“Se precisasse, faria novamente”

Amanda Menger
Tubarão

Notisul – Você já tinha tentado fazer uma outra cirurgia? Por que desistiu?
Jarrão
– Na primeira vez, eu marquei a cirurgia, mas na hora minha pressão subiu e não pude fazer. Isso foi em 2006. No ano passado, eu escutei no rádio que em Tubarão seria possível fazer a cirurgia, no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC). Interessei-me e aí pensei: é agora que eu vou! Participei da reunião, senti firmeza no pessoal e em um mês fiz a cirurgia, com o médico Ricardo Reis.

Notisul – Desta vez, não subiu a pressão?
Jarrão
– Não. Eu apertei a mão do médico e disse: ‘estou na tua mão e nas mãos de Deus. Mais na de Deus, depois nas tuas’. (Risos). Fiz a cirurgia em abril de 2008.

Notisul – E você pesava quanto na época? E hoje?
Jarrão
– Pesava 150 e hoje tenho 110 quilos.

Notisul – É difícil fazer política e continuar magro?
Jarrão
– Quem está na política come bastante (risos). Você passa por um bar, come uma coisinha, tem uma reunião, come mais um pouco. Sempre tem um salgadinho.

Notisul – Foi fazendo política que você engordou?
Jarrão
– Exatamente (risos). Em 1996, quando comecei a fazer política, pesava 110 quilos. Dali para cá foi só engordando.

Notisul – Você foi uma criança gordinha?
Jarrão
– Não. Jogava bastante bola. Era magro. Quando casei, pesava 70 quilos. Depois, as coisas mudaram, deixei de fazer atividade física. Com a política mesmo, parei tudo. Aí comecei a ganhar peso. Sou muito ansioso e sempre tive pressão. Todo ano, era internado umas duas vezes no HNSC por causa da pressão. Tomava 20 comprimidos por dia. Hoje, tomo um só para não perder o costume (risos).

Notisul – E você faz atividades físicas?
Jarrão
– Não. Sou relaxado (risos). Eu estava caminhando, mas vieram as chuvas e parei (risos).

Notisul – O que mudou em sua alimentação?
Jarrão
– Eu como de tudo. Mas pouco. Se fizesse uma academia, uma caminhada intensiva, estava mais magro que Rogério (Teixeira – assessor parlamentar de Jarrão). Falta atividade física.

Notisul – E os horários? Você tem muitos compromissos, consegue comer sempre no mesmo horário?
Jarrão
– Eu tomo café por volta das 7 horas. Aí, saio, vou trabalhar e meio-dia almoço. É que nem operário. Dá a hora eu saio para comer (risos). Pode ser o que for, eu paro e vou comer. No fim da tarde, 18 ou 19 horas, tomo café. Depois, de noite, dou uma beliscada, até porque tem um ou outro evento, mas tudo com moderação.

Notisul – Como foi fazer uma campanha eleitoral com um ‘estômago novo’?
Jarrão
– Foi bom, não passei trabalho. Não tive problemas depois da cirurgia. Tem pessoas que passam mal, vomitam. Eu nunca vomitei. Não fui esganado. Fiz tudo como o médico disse. Nos primeiros 15 dias, a comida era líquida; nos outros 15 dias, pastosa, batida no liquidificador. Quando deu o primeiro mês, comida normal, mas não exagerei. Sou bom aluno (risos).

Notisul – As pessoas que te conhecem sabem que você fez a cirurgia, emagreceu, perguntou como foi, pedem recomendação?
Jarrão
– A minha vida mudou completamente. Até na parte de humor. Eu sempre fui brincalhão, mas as coisas melhoraram. Tenho mais disposição, mais ânimo. Não tenho mais aquele cansaço, aquela preguiça. O meu advogado disse para eu não indicar a cirurgia para outras pessoas, que se der alguma coisa errada com elas posso ser responsabilizado também. Mas digo para quem pergunta que converse com um médico, procure orientação. Toda operação tem risco, mas, se fizer os procedimentos corretos, os riscos diminuem.

Notisul – E qual foi a técnica da cirurgia?
Jarrão
– Fiz por vídeo a redução do estômago e um bye-pass no intestino. É a técnica mais moderna.

E a vida sexual melhorou? (pergunta do assessor de Jarrão, Rogério Teixeira, que acompanhava a entrevista).
Jarrão
– (aos risos) Muito melhor! Antes da cirurgia, uma das integrantes da equipe do médico falou que a vida sexual melhorava depois da redução do estômago. Aí eu, sempre muito bobo, levantei a mão e disse: quero fazer três cirurgias Todos começaram a rir. Agora é sério, se eu tivesse que voltar no tempo e escolher se faria ou não a cirurgia, sem dúvida, faria novamente. E, se desse para fazer ou precisasse fazer de novo, eu faria.

Notisul – Você quer emagrecer mais?
Jarrão
– Seria melhor ainda, mas, com o dia-a-dia que eu tenho, muito corrida, não consigo fazer exercícios físicos, então, é possível que estabilize neste peso. Mas, se quiser, emagreço mais, mas também não tenho muita vontade não (risos).

Notisul – E qual era a meta?
Jarrão
– O médico disse que eu tenho que perder mais. Ele me quer como garoto propaganda (risos). O problema de emagrecer muito é que as coisas começam a cair, fica flácido, a pele começa a sobrar (risos).

