“Milagre ninguém faz, não sou eu quem vou fazer”

Foto: Priscila Loch/notisul
Foto: Priscila Loch/notisul

Perfil
Como a maioria dos prefeitos da região, Vardo enfrentou dificuldades em seu primeiro ano de governo. A queda da arrecadação e consequência da situação econômica do país tem sido a principal complicação. Mas o prefeito de Gravatal tem esperança de que 2018 será um ano melhor. A menina dos olhos de sua administração é a construção de um Centro de Eventos, que em sua visão será um marco no desenvolvimento do turismo local e regional.

Priscila Loch
Gravatal

Notisul – Prefeito, como foi o seu primeiro ano de governo? Muitas dificuldades?
Vardo –
Bastante, até porque ser prefeito é uma novidade para mim. Tive uma experiência como vereador, por um mandato, e em seguida prefeito. Dificuldades tivemos muitas, até pelo que vem passando nosso país. Isso afetou tanto os estados quanto os municípios do país inteiro. A maior dificuldade é que a gente faz uma programação de acordo com a arrecadação, mas a arrecadação caiu. Tivemos também promessas políticas que não vieram, e isso afetou muito. Tirando isso, fiz uma administração transparente, falando sempre a verdade. Meu pai já dizia que quem não deve não teme. Mesmo com as dificuldades, tenho certeza que o povo está contente com nossa administração. Ninguém faz uma administração sozinho, tem que ter uma equipe. Estou sempre nas comunidades. Graças a Deus, fiz a minha campanha não prometendo nada, e sim trabalho. Posso andar de cabeça erguida.

Notisul – Foi complicado fechar as contas no fim de 2017?
Vardo –
Foi. A gente faz um planejamento conforme o que a prefeitura arrecada e essa queda complicou. A federação que defende os municípios deu certeza que viria R$ 195 mil no dia 28 de dezembro. Ainda bem que não contamos com isso. Promessa política a gente tem bastante, mas gosto de falar quando o dinheiro está na conta. Tivemos dificuldades sim, mas não foi só Gravatal, como a maioria dos municípios da região, principalmente os pequenos, que têm pouca arrecadação. Hoje, arrecadamos em Gravatal R$ 1,9 milhão e pela previsão que fizemos veio quase R$ 1,6 milhão a menos. Ainda estamos fazendo um levantamento para ter os números exatos. Isso foi o que atrasou. Na minha empresa, fazemos um planejamento de vendas sobre o que vamos arrecadar durante aquele mês. Essas dificuldades afetaram as empresas também. Uma questão que me dói muito é o desemprego. Em Gravatal, tem muita gente desempregada. Isso atrasa muito. Estamos sentindo que parece que a economia está dando uma reagida. Tomara. A Lava Jato tem que colocar todos os envolvidos na cadeia. Se for provado que a pessoa, fez errado, também não adianta só prender, tem que fazer devolver o que roubou. Só deixar preso é mais prejuízo para o país, tratando com conforto na cadeia. Tem que fazer devolver, soltar e determinar que não exerçam mais cargos públicos e nem sejam candidatos a mais nada. Aí acredito que nosso país vai endireitar. A justiça nem sempre funciona como deveria, apesar das leis. Veja bem: assumi a prefeitura com uma dívida de precatórios de R$ 900 mil. Não é do prefeito anterior, isso é de 30 anos atrás. A lei permite. Eu acho que se tenho algum problema com a justiça tenho que pagar no meu mandato, não deixar para os próximos.

Notisul – Com a expectativa de melhora da situação para este ano, tem algum investimento engatilhado para Gravatal?
Vardo –
Temos. Estamos calçando cinco ruas, calçamos uma rua em parceria com os moradores, com as lajotas retiradas da avenida das Termas. A prefeitura deu as lajotas e as máquinas e a população a mão de obra. Estamos para tirar mais uma parte dessas lajotas e temos mais duas ruas projetadas para calçar. Aproveitamos o que dá do dinheiro público. E já temos o terreno para construir o Centro de Eventos, falta só o juiz autorizar. São quase sete hectares. Vai ser uma obra importante para o município. Já temos R$ 7,5 milhões para iniciar.

Notisul – Tem expectativa de quando poderá ser concluído?
Vardo –
Depende. Trabalhamos para que seja até o fim do mandato. Mas, se não der, espero que o próximo prefeito veja que se trata de coisa boa e dê continuidade. Temos também dois portais, nas divisas com Tubarão e Braço do Norte. Já vai entrar na fase de licitação. Estava tudo pronto, mas a Caixa exigiu a sondagem. Acredito que vamos conseguir fazer esses dois portais até a metade deste ano. Também conseguimos recursos para fazer uma escultura lembrando uma importante parte da história do município que é o porto. Essa semana, estive em Florianópolis com o secretário Vampiro e ele dando autorização vamos fazer no trevo uma canoa. Eu era criança e ainda lembro-me do porto. E agora vamos contar essa história. Conseguimos recurso do governo federal, através do deputado Edinho. É uma sorte não só de Gravatal, mas de toda a região, ter um deputado como o Edinho. Ele consegue muitas coisas para a nossa região. Aproveito a oportunidade e peço que o povo pense, estude bem o histórico do candidato, porque quem coloca os políticos lá é o povo. Tem que pensar bem. O poder está na mão do eleitor. Não tem nenhum partido que escapa da corrupção. Todo partido tem os políticos bons e os políticos ruins. É igual quando a gente vai ao médico, procuramos nos informar sobre o histórico dele e escolhemos o que consideramos melhor. Assim é a questão política também. Acredito que assim é que vai ter retorno. Em Gravatal, as pessoas estão contentes com nossa administração. Milagre ninguém faz, não sou eu quem vou fazer. Mas levando a verdade para as pessoas conseguimos fazer uma administração com transparência.

