“O único ficha limpa sou eu”

 

Ronaldo Mariano Chaves, 49 anos, o Ronaldo Rosinha (PHS), nasceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul, mas há 20 anos adotou Laguna para viver com sua família.  Tem formação superior em química industrial, cursada na Universidade Federal de Santa Maria. É um amante da arqueologia, da filosofia e da sociologia. Trabalhou muitos anos em empresas como a Petrobrás e no Pólo Petroquímico do Sul, em Triunfo e em Canoas, no estado gaúcho. Hoje é comerciante na área de habitação. É casado e tem seis filhos.
 
Mirna Graciela
Laguna
 
Notisul – Por que o senhor quer ser prefeito de Laguna?
Ronaldo – Quero administrar Laguna pela população e minha família. Não desejo que meus filhos deixem Laguna, assim como outros jovens. Minha vontade é de que construam suas vidas na cidade. O grupo que está no poder destrói o município e ninguém faz nada. Crianças morrem no hospital porque não temos aparelho de ultrassonografia. Precisamos de bombeiros na Cabeçuda e não existe nem projeto para isso. E olha que tem verba no governo federal para isso. Se ocorre um incêndio lá, os bombeiros demoram 30 minutos para chegar. Há muito o que ser feito em diversas áreas. Por isso quero ser prefeito. Sei que posso dar a minha colaboração.
 
Notisul – Quais são os seus projetos para a prefeitura, caso seja eleito?
Ronaldo – Vou criar mais dez secretarias. Existem muitos departamentos que não têm autonomia e verba, porque estão submissos a uma secretaria. O resultado é que não funcionam na prática. Com uma secretaria, você tem melhor direcionamento de verbas, não somente as que estão no município. É possível captar verbas em outras esferas, inclusive internacionais, que hoje são jogadas no lixo porque o município não vai atrás. 
 
Notisul – Daria para citar outras secretarias que pretendes criar? 
Ronaldo – Precisamos de uma secretaria de prevenção à doenças, que cuide desde da obesidade infantil até problemas mais sérios, como a esquizofrenia. Também penso em uma secretaria de fomento industrial e comercial. Outra para a segurança, apesar de não ser atribuição do município, cuja responsabilidade é cuidar do patrimônio, com a Guarda Municipal. Mas podemos legislar neste setor e auxiliar o estado nesta questão. Penso ainda em estabelecer uma secretaria do meio ambiente e outra que cuide do patrimônio histórico de Laguna, que é muito rico. Nesta última, existem dois pontos da cidade que poderão ser transformados em monumentos megalíticos: a pedra do frade e a mão de Deus. Estas peculiaridades naturais da nossa cidade não estão nem cadastradas como monumentos. Na verdade, no Brasil, existe somente um monumento megalítico. É a Pedra de Santana, localizada no interior da Bahia. O tombamento destes pontos arqueológicos singulares significa a captação de verba internacional para ser aplicada em turismo.
 
Notisul – A criação das secretarias não vai acarretar mais gastos aos cofres públicos, com a contratação de mais pessoas?
Ronaldo – Não. O que altera os gastos da prefeitura são os empregos de colarinho branco. Colocarei uma catraca eletrônica e um sistema de câmeras. Quem trabalha, recebe. Na verdade, quem onera a folha salarial é aquele que tem salário alto e não faz nada. O funcionário que trabalha mesmo, recebe pouco. Não adianta ter dez secretários ganhando ‘x’ se eles não fazem nada. Não quero alguém bem remunerado que não faz nada. Acredito na empregabilidade pública feita da forma correta. 
 
Notisul – Poderia detalhar melhor esta questão?
Ronaldo – Minha intenção é empregar as pessoas de Laguna. No verão, tudo bem, há falta de mão-de-obra. Mas e no restante do ano? É preciso dar emprego para as pessoas da cidade. É esta a carência das empresas. Elas precisam de um funcionário que fique dois, três anos e não por apenas uma temporada. A Lei Camata, que limita o gasto público, é antiga e deve ser aplicada rigorosamente. Hoje, o maior empregador de Laguna é a prefeitura. E existem formas de gerar empregos. Um exemplo é a minha ideia de criar 15 novos museus em Laguna. 
 
