“Se a solução for entrar contra o ex, o faremos”

Aos quase 34 anos, que serão completados na próxima sexta-feira, Pepê Collaço (PSD) já acumula dez de vida pública. No currículo, estão duas passagens pela câmara de vereadores e uma eleição vencida como vice-prefeito. Quando parlamentar, assumiu a presidência do legislativo. Há duas semanas, após a morte do prefeito Manoel Bertoncini (PSDB), assumiu o comando do município. Pré-candidato do PSD à prefeitura de Tubarão, Pepê Collaço diz que focará sua gestão na economia. Tanto que a primeira atitude quando assumiu a prefeitura foi eliminar 100 cargos comissionados. E ele avisa: virão novos cortes por aí!

 

Angelica Brunatto
Tubarão
 
Notisul – Por que você é candidato a prefeito?
Pepê Collaço – Primeiro, porque desde a infância eu sempre tive uma paixão pela vida pública. Sempre fui um apaixonado, e diante deste gosto, fui, desde pequeno, estudando com as questões da política. Quando fiz a faculdade de direito, sempre voltei meus estudos para a questão pública. As minhas pós-graduações também são voltadas para isto, para fazer algo de mudança, de transformação no ambiente onde vivemos. Meu pai e minha mãe sempre foram muito críticos quanto a isso. Ensinaram que a pessoa não pode ser omissa, que tem sempre que participar efetivamente da sociedade, da comunidade. Isso despertou essa paixão, esse envolvimento, e é por isso que estou aqui que coloquei meu nome à disposição para ser candidato a prefeito. Sempre sonhei com esta oportunidade de participar de uma eleição. Vivo um momento espetacular, de muita felicidade. 
 
Notisul – Nestes próximos meses que você ficará no comando da prefeitura, já colocará algumas das suas ideias em prática?
Pepê Collaço – Este é um mandato “tampão”. Então nestes seis meses o meu foco é continuar as obras importantes, como o Pronto Atendimento 24 horas, a Arena Multiuso. Até porque não há tempo para começar grandes obras. Quero fazer uma gestão para cuidar bem de Tubarão. Vamos deixar a cidade limpa. Nos bairros haverá o “mutirão do capricho”. O serviço, como pintura e limpeza será feito ais fins de semana. Acredito que isto já é uma grande obra para o cidadão. Também é foco enxugar a estrutura. A prefeitura de Tubarão estava muito inchada. Não dá! Como a arrecadação dos municípios fica em Brasília, as cidades estão mais acanhadas para investirem recursos próprios. Então é necessário que os prefeitos tenham a consciência de que as suas gestões devam ser enxutas, com muito pouco gasto, economia total, para que sobre para investimentos. E é isso que tento fazer desde o primeiro dia. Nestas primeiras duas semanas, acredito que a sociedade já vê a minha forma de trabalhar. De 14 secretarias sobraram sete. Isso gerou 100 cargos de confiança a menos. Representa uma economia R$ 300 mil ao mês, no mínimo. Quero economizar com aluguel, telefone e tudo o que puder, para que a cifra seja ainda maior, mais significativa. O gestor que assumir no dia primeiro de janeiro, se não continuar assim, vai ficar com a prefeitura sucateada de novo, sem poder de investimento, sem ter como pagar fornecedores. E isso vai refletir em problemas como os que temos hoje: falta de negativas de débito e de documentações.
 
Notisul – O que você pode fazer com R$ 300 mil ao mês a mais em caixa?
Pepê Collaço – Se calcular isso em um ano dá R$ 3,5 milhões. Em quatro anos são R$ 14 milhões. Dá para fazer muita coisa com isso. Só o fato de ter o dinheiro em caixa já fica tudo mais possível, mais fácil. Especialmente para buscar recursos junto ao estado e a União.
 
