“Sozinho, ninguém sai vitorioso de uma eleição”

Joares Ponticelli define-se como um homem sonhador, alguém dedicado à causa da vida pública há mais de 30 anos. Tudo isso porque o exercício do magistério é uma das formas dessa dedicação. Nas últimas duas décadas, exerceu o cargo de vereador por dois anos e deputado estadual por 16. Ponticelli relata que sempre colocou os interesses da coletividade em primeiro plano e fez disso a sua bandeira na luta pelo crescimento e desenvolvimento da região. Ele expõe que nunca permitiu que os mandatos mudassem o seu comportamento e atitudes, e considera-se uma pessoa extremamente simples e humilde. O seu objetivo é usar toda a experiência que acumulou em seus quatro mandatos como deputado em favor dos catarinenses.

 

Jailson Vieira
Tubarão

Notisul – Como está a relação do PP com o PSDB no cenário tubaronense?
Joares –
Há uma grande possibilidade de construção de um projeto comum, não somente com o PP e o PSDB, mas também com a participação do PSD, o PDT, PPS e do próprio PMDB, se entender que possa fazer parte. O partido está determinado a participar e ajudar nessa construção, mas também com uma determinação muito forte de apresentar um candidato na cabeça de chapa.

Notisul – Como o senhor avalia a perda de representatividade da Amurel?
Joares –
Já havia dito quando me elegi pela última vez que aquele seria ao meu último mandato de deputado estadual. Falei isso durante toda a minha campanha e que nessa pretendia participar de outro projeto, e assim o fiz. Naturalmente que ver reduzida a nossa representação de Tubarão e região preocupa, porém, temos a permanência do deputado Zé Nei (PSD), que é um bom parlamentar. Outros parlamentares que se elegeram pelo sul do estado têm o compromisso com Tubarão e com a nossa região de um modo geral. Tivemos a felicidade de uma boa eleição do deputado Jorge Boeira (PP) com expressiva votação na região, que nos permitirá trabalhar por Tubarão e região. Além disso, continuarei na atividade pública, sem mandato, mas continuarei como se em mandato tivesse, no trabalho por Tubarão e as demais cidades da região.

Notisul – Deka May já é cotado para ser candidato a prefeito de Tubarão em 2016. Mas o seu nome também é cogitado…
Joares –
Deka é um candidato natural à prefeitura de Tubarão, não há nenhuma dúvida disso. Ele fez uma votação que o credenciou, portanto, tem todas as condições de ser o candidato. Mas é preciso que seja feita essa construção interna e com as composições. Ele é um pré-candidato muito forte que o partido dispõe.  Outros nomes já foram colocados à disposição, como o do ex-vereador Dionísio Bressan. O meu é um nome à disposição. E entendo que essa construção deve ser feita já no início do próximo ano. Paralelo a isso, temos que abrir o diálogo com os demais partidos. Para vencer a eleição, temos que apresentar um projeto viável, vamos precisar construir a unidade interna, fazer com que o partido se una em torno de um candidato, e ele terá que ter habilidade para poder buscar os demais parceiros com os diversos partidos, porque sozinho ninguém sai vitorioso de uma eleição.

Notisul – O prefeito de Criciúma, Márcio Búrigo, não apoiou a sua candidatura a vice-governador na chapa de Paulo Bauer (PSDB) e de Aécio Neves (PSDB) a presidente no primeiro turno. O que mudou para que ele tenha se manifestado a favor no segundo turno?
Joares –
No caso de Criciúma, houve uma questão local de disputa política entre o atual prefeito e o ex-gestor. É compreensível que essa disputa local mantenha os dois grupos afastados, por isso, compreendemos as posições tanto no primeiro quanto no segundo turno.

Notisul – Com relação à escolha presidencial, como avalia o resultado? 
Joares –
Fiquei bastante satisfeito com o resultado para o candidato Aécio Neves no segundo turno em Tubarão e em Santa Catarina, onde praticamente tivemos quase os mesmo percentuais, 64% em Tubarão e 65% no estado. Aécio teve aqui o seu melhor desempenho e estou convencido que ele apresentava o melhor projeto para o Brasil. Porém, como vivemos em uma democracia, o resultado eleitoral tem que ser respeitado. E o que resta agora é que a presidenta Dilma possa cumprir com as suas promessas de campanha. Entre eles, controlar a inflação, retomar o crescimento do Brasil, reduzir e eliminar a corrupção da máquina pública, porque nos escandaliza a cada dia mais, não somente na Petrobras, mas agora com denúncias no Banco do Brasil, no BNDS e em outros órgãos do governo. É preciso que haja rigor no combate à corrupção, que se tornou endêmica no país. Nunca se praticou tanto como agora. E espero que haja por parte da presidenta e do PT a retomada daquele discurso tão romântico de antes, onde o PT se apresentava como o grande combatente da corrupção e agora tornou-se o principal promotor dela. 

Notisul – Qual o seu futuro a partir de agora, já que não foi eleito a nenhum cargo público?
Joares –
Continuarei a militar na vida pública, tanto na função diretiva do partido, como em atuação em debates da causa pública. Até o fim do ano, quando fizermos a prestação de contas, iremos apresentar uma estrutura que estamos elaborando para continuar em participação ativa da vida pública, na construção de políticas públicas e reivindicação em favor dos pleitos de Tubarão e região.

Notisul – Quais os pontos positivos e negativos destas eleições?
Joares –
Muito aprendizado. Foi uma campanha muito interessante, porque aprendemos muito mais na derrota que na vitória. Tive a oportunidade de disputar cinco eleições proporcionais e uma majoritária, venci cinco e perdi essa última. Conheci mais o estado, mais pessoas, vi o quanto uma campanha para o governo é diferente de uma para deputado. Cresci muito com isso.

Notisul – Estava tudo certo para PSD, PMDB e PP se coligarem na eleição para o governo do estado. O que realmente ocorreu? O ex-governador Luiz Henrique da Silveira foi o verdadeiro opositor?
Joares –
Acredito que não. O que faltou foi o governador Raimundo Colombo cumprir com a palavra que ele empenhou e com o papel que assinou. Estávamos há três anos e meio trabalhando para que isso ocorresse, fizemos a nossa parte, mas faltou o governador cumprir a sua. Porém, é pagina virada e não guardo mágoas nem rancores, porque política se faz ao olhar para frente, e foi uma oportunidade de aprendizado e essa experiência serviu para que no futuro possamos participar de um projeto com muito mais possibilidades de acertos que de erros.

Notisul – Por que a Amurel desenvolve-se menos que Criciúma, por exemplo?
Joares –
Porque lá tem o vice-governador. Tivemos a oportunidade de eleger um e não aproveitamos. A última vez que Tubarão conseguiu eleger um foi há 58 anos, quando Heriberto Hulse foi eleito vice-governador de Jorge Lacerda. Depois da morte do então governador Jorge Lacerda, em 16 de junho de 1958, o tubaronense Heriberto Hulse virou governador. Foi o tempo em que Tubarão e região mais cresceram. E dessa vez, se tivéssemos vencido, poderíamos aproveitar e voltar àquele tempo. Mas o que nos resta é respeitar o resultado das urnas e cobrarmos mais investimentos para a nossa região, e que sejam executados com mais rapidez, não tão lentos como os atuais.

Joares por Joares
Deus –
Bússola e inspiração.
Família – Refúgio e motivação.
Trabalho – Doação e dedicação.
Passado – Experiência.
Presente – Aprendizado.
Futuro – Esperança.

"A maioria das obras anunciadas ao longo desses 12 anos do governo do PT não foi concluída. A BR-101 está nessa novela que nunca termina".