Notisul – Aí tem que fazer outra cirurgia… Agora plástica para colocar as coisas no lugar…
Jarrão
– (risos – ele mostra o braço e dá tchau, para mostrar a flacidez) Aí vou ficar muito gato (risos).

Notisul – E as roupas, você comprou tudo novo ou guardou alguma peça para lembrar como era antes da cirurgia?
Jarrão
– Devagar, fui trocando. Em cinco meses, perdi a maior parte do peso. Tinha dia que perdia quatro, cinco quilos. Eu ficava abismado. Porque o obeso retém muito líquido, e depois não.

Notisul – E a disposição para fazer política?
Jarrão
– É a mil por hora.

Notisul – Você acha que pelo fato de ser muito aberto, de estar sempre rindo, querendo ajudar os outros, é mal interpretado pelos outros?
Jarrão
– Tu sabes como é, tem muita gente, na imprensa, que quando quer tirar uma vantagem coloca uma situação ou outra. Eu, graças a Deus, faço política com sinceridade. Meu pai foi vereador três vezes. Aos 7 anos, saía para fazer campanha com ele. Meus amigos eram candidatos e eu os acompanhava, fazia campanha. Aí me indicaram para ser candidato. Porque eu tinha um amigo que foi candidato a deputado federal, e só em uma urna, no Revoredo, fiz 160 votos para ele, e ele nem era daqui, era de Criciúma, Lírio Rosso. Aí, Beto Tournier me lançou na política. Na época, meu pai já tinha falecido. Consegui inclusive superar alguns colegas de partido e estou aqui, graças a Deus, sempre aumentando o número de votos.

Notisul – Você nunca pensou em concorrer a outros cargos? Você já foi prefeito durante dez dias…
Jarrão
– Mas é uma situação diferente. Faziam perguntas do tipo: Jarrão, o que você fará como prefeito? E eu dizia: nada. O que poderia fazer? Eu dizia, quero que os meus amigos me visitem, tomem um café comigo, tirem uma fotografia.
E eu ainda fiz uma obra nestes dez dias. Lá na frente do posto Cardeal, tem uma fuga, quem vem da Passagem para o centro, fui eu quem fiz, em um sábado e domingo (risos).

Notisul – A câmara mirim tem a ver com o fato de você ter acompanhado o seu pai fazendo política quando era menino?
Jarrão
– Não, não. Eu vi o que está funcionando em outras cidades e achei interessante. Viajei para o nordeste e lá tem muitas tendas que vendem artesanato. Aí eu elaborei um projeto para ensinar os artesãos para que eles se aprimorem. É o projeto que será usado lá na rodoviária velha, quando a reforma terminar. Não que eu invente as coisas, já está lá feito, não vejo problemas em copiar e adaptar bons projetos para a nossa realidade.

Notisul – No início deste ano, você foi condenado em um processo por fraude na concessão de benefícios do INSS. Como está este processo?
Jarrão
– Eu recorri. O meu advogado aconselhou que não falasse sobre o assunto enquanto não tiver uma decisão.

Notisul – Este ano, estamos vendo muitas discussões entre a mesa diretora e a bancada governista. É possível o entendimento?
Jarrão
– Tem que separar uma coisa da outra. A cobrança tem que existir. O que é bom para a nossa cidade todos nós vamos votar nos projetos bons. Até agora, não rodou nenhum projeto de relevância para a cidade. Fiz um requerimento sobre a Pedro Zapellini, pedi o projeto, porque o asfalto estava estourando feito biju. Na pista de rolamento, estava formando um valo. Eu pedi, não mandaram. Depois, refizeram tudo. Agora eu peguei pedaços do asfalto e guardei porque quero o projeto, quero saber o quanto foi colocado de asfalto. Estas situações têm que ser questionadas. Mas os requerimentos deste tipo são reprovados. Por que reprovar se não se tem medo de nada?

Notisul – Nos outros governos, vocês faziam estes requerimentos e eles eram respondidos?
Jarrão
– Sim, fazíamos e eram respondidos. Pedíamos informações e vinha a resposta. Parece que depois que ganhamos a eleição da mesa diretora ficaram com uma revolta com João Fernandes (PSDB) e começaram aqueles problemas todos. Mas isso não é um problema do meu partido, é do outro. No PMDB, está tudo certo, somos unidos.

Notisul – E, para as eleições de 2010, você já anunciou que fará campanha para o seu amigo Edson Andrino. As críticas, por fazer campanha para um candidato que não é de Tubarão, lhe preocupam?
Jarrão
– Continuarei fazendo campanha para ele. Ele deve concorrer a deputado estadual. Não sou deste tipo de político que engana os outros. Ele ajudou muito Tubarão antes, quando foi deputado federal. É por isso que eu vou apoiá-lo. Ele é do meu partido e ele é de Santa Catarina.

Notisul – Você não mudaria de ideia nem se Maurício da Silva (PMDB), seu colega de bancada hoje, for o candidato a deputado estadual?
Jarrão
– Não. Ele já sabe que o meu candidato é Edson Andrino. Eu já falei a minha posição, inclusive para o partido. Não escondo isso de ninguém. Os nossos deputados, na eleição de 2008, também tiveram os seus candidatos a vereador, por que eu não posso ter o meu a deputado? Edinho Bez (deputado federal) apoiou Evandro Almeida e Genésio (Goulart – deputado estadual) apoiou Caio Tokarski. Nenhum deles pode falar de mim. Se Andrino for a estadual, é bem provável que eu apoie Edinho para federal.