanais com os seus secretários. Quando chove, é buraco para tudo quanto é lado, e essas melhorias não devem esperar. Teve buraco, no mesmo dia ou no dia seguinte ele deve ser tapado. E quando abrem para colocar canos e não fecham direito, passamos de carro e ficamos iguais a cabritos pulando, porque não fizeram o serviço bem feito. Enquanto não terminar um lado, não pode iniciar outro. Não é difícil administrar, o problema é selecionar as pessoas certas. E quando elas estão contigo basta saber o que você quer para executar o trabalho de forma correta. Todas as áreas temos que ter planejamento e metas. Até o fim do mandato, eu teria que executar elas, mas nessas metas eu teria que especificar o que faria em cada ano. O servidor público é empregado do povo e tem que trabalhar muito para corresponder. Infelizmente, muitos não têm essa visão. As pessoas empolgam o peito por ser vereador, prefeito, governador, deputado e esquecem que o compromisso é de fazer o melhor para o povo.

Notisul- Há algum político que o senhor admira?
Genésio –
Admiro o Carlos Sttüpp, assim como o Olavio. Em cidade pequena, somos amigos de todos. Porém, na gestão do Stüpp, se somarmos em todos os mandatos dos demais prefeitos da cidade, ninguém fez mais asfalto que ele. A ponte do Morrotes ele arrumou. É aquela história, ele não foi completo, teve seus defeitos, mas todos nós temos os nossos. Mas temos que elogiar os méritos. O prefeito de Laguna tenho que bater palmas para esse cara. Ele disse que até o fim do mandato iria arrumar a entrada que vai para o Tourist, e parece que até o fim deste ano um lado estará pronto. São pessoas comprometidas que devemos elogiar e acreditar. Tomara que Olavio, nesses dois anos que faltam, possa nos deixar um bom legado. Porque se quiser continuar terá que dar uma boa mexida. Todos têm que fazer a diferença.

Genésio por Genésio
Deus
– É mais que tudo
Família – Tudo
Trabalho – É a realização
Passado – Aprender a administrar
Presente – É maravilhoso
Futuro – Só Deus dirá

"Admiro os políticos, mas a política não está no meu sangue. Nunca quis me meter nessa área. Penso que para ser um deles, a pessoa tem que se profissionalizar".