“Não gostei dos secretários”

O vereador João Fernandes (PSDB), 41 anos, é uma das figuras mais emblemáticas da câmara. Foi agricultor, caminhoneiro. Hoje, atua no ramo dos transportes, com uma empresa com uma grande frota de caminhões. Atribui parte de seu sucesso a Deus. Começou no política a convite do prefeito, na época candidato, Manoel Bertoncini (PSDB). “Sempre fui envolvido na comunidade”, conta. Casado com Marlerte Theodoro Fernandes há 25 anos, tem dois filhos: João Ricardo, 21 anos, e Felipe, 19 anos.

Karen Novochadlo
Tubarão

Notisul – No próximo ano já tem eleição. O senhor pensa em se candidatar novamente?
João Fernandes
– Pleiteio ser candidato a prefeito, com um projeto onde realmente possa ajudar a cidade. Como vereador, eu já cumpri o papel. Quero fazer um papel executivo.

Notisul – O senhor concorreria pelo PSDB?
João Fernandes
– Vamos primeiro conversar com o nosso partido e ver qual a posição. Claro que temos que falar com o prefeito Manoel Bertoncini e o Carlos Stüpp.

Notisul – E se não tiver a oportunidade?
João Fernandes
– Provavelmente, vou sair por outro partido.

Notisul – A candidatura já está certa. Só não sabe por onde (risos)!?
João Fernandes
– Sim. Política é assim. De manhã é uma coisa, e à tarde é outra.

Notisul – Qual o seu projeto de governo?
João Fernandes
– Hoje, eu não faria o que o Manoel fez nas secretarias. Eu traria pessoas realmente especializadas, que realmente tivessem o desejo de fazer algo pelo município. Hoje, os secretários querem fazer para si mesmos. A maioria vai ser candidato a vereador e alguns a prefeito em 2012. Eles acabaram com a administração. Tomara que Manoel identifique esse secretários e chame outros para trabalharem para a cidade.

Notisul – O senhor é da mesma opinião de que o vereador Dionísio Lemos Bressan (PP), de que as secretarias não funcionam?
João Fernandes
– Não acho que as secretarias não funcionam. Os secretários é que não funcionam. É diferente da posição do Dionísio (risos). A reforma administrativa esteve aí. Eu torço para que dê certo. Até porque a sociedade necessita.

Notisul – O senhor gostou da enxugada na quadro da prefeitura?
João Fernandes
– Gostei. Mas não gostei dos secretários. O número hoje de secretarias está bom. Só tem que colocar pessoas capacitadas e especializadas no lugar certo.

Notisul – O senhor falou que gostou da reforma administrativa. Mas, pelo o que lembro, votou contra…
João Fernandes
– Votei contra porque eu entendi que deveria vir primeiro o plano de cargos e salários dos servidores públicos do município. Isso foi muito comentado dentro da câmara. Eu, como vereador de governo, não fui ouvido. A reforma veio goela abaixo. Também acho, por mais que torça que dê certo, que não era o momento de fazer uma reforma. Está perto do fim do governo. Deveria ter sido feito no começo. Uma reforma política demora a ter um resultado. Por mais que eu torça, acho difícil que dê certo.

Notisul – O plano de cargos e salários já chegou na câmara?
João Fernandes
– Não. Não foi apresentado aos vereadores.

Notisul – Quais são as áreas da cidade que o senhor acha que deve ter investimento?
João Fernandes
– Hoje, a área que mais tem problemas é a infraestrutura. Vemos a todo momento: ruas, rodovias, mato e esgoto. Falta um secretário que faça um projeto que realmente traga empresas para a cidade. Não pode ficar só no papel. Tubarão está carente disso. Nós temos muitas empresas pequenas, faltam outras com o mesmo porte da Alcoa. A cidade não pode ficar sucateada. Estamos só na prestação de serviços. Estou ciente de que falta mão-de-obra na cidade. Mas precisamos de grande empresas.

