“Nem meu pai conseguiu isso!”

Estêner Soratto da Silva Júnior, secretário de indústria de comércio, é um dos mais solícitos gestores da prefeitura de Tubarão. Provavelmente porque faz o que gosta. Ele deixou de lado um bem-sucedido escritório de advocacia para apostar na administração do prefeito Manoel Bertoncini (PSDB) e do vice Pepê Collaço (PP). O fato de ser filho do ex-prefeito Soratto, diz ele, ajuda e atrapalha. “Ajuda porque conheço muita gente e ter contatos facilita. Atrapalha porque dizem que eu tenho que ser candidato a alguma coisa ou então que eu ocupo o cargo na prefeitura porque sou filho do ex-prefeito. Ouço e fico na minha. Acredito que todos devem traçar seu próprio caminho e não ocupar aquele traçado por outra pessoa. Mesmo que esta outra pessoa seja seu pai”, considera, sempre com a fala espaçada, tranquila, como quem mede as palavras para não ser mal interpretado. Claro nas ideias, ele também está envolto na missão da reforma administrativa. É um dos que fica na segunda etapa do governo. “O planejamento para os próximos dois anos é inacreditável. Foi tudo pensado para privilegiar apenas um aspecto: o bem-estar do cidadão tubaronense”, adianta.

 

Zahyra Mattar
Tubarão

 
Notisul – Como você avalia os dois primeiros anos de gestão da secretaria de indústria e comércio?
Estêner – Bom e frustrante. Bom porque acredito que conseguimos agregar as entidades que trilham o caminho do desenvolvimento econômico da cidade. Frustrante porque vim da iniciativa privada. Então, quando queria iniciar um projeto, ia lá e pá-pum. Um exemplo é o condomínio industrial. O planejamento estava feito desde maio de 2010 e não tivemos recursos. Ficou para este ano. Na gestão pública, é tudo mais complicado, demora. Quando cheguei, a primeira coisa que fiz foi chamar as entidades, os sindicatos, a OAB para dialogar. Acredito que foi por isso que a pasta teve visibilidade, porque, a partir do momento que o poder público e privado aproximaram-se, conseguimos, juntos, desenvolver ações. E estas ações eram aquilo que as entidades queriam, precisavam. Um exemplo é a qualificação de mão-de-obra, a maior reclamação dos empreendedores hoje. Fechamos 2010 com 499 pessoas capacitadas em várias áreas. A meta é, no mínimo, repetir este número neste ano. 
 
Notisul – Qual o maior objetivo da secretaria para este ano?
Estêner – Temos duas prioridades: investir na indústria, porque sem este setor nenhuma cidade cresce, e na qualificação da mão-de-obra, porque sem isso não temos abertura de novos negócios. Daí nosso investimento em cursos. Quanto à indústria, ainda não conseguimos desenvolver tudo que pensamos para o setor. Nestes próximos meses, vamos abrir um tímido condomínio industrial no bairro São João. Serão 21 lotes para micro e pequenos empresários. Sinceramente, ainda deixamos a desejar neste aspecto. Queríamos mais, mas não foi possível até agora. Vamos chegar lá. O que nos surpreendeu é que começamos a ser procurados por muitos grupos de investidores. Esta semana, foi-nos apresentado um projeto para construção de um condomínio residencial e comercial no bairro Revoredo, às margens da BR-101. Na próxima semana, outro empresário apresentará o projeto de um loteamento voltado exclusivamente ao ramo comercial e industrial no bairro São Bernardo, nas proximidades da Rádio Santa Catarina. Esta procura demonstra que estamos no caminho do desenvolvimento.
 
Notisul – Tubarão segue uma constante quanto à geração de emprego. Isso é bom ou ruim?
Estêner – Fechamos 2010 com 2,1 mil novas vagas criadas. Quase o mesmo de 2009. Todos devem pensar que é ruim, porque não aumentou. Mas é ótimo, porque temos estabilidade. Seguimos na contramão dos dados do país e do estado. Para este ano, quem sabe passamos um pouco desta média, porque teremos novos empreendimentos em obras na cidade, e obra gera renda, emprego. Mas é bom sempre frisar que a geração de empregos depende, 90%, da economia nacional. Por outro lado, como Tubarão está no centro das obras macrorregionais, novos e grandes investidores começam a chegar. E esta é nossa realidade agora.
 
Notisul – Existe algum projeto para manter esta boa média?
Estêner – A prefeitura não tem condições de fazer algo direto para gerar emprego. Por isso, o foco é a qualificação da mão-de-obra. A última coisa que um empresário de médio ou grande porte olha quando quer investir em uma cidade é terreno. Primeiro ele analisa se há matéria-prima, se tem trabalhadores qualificados e sem tem como escoar a produção. Então acredito que estamos no caminho certo quando pensamos em qualificar nossa gente.
 
Notisul – Você já sabe como ficará a sua secretaria com a reformulação do governo?
Estêner – A secretaria de indústria e comércio será transformada em uma secretaria de desenvolvimento econômico. Além do trabalho já feito hoje, junto com a indústria e o comércio, vai agregar toda a parte de fomento da agricultura e do turismo. Mas não sei se eu serei o gestor. O que o Dr. Manoel disse é que continuo no time dele, não me disse em que função.
 
Notisul – A expectativa com esta reforma é de um governo sem igual para os próximos dois anos. Isto não te preocupa?
Estêner – Não. A reforma vem para melhorar. Tudo foi pensado para que o poder público funcione, seja exemplo. Acredito que agora Manoel e Pepê mostrarão quem são de verdade. Eles vão imprimir um ritmo de governo nunca antes visto em Tubarão. Com toda sinceridade, não sei quem vai e quem fica. Mas sei que Dr. Manoel vai cobrar mais empenho, dedicação e trabalho de quem ficar. Aquilo que ele diz, que tem duas Bíblias e uma delas é o plano de governo, é verdade. Ele segue aquele livrinho ponto a ponto.
 
Notisul – Como você avalia a gestão de Tubarão nestes dois anos?
Estêner – Boa, mas com muito a ser melhorado, assim como tudo na vida. Sempre podemos avançar. Quem não percebe isso estaciona no tempo. Manoel conseguiu começar a gerir a prefeitura como se fosse uma empresa. E tem pulso firme. Deu prova disso com a questão do horário e com o fato de não fazer obra sem ter dinheiro em caixa. Está certo. Pode penar na opinião pública, mas hoje o tubaronense pode ter a absoluta certeza de que todas as contas estão em dia e de que se a obra começou vai terminar. Para mim, isso é um precedente na prefeitura de Tubarão. Um feliz precedente. Nem meu pai conseguiu isto!