“Sou rabugento mesmo!”

O prefeito de Capivari de Baixo, Luiz Carlos Brunel Alves, é sempre calmíssimo no jeito de falar. Engraçado, quando menos se espera ele conta uma piada, um causo, relembra um fato. Para dar entrevista, então… nem olha para o relógio. Como ele mesmo confessa: “Adoro a vida pública”. Com quase 60 anos e 12 campanhas políticas nas costas, ele revela um pouco das metas para este ano e avisa: “Até março, quero ir em festa de inauguração”. E vai ser assim, porque o que tem de obra pronta ou nos finalmentes, como se diz no popular, não é brincadeira. Para este ano, há muito por vir. “Saímos de um orçamento de R$ 33 milhões em 2010 para uma estimativa de R$ 39 milhões para este ano. Todo prefeito quer mais, mas já é uma alta significativa e que fará a diferença no atendimento à população”, enaltece o prefeito. Brunel só é um pouquinho resistente para falar do futuro. Para isso, empresta o ditado: “Como dizem os antigos, o futuro a Deus pertence”.

 

Zahyra Mattar
Capivari de Baixo
 
Notisul – Contaram que agora o apelido do senhor não é mais ‘prefeito do asfalto’, e sim ‘prefeito da casa própria’.
Brunel – (Risos). Foi é!? Que bom. Sou um privilegiado. Na minha administração passada, construí mais de 200 unidades residenciais. Hoje, nestes dois primeiros anos, estamos com várias obras neste setor: tem a vila no Três de Maio, construção de casas isoladas. Até agora já são 97 unidades residenciais. Até março, tem outras 48 para serem entregues no bairro Três de Maio. Além disso, tenho um projeto para construir um condomínio popular para entregar aos servidores públicos municipais. Muitos não têm um teto próprio.
 
Notisul – Depois dessa, não posso esquecer de perguntar do asfalto e das obras…
Brunel – Ah, se você não perguntasse eu mesmo falava (risos). Fizemos asfalto na comunidade do loteamento Camila. As ruas ali em torno do colégio Otto Feuerschuette serão recuperadas nos próximos meses. O mesmo será feito na rua principal do bairro Caçador. Também vamos recuperar o asfalto entre a ponte da divisa com Tubarão, no bairro Santo André, até a prefeitura. Nesta mesma obra, quero incluir a construção da ciclovia da ponte até no centro da cidade. Quero fazer isso até março. Vai ficar bonito e seguro.
 
Notisul – Mas e as obras que terminaram, quando inauguram? Tem o ginásio, a rodoviária… Por falar nisso, o senhor adora terminar obra inacabada né?
Brunel – Gosto porque fica mais barato (risos). Mas também tive obras que iniciei e não consegui terminar no meu mandato. É o caso do ginásio e da rodoviária. Azar de quem não fez porque podia ficar com a plaquinha lá (risos). No próximo mês, a rodoviária abre as portas e o Ginásio Ruan Manoel dos Santos. Tem também a ala pediátrica, que será entregue antes de março. A praça da Bandeira vai levar um pouco mais de tempo. Vai ficar um espetáculo. Acho que inauguro no dia 30 de março, aniversário da cidade. E tudo com um show do Daniel. Ah, mas tem outra novidade: vamos ter um cemitério novo.
 
Notisul – Jura? Onde vai ser?
Brunel – No mesmo lugar. Quem sabe até março alguém queira ir lá morar (risos). Agora dei uma de Odorico Paraguaçu: só na espera do morto para inaugurar o cemitério. Parece engraçado, mas é triste para a família. O ente querido deixa esta vida e não tem um lugarzinho para o sono eterno. Eu mesmo tive que pedir emprestado um túmulo para enterrar minha mãe, sabia? Ela e papai estão separados porque não tinha onde colocar os dois juntos. Tito (ex-vereador Odilon de Souza) que ofereceu a tumba da família dele. Que horror, né? E isso é com um monte de famílias que os seus entes queridos moram de favor na tumba dos outros. A gente fala, fica engraçado, mas é triste!
 
Notisul – Prefeito, esquecemos das escolas.
Brunel – Reformamos as creches Pequeno Polegar e Maria Madalena e a parte do ensino infantil do Dom Anselmo. Este ano, vou atacar na parte do ensino fundamental da escola. Além disso, tem a creche que construímos na comunidade do Barreiros. É verba do governo federal: R$ 1,5 milhão. E tenho orgulho de dizer que é tudo dinheirinho do povo do meu Capivari. Tenho poucas obras feitas com verba estadual e federal. Nem gosto muito porque a gente faz a obra, o dinheiro não chega e você fica com outro apelido: ‘prefeito mão de vaca’.
 
Notisul – Para este ano, o que está engatilhado?
Brunel – No Santo André, vamos investir em um novo posto de saúde e um Centro e Educação Infantil. Quero que todas as comunidades de Capivari tenham Cei’s e postos de saúde. Hoje, temos oito escolinhas e nove postos. E implantamos também o projeto Saúde do Homem. Este ano, vamos adquirir um ônibus consultório para atender a homarada. O homem não precisa ir, o ônibus vai até o homem. Sabe como é: homem não vai no médico.
 
Notisul – O senhor não vai?
Brunel – Vou quando a dona Áurea me carrega pelo braço. Se eu tiver que ir sozinho… hum… só se estiver à beira da morte e olhe lá. Por isso que investimentos no programa Saúde do Homem. E sabe que tem uma procura enorme? Não de homens, mas das esposas. Elas marcam e levam o marido. O atendimento é feito à noite, para ninguém dizer que não tem tempo por causa do trabalho. Mas homem é assim. Ano passado, fomos fazer exame de sangue nos servidores por conta do programa Saúde do Trabalhador. Chegamos com salgadinho e tudo. Metade correu. Ô raça esquisita. Tiro por mim.
 
Notisul – O senhor também não vai tirar sangue?
Brunel – Sozinho não. A Áurea  me leva. Tiro assim (estende o braço para um lado e vira a cabeça para o outro). Tirar sangue é a mesma coisa. Homem corre mesmo. É a mesma coisa o exame retal.
 
Notisul – (Gargalhadas) Voltando ao assunto: então na saúde uma das prioridades é o projeto Saúde do Homem?
Brunel – É. Mostrei um ônibus que tinha lá, mas a médica disse que estava muito derrubado. Aí vou comprar um novo. Dentro tem consultório, lugar para duas macas e dez assentos. Se precisar ir fazer exame em outra cidade, fica mais fácil.
 
Notisul – O mutirão da limpeza é algo constante em Capivari. Esta tarefa continua este ano?
Brunel – Ai deles (dos servidores) se pararem. É a primeira coisa que vejo. Se vou em uma creche, o primeiro lugar que vou é na despensa e na cozinha. E ainda xingo se tem coisa suja ou fora do lugar. Detesto sujeira.