Notisul – Não seria questão de formar mão-de-obra?
João Fernandes
– Também. Acredito ainda que, se vier uma grande empresa, aparece mão-de-obra. Hoje, não se paga um salário muito atrativo. R$ 1 mil não é atrativo. Uma empresa paga para um executivo R$ 10 mil ou R$ 15 mil. Então, começa a vir mão-de-obra para cá: ‘Vou para Tubarão para trabalhar numa loja, mas com o intuito de trabalhar numa empresa grande’.

Notisul – Mas por que trazer gente de fora?
João Fernandes –
Tem que oferecer curso para especializar, mas nós estamos com falta de pessoal. Hoje, em Tubarão, não tem um pedreiro, um caminhoneiro, um pintor (risos). Mas não é porque não existem esses profissionais. É que falta mão-de-obra. Não há falta de emprego. A cidade tem bastante emprego, mas precisamos de uma grande indústria para dar bastante impacto fiscal e econômico. O prefeito terá uma segurança: ‘Esta empresa vai trazer tantos reais de investimento e imposto’.

Notisul – E como o senhor avalia os trabalhos da câmara?
João Fernandes
– A cidade tem ganho em muito com a discussão dos trabalhos. Eu acredito que, como cidadão e vereador, está num ponto bom. Mas poderia fazer mais. Tem que trazer mais discussão e os secretários para a casa. Precisamos expor o que a comunidade precisa. A comunidade sempre fala para o vereador o que necessita.

Notisul – O senhor tem algum projeto?
João Fernandes
– Tenho um projeto de lei que já mostrei para o Manoel. Um projeto atrativo para formar um polo industrial na cidade. Estamos em um local privilegiado, perto do porto e do aeroporto. Não tenha dúvida que, se não fizer isso, Imbituba e Braço do Norte passarão na frente. Não que Tubarão seja pequena, é grande e está em evolução. Só que, se não se projetar, vai ficar pequena no contexto da Amurel.

Notisul – Quanto ao aumento do número de vereadores?
João Fernandes
– Sou totalmente contrário. Acredito que dez vereadores para Tubarão está muito bom. Dezessete é um custo que alto para a população. Fui contra porque acredito que essa discussão deveria ter sido levada para a população. Um vereador em 2012 vai custar para a câmara em torno de R$ 9 mil a R$ 10 mil. Isto porque terá o aumento de salário. Já pensou, de cara, vai aumentar R$ 70 mil e não vai trazer benefício. Fala-se muito em representação. O que garante que terá um vereador em cada comunidade? O que eles querem é mais chance de se eleger.

Notisul – E tem as questões dos assessores…
João Fernandes
– Eu acho que os assessores deveriam ter que fazer concurso público. O vereador tem de escolher o assessor entre os que já estão ali. Se eu voltar a ser presidente, vou tirar todos os funcionários. Vou deixar uns cinco ou seis da presidência, legislativo e jurídico. O resto vai ser tudo concursado. Olha só, o Dionísio discutia que tem que diminuir o valor da câmara, mas ele não estava na presidência. Agora está bom, os 35 estão lá, Ele diz que tem um assessor, mas o resto ficou para ele. Ele prega que era pecado, mas agora faz. E não é mais pecado.

João por João
Deus: Tudo.
Família: É tudo.
Trabalho: Me motiva muito.
Passado: Foi bom para aprender.
Presente: Tenho a agradecer a Deus.
Futuro: Esperança de tudo continue como está.

"Olha, a bancada do PSDB paulista está indo tudo para o PSD. Presenciamos o que está acontecendo com Raimundo Colombo e prefeitos. Se for tudo o que vemos na televisão, vai ser o maior partido do Brasil. Vamos ver o que vai acontecer."

"Os vereadores não fazem o que planejam porque os projetos que existem não são executados. Não se colocam mais projetos na câmara porque não são colocados em prática. O vereador perde a motivação. "