“Temos que voltar a essa rotina de formação de atletas”

Advogado e gremista, Caio César Tokarski milita na política desde a época dos movimentos estudantis. Foi assessor da câmara de vereadores de Tubarão, chefe de gabinete do ex-deputado Genésio Goulart, secretário de administração e chefe de gabinete do prefeito de São José. Em 2008, foi candidato a vereador em Tubarão. Fez 1.850 votos e ficou com a primeira suplência. Assumiu a cadeira no legislativo em março do ano passado, após a cassação do mandato de Maurício da Silva. Pouco depois, recebeu o convite para assumir a secretaria de cultura e esporte. Membro fundador do PSD, saiu este ano do PMDB.

 

Thiago Oliveira
Tubarão

 
Notisul – A Fundação Municipal de Cultura e Esporte substituiu a secretaria de cultura e esporte. Qual é a diferença das duas?
Tokarski – A fundação é um ente independente, com personalidade jurídica própria. Tem poucos meses de vida, nasceu em abril deste ano, então a gente está em um processo de metamorfose, de encerrar um ciclo de vinculação direta com a administração municipal, para um ciclo com certa independência de gestão. Estamos nos estruturando e vendo como esse processo vai acontecer para, a partir do ano que vem, fazer um trabalho mais forte de captação de recursos, e dar ao empresário que nos ajuda uma contrapartida fiscal. Como prefeitura, isso era impossível, não era permitido que uma empresa fizesse doação, e como fundação isso é permitido em uma parceria.
 
Notisul – Para você, existe pouco incentivo ao esporte, como a falta de locais para a prática?
Tokarski – Para desenvolver um esporte, é preciso pessoas e um local. Temos matéria-prima, temos pessoas que têm interesse, mas não temos os locais. 
 
Notisul – E os ginásios daqui?
Tokarski – Temos o Ginásio Otto Feuerschuette, que estamos em vias de fato de conseguir um financiamento de reestruturação daquilo tudo. Um projeto que envolve uma quadra oficial com dimensões de 20 por 40, uma sede da fundação junto com o ginásio, uma pista de caminhada no entorno. No Ginásio Paulo Jacob, nós fizemos um investimento de R$ 50 mil. Não é um ginásio novo, mas tem completas condições de uso. O Salgadão nós reassumimos. Precisamos nos aperfeiçoar nos esportes coletivos, porque nos individuais nós estamos muito bem. O coletivo que é a modalidade que tem inserção social, que chega na zona de risco, tira o menino do perigo da droga, coloca em uma escolinha de futsal, de basquete, de vôlei.
 
Notisul – Por que os esportes individuais estão tendo um desempenho tão superior em comparação com os coletivos?
Tokarski – Porque os coletivos não têm infraestrutura. O karatê tem uma casa com dois tatames montados todo o tempo. Na natação, temos dois clubes e mais a academia Vital dando a sustentação. Quando não tem onde treinar, a coisa não acontece. Precisamos da estruturação do local físico e a partir daí criar uma cadeia de escolinhas. E buscar um resultado no rendimento dentro dessas nossas possibilidades.
 
Notisul – Então, é viável montar equipes competitivas no esporte coletivo?
Tokarski – É viável, dentro de uma ótica que nós temos limitações. Não temos a tradição de buscar resultados no alto rendimento, temos tradição de ser fonte de matéria-prima, de atletas. Criciúma está levando um karateca nosso porque está pagando. Não posso impedir um rapaz que não ganha nada de disputar uma competição por outra cidade quando oferecem R$ 15 mil. A nossa filosofia não é essa. É formar, e deixamos de fazer isso. Temos que voltar a essa rotina de formação, não estamos só formando atletas, estamos formando cidadãos, caráter, personalidade, que é o mais relevante para mim.
 
Notisul – Como você analisa o esporte tubaronense comparado com a região?
Tokarski – Nós não estamos no nível de excelência que a cidade merece, mas estamos caminhando para retomada da nossa hegemonia regional, o que é importante. Antes da minha geração, os esportes iam para os joguinhos abertos e classificavam em todas as modalidades e hoje isso falhou. Essa estrutura faliu. Temos que nos impor nos jogos. Em uns dois, três anos, precisamos retomar a hegemonia regional. Quero fazer bons atletas, bons cidadãos. 
 
Notisul – Quais são os destaques no esporte tubaronense? 
Tokarski – Natação e karatê em nível de resultado. Em termos de consistência de trabalho, o handebol.
 
Notisul – Qual é o seu papel dentro do time de futsal da Unisul?
Tokarski – Além de apoiador, eu sou um interlocutor entre as partes que constituem esse projeto, que são a prefeitura, a universidade e as empresas patrocinadoras. Em um momento de dificuldade da universidade no ano passado, nós tivemos a petulância e a ousadia de apresentar uma solução para esse projeto, que foi trazer a associação comercial para fazer parte de tripé. 
 
Notisul – O time está em decadência?
Tokarski – Não, o que está acontecendo é que a distância entre os grandes clubes está ficando cada vez maior. Quem são os finalistas da liga desse ano? São os times que gastam três, quatro vezes mais que nós. Temos que ter consciência que temos um time que, bem organizado, briga pelo meio da tabela. Não temos como brigar com a Krona, de Joinville, que investe R$ 9 milhões e vai investir mais. O torcedor quer o resultado, quer ser campeão, mas o projeto tem que ser de referência, que coloque o nome de Tubarão fora da cidade. Colocamos o nome de Tubarão na Sportv depois de dois anos. Um jogo, mas imagina quanto custaria isso se fôssemos pagar. 
 
Notisul – Mudando de assunto, o que você tem a falar sobre o pedido de cassação que sofreu do PMDB? 
Tokarski – É uma coisa que me irritou. Quando eu estava lá, não era bem-vindo. Não teve uma solução pacífica, e sim uma retaliação. Assinei a ata de fundação do PSD, sou fundador nacional, não só de Tubarão. E, mesmo que não aconteça, está claro na resolução do TSE que as pessoas estão livres para formar um novo partido, que isto não constitui infidelidade partidária. Mas já é passado. O PMDB é maior do que isso. Não é porque eu saí que eu vou desmerecer essa grande sigla. Mas tem pessoas lá dentro que já estão na hora de pegar o bonezinho e ir embora.
 
Notisul – E a casa nova?
Tokarski – Está um espetáculo. Uma harmonia gigante. Uma nominata muito grande de vereadores. Vamos fazer uma grande votação, ter candidato a prefeito. É o reencontro de Tubarão com o governo do estado.
 
Caio por Caio
Deus: O grande arquiteto do universo. 
Família: A base de tudo. 
Trabalho: É o que nos move a continuar vivendo.
Passado: A referência de onde errar e onde acertar.
Presente: O desafio de cada dia.
Futuro: A grande incógnita. A gente planeja e espera que aconteça.
 
"O futsal traz muitos investimentos de fora para Tubarão. Dizem que investimos muito no futsal, mas não é verdade. Futsal se paga. Com recursos de empresas que não viriam para cá. Se pegarmos de Florianópolis para baixo, qual modalidade representa Santa Catarina em nível nacional, com exceção do Criciúma, que está na segunda divisão? É só o time da Unisul. Temos um projeto com 500 crianças e adolescentes. A Ferrovia Tereza Cristina só investe se dermos a contrapartida com o projeto social. É um ganha-ganha".