Notisul – O corte de pessoal já foi feito. E agora?
Pepê Collaço – Agora vamos enxugar a conta de telefone, os gastos com combustíveis. Nesses seis meses vou mostrar um modelo de gestão eficiente. A população, em sua grande maioria, tem entendido que tenho apenas seis meses, e este é um tempo curto demais para colocar em prática tudo aquilo que penso em termos de obras e transformação para a cidade. Mas se nos derem uma nova chance, com essa economia vamos buscar um bom projeto de transformação, com a reurbanização e pavimentação dos bairros, com um bom e amplo acesso à saúde e à educação. Também quero trabalhar no fomento do empreendedorismo. Tubarão é uma cidade que cresce e desenvolve-se, mas não temos mão-de-obra. Por isso temos que ter um governo que busque e oportunize a qualificação das pessoas, principalmente dos jovens. Não podemos admitir que um jovem que estude aqui tenha que sair da cidade para encontrar emprego. 
 
Notisul – Nestas duas semanas que você está no comando da prefeitura, já pode fazer uma avaliação sobre as finanças do município?
Pepê Collaço – Ainda elaboramos estudos e levantamentos, mas o setor financeiro só terá uma real avaliação da nossa situação daqui a 15 dias. Estou com muito medo disso. Mas estou aqui para encarar. Ninguém aqui vai fugir da raia não! Preocupo-me muito com a apresentação de algumas contas que virão por aí. Essa desorganização não vem deste mandato, mas de outras gestões.
 
Notisul – Também há os problemas com as negativas de débito. Como fazer para acabar com isto?
Pepê Collaço – É inconcebível a cidade ficar sem negativa federal durante sete anos. E este é o nosso  caso. Quantos recursos do governo federal perdemos? A exemplo do Badesc, que seria empregado na construção das pontes do Centro e da Guarda, uma meta do prefeito Manoel Bertoncini. E o recurso ((R$ 15 milhões, no total) está lá, aprovado. Para pegar é só tirar a negativa que no outro dia já pode abrir a licitação destas obras. Vou buscar todas as medidas possíveis e legais para conseguir isso, sem fazer “caça às bruxas”. Já tem um grupo de estudos jurídico que analisa como solucionar esta situação. Algumas pessoas perguntaram se vou entrar com alguma ação contra o ex-prefeito (Carlos Stüpp – PSDB). Se a solução for esta, não há dúvida de que sim. Se a solução é acionar o Dnit na justiça, também vou encarar. Faremos o que for necessário. Quero entregar este documento para o próximo prefeito. Quem assumir vai encontrar a prefeitura enxuta e com todas as documentações em dia.
 
Notisul – Como está a macrodrenagem na margem esquerda do Rio Tubarão?  
Pepê Collaço – Está em andamento e espero que a obra acelere. Isto é algo importantíssimo para a cidade. Com a macrodrenagem terminada, teremos a oportunidade de reurbanizar, repaginar a entrada de Tubarão na avenida Padre Geraldo Spettmann (da rodoviária). Inclusive, uma equipe já trabalho no desenvolvimento de um projeto para este ponto. Ali terá iluminação subterrânea, espaço para ciclovia e pista de caminhada. Em princípio, a entrada principal da cidade será por ali e a saída pela avenida Patrício Lima, que também será reurbanizada. 
 
Notisul – Também há algum projeto ou ideia para o acesso sul?
Pepê Collaço – O acesso sul (pelo bairro Monte Castelo) é o mais fácil! Temos que revitalizar a camada asfáltica e construir o passeio público da rua Sílvio Búrigo. A meta é fazer isso nestes seis meses. Tubarão, hoje, tem cerca de 300 quilômetros de estrada de chão e alguns acessos precários. É preciso começar a atacar isto para melhorar a infraestrutura. 
 
