“Temos que colocar a ‘cara’ no poste!”

Tatiana Dornelles
Tubarão

Notisul – Para os outros candidatos, já entrevistados, o Notisul pediu que fizessem uma avaliação da coligação. No seu caso, sai em chapa pura. Como você encara isso?
Olávio
– Para mim, é uma questão de ordem sair com chapa pura. Por que só neste momento os partidos se unem? É fácil eleger um prefeito, mas é difícil, depois, governar. Governar cargos, ambições, egoísmos, qualquer tipo de interesses. Respeito todos os partidos, mas, para que haja uma administração livre de qualquer tipo de pressão, impus ao partido ser chapa pura. Depois, se eu e o Paulo Henrique Lúcio (vice) vencermos, convocaremos as entidades constituídas, amigos, empresários, partidos políticos, todos que querem ver o bem de Tubarão, e me coligarei com todos. E outra coisa importante, pelo qual não me coliguei: o pouco que entendo é de engenharia. Falta-me sabedoria na área da saúde, educação, agricultura, e assim sucessivamente. Terei que escolher, para o secretariado, pessoas competentes para ajudar no governo. Não admito partidos políticos ou políticos querendo fazer politicagem e acerto de entrega de cargo.

Notisul – Quais projetos estão englobados em seu programa de governo?
Olávio
– Vários. Para a educação, principalmente nas áreas de risco, as crianças que estudam meio período, no outro, ficam à mercê da própria sorte e, às vezes, são usadas para o tráfico de drogas, influenciações das mais danosas. Pretendemos que haja um outro período, extra-curricular, para que a criança tenha condições de fazer atividades voltadas ao esporte, cultura… Na área social, pretendemos também fazer com que sejam inseridos os Cras (Centros de Referência da Assistência Social). Não adianta os assistentes sociais ficarem no centro da cidade. Temos que arrumar um local nos bairros, para que eles fiquem na comunidade, resolvendo problema de habitação, de drogas, maus tratos. Na infra-estrutura, no que se refere à drenagem, pavimentação, pretendo ter uma frota ou equipamentos rodoviários, para ter estradas prontas, conservadas e rapidamente recuperadas. Na saúde, as prioridades são a valorização do profissional, ter um ou dois pronto-socorros 24 horas para aliviar os hospitais, e valorizar sempre o cidadão. Nosso carro-chefe é valorizar, principalmente, os servidores da prefeitura. Usar o máximo de profissionais da prefeitura, porque temos pessoas com dignidade, capacidade. Vem governo, vai governo, e tiram e botam uma porção de gente.

Notisul – Em sua visão, qual a maior necessidade de Tubarão hoje?
Olávio
– Tudo tem suas necessidades. Temos um trânsito caótico. É muito difícil se não fizer, realmente, o anel viário. Não se faz um meio anel, tem que se fazer o anel viário para que seja aliviado o trânsito. E também fazer uma ciclovia. Temos que voltar ao tempo da bicicleta. Mas é preciso dar condições, para aqueles que andam de bicicleta, para que não sofram nenhum tipo de perigo. Essa ciclovia é a grande menina dos olhos. Entretanto, é um projeto complexo, que precisa ser estudado. Tudo o que falo não é promessa. A única coisa que prometo é muito trabalho e transparência.

Notisul – O atual prefeito, Carlos Stüpp (PSDB), sempre definiu como prioridade investimentos na saúde, educação e assistência social. A sua avaliação é diferente?
Olávio
– (Prioridade) corretíssima. A gente tem que deixar o homem feliz. Deixando o homem feliz, construindo esse edifício social que é o homem, tudo é mais fácil para que a gente dirija com mais tranqüilidade o poder público, a prefeitura.

Notisul – O município está para receber uma ‘bolada’ em dinheiro referente ao pagamento do ISS dos bancos, com as operações de leasing. Estes recursos deverão estar disponíveis em sua maioria a partir da próxima administração. Onde você investiria estes recursos?
Olávio
– Em tudo. Tudo tem que ser levado em consideração, chamando a comunidade para fazer um orçamento participativo, elencar as prioridades e começar a fazer o que realmente cada bairro precisa. É bem-vindo esse dinheiro, mas faremos com que seja aplicado em todos os setores, sem esquecer de nada. Se o setor existe, é porque precisa. E se precisa, temos que fazer com que a máquina não fique emperrada. E também aplicar no pagamento dos impostos, se houver necessidade, para acertar as negativas.