Notisul – Como assim?
Ronaldo – Nosso verão é muito chuvoso. Então o turista vem para Laguna e, muitas vezes, fica trancado no apartamento ou no hotel porque a cidade não tem locais que ele possa visitar quando o clima não dá praia. Temos que ter um roteiro turístico adequado para isto. E 15 museus seriam o ideal. Todos em formato de autarquias. Desta forma, não estariam ligados à prefeitura. O poder público apenas administraria. Isto também abre a porta para a captação de verbas, além de gerar empregos e solucionar o problema das casas do Centro Histórico.  Os museus seriam os donos das casas ou alugariam, manteriam a conservação. Tem muitas que são tombadas como patrimônio histórico. Estes museus também teriam espaço para a promoção de convenções, reuniões e qualquer outros encontro pretendido pela comunidade. Um dos museus seria o da construção civil, onde teríamos o barro, a telha, o ladrilho, a história de como eram feitas as construções no passado, hoje. Também penso no museu da propaganda política, que pode ser financiado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE). Eles têm dinheiro para investir nisso. Um museu da arte sacra e outro do índio, neste último caso com financiamento da Fundação nacional do Índio (Funai), também estão na lista.
 
Notisul – Quais serão as suas primeiras ações no governo, caso seja eleito?
Ronaldo – A prefeitura não tem sede própria. Então minha primeira ação no setor de obras seria construir um prédio. É feio uma Cidade de 336 anos ainda não ter conseguido isto. Ainda pagar aluguel. Outra atitude primeiro é em relação as estradas. Iniciaria um conserto das ruas de transporte, que estão horríveis. 
 
Notisul – Qual sua opinião dos seus adversários na disputa à prefeitura?
Ronaldo – Em primeiro lugar, neste momento, o único ficha limpa desta eleição sou seu. Não estou dizendo que os outros são ficha suja, mas são eles que terão que provar que não são. A justiça eleitoral já deu o seu primeiro parecer. Neste instante, se a Lei da Ficha Limpa fosse algo de verdade, Laguna teria apenas um candidato a prefeito: eu! O Tono Laureano (DEM) não se desligou do cargo que tem na secretaria estadual de segurança pública. Ele diz que isso não o beneficia na campanha e nem à cidade. O Everaldo dos Santos (PMDB) tem uma condenação por desvio de diárias públicas e alguns falam que é funcionário da Casan, gostaria até que ele viesse a público provar o contrário. A participação da Tanara Cidade (PT) vejo como vergonhosa. Ela é uma pessoa boa, mas acho que não deveria nem ser candidata, afinal não teve as contas da secretaria de saúde, que estava sob a sua gestão, aprovadas.
 
Notisul – Na sua opinião, o que faltou na atual administração?
Ronaldo – Faltou administrar. A cidade está jogada às traças. Não entendo como tiveram coragem de lançar uma candidata.
 
Notisul – E a educação no município, como o senhor avalia?
Ronaldo – Laguna tem um dos piores índices de educação da região. Nesta área, valorizo o professor, que perde, ais poucos, a autoridade em sala de aula. A criança ou o adolescente pode tudo, e com a conivência  dos pais. Defendo que durante o horário escolar, a escola fique fechada, nada de livre acesso. Quem entrar tem que ser autorizado. Em horários intermediários, é preciso ter segurança em frente da instituição. Isto também seria uma forma de inibir a criminalidade, pois a criança não estaria na rua sozinha. Uma coisa que não admito é que uma criança saia de casa em um dia chuva para ir, a pé, até a escola. Todos deveriam ter acesso ao transporte gratuito. No setor da administração pública, também tenho a ideia de transformar o servidor público em empresário. Como a prefeitura é o maior empregador, se eu valorizar o servidor e transformá-lo em um empresário, ele sairá da prefeitura para abrir o seu negócio e empregar mais pessoas. Entendo que a educação está incluída em todos os ramos. Não é algo somente para crianças e adolescentes, muito menos pode estar retida aos bancos escolares.
 