Notisul – A construção da ponte do Centro é essencial para que haja mais uma alternativa para o trânsito. A obra não sai agora. O que será feito? 
Pepê Collaço – A ponte da Guarda é essencial para o turismo e a ponte do Centro é vital para melhorar o fluxo de veículos. O fato da cidade ser cortada por um rio e por uma rodovia federal é um desafio, pois criam-se gargalos. No Centro é necessário não uma, mas duas pontes. Isso sem contra a travessia entre Tubarão e Capivari, necessária para melhorar o acesso entre as duas cidades. A passagem entre as duas cidades já tem projeto pronto e apoio financeiro do estado. Para as outras duas pontes falta a liberação do recurso do Badesc. Outro projeto que também é feito é o das pistas duplas do acesso norte da cidade, até o bairro São Martinho, na SC-438. Essa obra é importantíssima porque ali, no futuro, será uma área industrial. Tem a questão do terreno a ser cedido pela  Tractebel Energia. Estamos acelerando todas as assinaturas e a empresa já colocou todas as questões necessárias para realizar esta concessão. Elaboramos um projeto para apresentar o que será feito naquela área. O custo para a questão da drenagem, terraplanagem e mobilidade, já que vamos colocar até acesso para a ferrovia, é de R$ 32 milhões. Isto deve proporcionar um fomento no setor industrial inigualável. Sem contar a geração de empregos.
 
Notisul – Você esteve junto ao prefeito Manoel Bertoncini (em memória), acompanhou de perto o surgimento da Arena Multiuso e do Pronto Atendimento 24 horas. Estas obras importantes serão entregues no prazo?
Pepê Collaço – Antes de mais nada é preciso reconhecer: além de importantes, estes projetos carregam a assinatura do Manoel. Era o sonho dele. E justamente por isso que farei de tudo para inaugura-las. Se alguém merece reconhecimento por estas obras é o Manoel. Os agradecimentos devem ser para ele. Meu papel é apenas o de dar continuidade. 
 
Notisul – Como você pretende conciliar os próximos meses na prefeitura com a campanha eleitoral?
Pepê Collaço – Trabalhando muito! De manhã, de tarde, de noite, e se preciso, de madrugada também. Vai ser difícil, mas é uma oportunidade e não vou deixar passar batido. Antes de mais nada, é o meu sonho que está em jogo!
 
Pepê por Pepê
Deus – Vida!
Família – Segurança! 
Trabalho – Aperfeiçoamento.
Passado – Boas lembranças.
Presente – Sonhos e planejamento. 
Futuro – Bons sonhos!
 
"Acho que a minha história é vencedora, além da vida pública, a particular, como advogado. Participei de três eleições, venci todas. Foram duas como vereador e uma como vice-prefeito. Em todos os cargos que ocupei, mantive uma postura muito correta. Sempre tentei levar isso como princípio para uma boa conduta. Esse é o meu jeito de ser, e acredito que isso vale para um homem público. 
Tubarão passa por um grande momento de desenvolvimento regional e pouco está se discute sobre o futuro da cidade. Isso é algo que ocorre em Tubarão há décadas. A cidade cresceu, mas de forma desordenada, não houve um planejamento para isso. Basta olhar os bairros: surgiram sem planejamento, com loteamentos clandestinos, que dificultam muito a participação do poder público. É preciso uma trabalho de reurbanização. 

Todos os novos secretários são técnicos e conhecem a gestão pública. Todos têm bom currículo, alguns possuem mestrado, doutorado e especializações dentro da área que trabalharão. Outros são funcionários de carreira da prefeitura. Quero valorizar também, nos cargos de confiança, e no próprio trabalho do dia a dia da prefeitura, os funcionários efetivos, que devem ser bem valorizados, com cursos técnicos e bons salários. O prefeito tem que valorizar a mão-de-obra que já tem, não precisa trazer gente de fora. Acho que Tubarão está bem na questão da saúde e educação, mas acho que temos que buscar um serviço com mais eficiência. Temos que focar nos acessos. Ouço muita reclamação quanto a estradas de chão, por estarem mal conservadas. E isso é porque se propiciou esta situação ao longo do tempo. Precisamos de um planejamento rapidíssimo. 
Tem muita gente que diz: “Tu é maluco? Vai perder voto enxugando a máquina!”. Mas eu vejo também que tem muita gente me dando os parabéns pela necessária economia, e que essa é uma atitude de um gestor que se preocupa com o cuidado da cidade, com as contas públicas".
 
"Precisa-se também de um choque de gestão na economia, e transparência das contas do poder público”.
 
“As nossas comunidades devem ter boas praças para que as mães possam levar os seus filhos nos fins de semana”.