Notisul – O senhor concorda com a municipalização da água?
Olávio
– Concordo. A municipalização da água já foi feita. Ficou muito tempo na Casan, que não fez um centímetro de esgoto, e concordo com a municipalização, sim.

Notisul – Uma das maiores reivindicações dos tubaronenses é uma solução definitiva para o problema que é o rio Tubarão. O senhor já pensou em algo a respeito?
Olávio
– Uma das primeiras atitudes da revitalização do rio Tubarão seria implantar o sistema de esgoto. Mas isso não parte só de Tubarão, porque o rio pertence à humanidade. E quem se serve do rio e polui? Vai desde a nascente até o mar. Então, tem que haver uma grande discussão com outros prefeitos. Todos têm que ajudar a salvar o rio Tubarão. Fazer a limpeza das margens do rio, tratando, fazendo com que as pessoas vejam a beleza do rio.

Notisul – E possível fazer uma avaliação positiva da atual administração?
Olávio
– Sim, porque todos que entram querem fazer o melhor. E às vezes, nessa de querer fazer, as pessoas pecam. Vejo na administração do Carlos Stüpp, como positivas, as obras que estão ocorrendo. Mas negativamente vejo: por que só neste ano? Sinto que podem ser obras eleitoreiras. Mas ele terá que ficar até o dia 31 de dezembro e tem que fazer o que está fazendo mesmo. Dou os meus parabéns para ele. Só que eu faria diferente. Preciso me alimentar todos os dias. Você não se alimenta todos os dias? É disso que precisamos. O povo tubaronense, a nossa cidade, precisa ser alimentada diariamente.

Notisul – Com base nas últimas administrações municipais, o que você destaca como positivo e como negativo? Existe algo que poderia ser ‘copiado’ por você?
Olávio
– Todas as coisas boas serão copiadas, porque ninguém inventa nada. A gente também copia e, se for bom, copiaremos as coisas boas dos governos anteriores. Com a implementação do orçamento participativo, carro-chefe do PT, faremos algo diferenciado para a nossa cidade.
Notisul – A atual administração já chegou a ter 221 cargos comissionados. Depois da reforma administrativa, baixou para cerca de 100. Como o senhor pretende lidar com esta questão?
Olávio – A gente colocará o suficiente para que a máquina não emperre. Usarei o máximo dos servidores públicos da nossa cidade. Se estão ali para trabalhar, vamos usá-los. Tem muita gente boa, inteligente, digna, que merece nossa confiança e apoio. O mínimo, e será pouco, será nos secretariados, pessoas de confiança, mas pegarei também dentro da própria administração pública.

Notisul – A retirada dos trilhos da avenida Marcolino Martins Cabral deve ficar para a próxima administração. O senhor dará continuidade a esta obra?
Olávio
– É fundamental. Se está no projeto a retirada dos trilhos, para se colocar onde realmente deve ser construída, a nossa cidade ficará ainda mais bela.

Notisul – Se o senhor não for eleito, que rumos seguirá profissionalmente? Continuará na política?
Olávio
– Sou engenheiro civil, sou gerente da Pavimentadora e Construtora Falchetti, gerente da Falchetti Construção Civil, onde presto serviço terceirizado para a Caixa Econômica Federal. Tenho minha vida particular, vida de trabalho. Continuarei trabalhando, como sempre fiz. Politicamente, sempre ajudarei o meu partido e todos aqueles que precisam das minhas idéias, das inovações, porque amo Tubarão. Acima do PT, há uma ideologia. Acima da ideologia, há minha vontade de querer ver Tubarão para frente. Tenho meu compromisso, muito forte: ter a coragem moral de fazer a coisa certa. Agora, temos que colocar a cara no poste!