Notisul – Como o senhor projeta o turismo na cidade?
Ronaldo – Pretendo fazer duas salas às margens da BR-101, uma em cada lado da rodovia, antes do acesso principal a Laguna. Seriam quase como salas de cinema. Terão outdoors que convidarão as pessoas para entrar e assistir a um  filme institucional da cidade. A intenção é que se sintam estimulados a ficar em Laguna, conhecer nossas praias, nossa cultura. Se conseguirmos que 3% dos turistas que passam pela rodovia entrem em Laguna, teríamos uma grande incremento turístico. Mas pretendo fazer isto de forma terceirizada, para não onerar a prefeitura. Viajo bastante e muitas pessoas pensam que Laguna é a Cabeçuda. É necessário vender a imagem da cidade e transformá-la na capital turística e histórica do Mercosul. Precisamos fazer propaganda de nossa cidade no Uruguai, na Argentina e em outros países. Tratar o turismo como empresa, não como filantropia. O turismo é um ótimo motivo para gerar trabalho e renda. Tenho outro projeto que é muito legal: é a encenação do casamento da Anita Garibaldi todos os dias, durante a temporada de verão. Além de ser parte da nossa história, seria um bom divertimento para os duas de chuva, por exemplo. A peça seria encenada na Casa de Anita ou a igreja matriz, por exemplo. Também tenho a ideia de criar uma reserva extrativista biológica no Morro da Glória, para cultivarmos e vender as plantas. Além disso, é possível abrir trilhas para que o turista também conheça a nossa diversidade na flora. Na área marítima também é possível haver uma reserva extrativista, onde as pessoas poderiam praticar a pesca submarinha, passear de barcos e praticar esportes, entre outras atividades. E ainda existe um outro projeto, este audacioso, que é criar uma linha regular de lancha, entre Laguna a Florianópolis, ao norte, e a Torres, ao sul. 
 
Notisul – E o Carnaval de Laguna?
Ronaldo – O que pretendo é o seguinte: criação de autarquias. Não existe como fazer uma boa, festa sem que haja um bom planejamento. Hoje, a organização do Carnaval começa um mês antes. Tem que ter uma empresa, que não onere, para recebe verbas estaduais e federais. Toda escola de samba tem que ter um barracão. Se não tiver investimentos próprios, o estado que ceda. Existem muitos prédios públicos sem uso hoje. É possível cedera para as agremiações. Também quero incentivar que seja feito como em outros lugares, onde o turista aluga a fantasia para desfilar pela escola. Isto gera renda para os grupos e torna a festa ainda mais movimentada, além de gerar mais renda para a cidade, pois o turista vai vir e ficar em Laguna por alguns dias.
 
Ronaldo por Ronaldo
Deus – Sem Deus, não há como enfrentar os maus momentos.
Família – Meus filhos e minha esposa.
Trabalho – Faz parte da minha existência.
Passado – Uma forma de não errar no presente.
Presente – Uma forma de acertar com os erros do passado.
Futuro – A construção de Laguna, como um pedaço do paraíso, com o voto no 31.
 
"Os atuais políticos destroem a cidade. Laguna virou uma ‘latinha’. Lá tinha receita federal, lá tinha time de futebol, lá tinha segurança, lá tinha saúde, lá tinha calçamento. Agora tem é bastante buraco. O turismo também acabou. Antes a cidade recebia um bom incremento econômico das pessoas que alugavam casas. Hoje, o turista que frequenta Laguna é o de classes baixa e média. O rico vai para Jurerê, em Florianópolis, vai para o Rio de Janeiro.  
Esta filosofia do Partido dos Trabalhadores (PT), de não consertar nada e querer que tudo se destrua para pegar um financiamento grande, vai acabar com o Brasil. A administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva equipara-se ao governo de Mussolini".
 
"No atual governo, nunca veio tanta verba para Laguna, 
mas não vejo a aplicação 
em melhorias públicas”
 
“O homem (Célio Antônio) 
é bom em buscar verba. 
Por que não comprou um 
prédio próprio à prefeitura?”