Somos exemplo para outras cidades

Zahyra Mattar
Tubarão

Notisul – O decreto assinado em Tubarão foi realmente a medida mais correta? Já surtiu efeito?
Roger Augusto
– Sem dúvida alguma, foi o mais correto. Tomamos a medida no momento certo, com base em dados epidemiológicos e com o acompanhamento de profissionais especialistas na área. Também consultamos a Vigilância Epidemiológica da secretaria estadual da saúde para tomar a decisão. Após a avaliação dos dados iniciais, percebemos uma redução da cadeia de transmissão da doença, o que nos deixa no momento mais tranquilos em relação à evolução da epidemia de gripe A em Tubarão. Os efeitos serão sentidos, com certeza, nas próximas semanas.

Notisul – Quais os aspectos avaliados para tomar a decisão?
Roger Augusto
– A decisão foi necessária, principalmente em decorrência do grande número de casos suspeitos atendidos pelos serviços de saúde do município. Também foi levado em conta o risco de um grande número de pessoas infectadas superlotarem os serviços hospitalares da região. Se isto ocorresse, se tornaria mais difícil controlar a situação. Nosso objetivo era principalmente manter as pessoas afastadas dos casos de gripe, para desta forma reduzir o número de casos graves que possivelmente necessitariam de tratamento hospitalar.

Notisul – Pelo tamanho da cidade, Tubarão é considerada uma das “piores” do estado em relação à contaminação pela nova gripe. Isto é verdade?
Roger Augusto
– Essa foi uma afirmação da equipe da secretaria estadual de saúde. No momento, a situação é muito mais favorável e temos percebido o surgimento de casos em outras cidades, enquanto Tubarão parece estar em uma fase de melhor controle da doença. Não há, em hipótese alguma, motivo para considerarmos Tubarão um centro de maior risco de gripe ou transmissor da influenza A. Todas as medidas necessárias até o momento foram tomadas dentro da realidade dos casos suspeitos e seguindo padrões técnicos para tratamento de uma epidemia deste tipo.

Notisul – Os números previstos inicialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de que 25% da população terão a doença e 0,4% morrerão, podem vir a se concretizar?
Roger Augusto
– No momento, não acredito nesta hipótese, mas a situação expira cuidado e atenção de todas as pessoas para as medidas preventivas. As pessoas ainda devem evitar sair de casa ou frequentar locais com grande movimento nos próximos dias e reforçar a higiene pessoal, principalmente com a lavagem frequente das mãos.

Notisul – Foi dito que Santa Catarina não chegou ao pico de contaminação ainda. Hoje, são mais de 320 casos suspeitos, somente em Tubarão. Se a previsão estiver correta, quantos mais poderão surgir?
Roger Augusto
– Na verdade, qualquer estimativa é muito subjetiva. Nossa atenção deve estar voltada, principalmente, para o tratamento precoce dos doentes e para medidas de prevenção que são as que realmente fazem diferença.

Notisul – Há certo receio quanto à capacidade do sistema público de saúde estar preparado para atender os casos suspeitos de nova gripe. Também há quem diga que o município demorou a tomar providência, daí o grande número de casos suspeitos. A cidade está preparada? Houve esta demora?
Roger Augusto
– Além de estarmos preparados, tenho certeza que servimos de exemplo para outras cidades. Todos os nossos profissionais estão capacitados para atendimento dos casos suspeitos e os critérios de atendimento e tratamento adotados em Tubarão seguem além dos protocolos oferecidos pela secretaria estadual da saúde e Ministério da Saúde. Adotamos padrões internacionais de ação em momentos como este.

Notisul – O número de atendimentos caiu no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), mas aumentou no centro de triagem. Paralelamente, a quantidade de casos suspeitos registrados por dia continua a mesma. Como avalia estes dados?
Roger Augusto
– Na verdade, o número de pacientes atendidos continua alto, mas a maioria deles não se enquadra nos critérios para o diagnóstico de síndrome gripal. Desde a assinatura do decreto, a nossa preocupação sempre foi facilitar o fluxo de atendimento das pessoas e garantir a qualidade do serviço, bem como, manter a capacidade de resposta do hospital aos casos complicados ou graves.

Notisul – Qual é o fator determinante para saber que o vírus já está sob controle? Quando isso poderá ser observado?
Roger Augusto
– O que irá determinar o controle da doença é a redução significativa de números de novos casos. A avaliação destes dados demanda certo tempo e o controle epidemiológico da doença não só em Tubarão, mas em todo o mundo.

Notisul – Por que há pessoas que ainda tratam a gripe A como gripe suína? Qual a relação do termo com os fatos?
Roger Augusto
– Todos os tipos de vírus influenza podem sofrer mutações em contato com vírus existentes principalmente em suínos ou aves. O termo foi uma escolha relacionada às mutações iniciais detectadas no início da pandemia. E, não há nenhuma relação entre, por exemplo, o consumo de carne suína e a doença.

Notisul – Quando a cidade voltará à normalidade? A previsão é realmente a próxima terça-feira?
Roger Augusto
– Só saberemos isso na terça, quando um novo relatório sobre a situação da gripe A em Tubarão será divulgado. E a previsão do retorno a normalidade é para as próximas semanas.