Notisul – Você citou que o seu irmão Edinho Bez traz muitos recursos para a região. É um fator positivo ter essa veia política em família?
Vardo –
Com certeza. O Edinho no momento não é deputado, mas ele consegue muitos recursos. Ele não olha partido, ajuda quando tem que ajudar. Em Gravatal, eu também ajudo as pessoas independente de partido. Quem conhece o Edinho sabe o quanto ele trabalha. Flei que se eu ganhasse a eleição ia ser uma pulga no sapato dele (risos). Não tem lugar que as portas não se abram para ele em Brasília. Por isso insisto tanto que os eleitores têm votar nas pessoas daqui. Vou citar como exemplo o hospital de Tubarão. Muitos recursos o Edinho trouxe para o Nossa Senhora da Conceição. Ele me cobra muito também para fazer a coisa certa. A gente sempre foi assim, já vem da nossa criação. Durante a campanha, quando eu e meu irmão Silvinho chegávamos nas casas, muitas pessoas diziam que não precisávamos nem pedir voto, por causa de nosso pai, conhecido como Sílvio Careca, que ajudou muita gente. Ele não se custava. Temos que fazer o bem sem olhar a quem, e isso nossa família vem de berço.

Notisul – Então a política nasceu naturalmente para os filhos.
Vardo –
O pai foi o primeiro intendente, quando Gravatal pertencia a Tubarão. Depois, foi vereador por cinco mandatos, foi o primeiro presidente da Câmara. Na época, eles faziam política de charrete, o Edinho ia tocando o cavalo do pai. A mãe também gostava muito de política. Eu nunca quis me meter muito. Fui candidato na verdade a pedido de um grande amigo meu, o Janga, que foi candidato a prefeito. Fui vereador, o terceiro mais bem votado. O Janga, infelizmente, não conseguiu se eleger. Eu nunca quis porque tenho uma empresa para cuidar. Mas acabei aceitando, já está no sangue. O político não tem que entrar por interesse, e sim porque gosta. Se não fosse assim, com o que o prefeito ganha hoje, eu ia preferir estar na minha empresa que na prefeitura. A gente faz amigos, conhece as pessoas e ajuda. E quando não puder ajudar não quero atrapalhar.

Notisul – Qual a sua avaliação sobre a reeleição?
Vardo –
Depende. No meu caso, se o povo quiser eu vá para uma reeleição, eu também tenho que fazer uma avaliação. Eu estou na prefeitura porque gosto do município e para fazer o melhor, não para mim, mas para todos os gravatalenses. Eu tiro pelo Volnei Weber, de São Ludgero, reeleito com mais de 80% dos votos, por ser um bom prefeito. É um cara sério, tem feito um trabalho bonito. Temos um diretório para respeitar, a executiva. Às vezes, a gente tem um projeto e quatro anos é pouco. O Centro de Eventos, por exemplo, não sei se vou conseguir terminar, porque é uma obra grande. E não sabemos a cabeça do gestor que vai pegar depois.

Notisul – Gravatal é um dos municípios mais privilegiados da região por ter um turismo forte o ano inteiro.
Vardo –
Hoje, passam em Gravatal 400 mil pessoas por ano, uma média de 33 mil pessoas por mês. Por isso que o Centro de Eventos é tão importante. Quero agradecer à família que nos cedeu o terreno. Tenho certeza que o Centro de Eventos vai ser um Gravatal antes e um Gravatal depois. Temos uma pecuária e uma agricultura fortes e podemos usar o espaço para eventos nessas áreas também. Piratuba teve um evento evangélico que deu seis mil pessoas. Queriam fazer em Gravatal, mas não tínhamos espaço. Temos hoje 1,6 mil leitos no município. O secretário executivo da Amurel, Celso Heidemann, me disse que às vezes sai daqui para fazer eventos em Florianópolis, Joinville, porque falta espaço. Estamos com a faca e o queijo na mão. Outra coisa que Deus nos deu foi a água mineral. Estivemos na Europa recentemente e ficamos como a terceira melhor água do mundo entre 160 que estavam competindo. E é a melhor água do país, tanto para beber quanto no aspecto medicinal.

Notisul – O que mais se pode fazer para incrementar o turismo?
Vardo –
Investir. Tenho certeza que o Centro de Eventos vai dar uma alavancada. Até tinham alguns vereadores questionando, que poderia ser mais um elefante branco. Já apareceram duas empresas interessadas, porque sabem do potencial que tem Gravatal. A própria Secretaria de Turismo vai funcionar no local.

Notisul – A intenção é que a própria prefeitura administre o Centro de Eventos?
Vardo –
A princípio sim. Depois se faz uma avaliação para ver se vale a pena. Pretendemos fazer cancha de bocha, boliche. Estamos prevendo já 2,5 ou 3 hectares só para estacionamento, e vai ficar a 300 metros dos hotéis. Gramado, por exemplo, não tem o que Gravatal tem, a riqueza que Deus nos deu. Temos que aproveitar a oportunidade e buscar investir no turismo.