“Lutamos por uma maior valorização da categoria”

Rafael Andrade
Tubarão

Notisul – O que é a Guarda Municipal e quais as suas atribuições?
Adailton
– A Guarda Municipal é prevista na Constituição Federal. O município acima de 50 mil pessoas pode optar em criar a sua GM. Existe uma lacuna na lei que determina as atribuições dos setores na cidade. O fato é que a GMT nasceu e não vai ser extinta. Pelo contrário, será ampliada e qualificada a cada dia. Estamos aqui para somar e integrar, não dividir ou atrapalhar. O cidadão é quem sai ganhando quando percebe um volume maior de profissionais atuando em seu prol, com objetivo final de promover a segurança pública e bem-estar do cidadão.

Notisul – Como funciona a integração da GM com as Polícias Militar e Civil?
Adailton
– Nós sempre buscamos parcerias em todas as forças policiais. Embora haja respaldo de algumas pessoas, continuaremos querendo esta integração, esta troca de informação. Tudo isso será importante para dar uma continuidade ao sistema operacional.

Notisul – A GMT pode atuar na detenção de criminosos em flagrante delito, mesmo sem proteção ao próprio profissional, que atua apenas com cassetetes?
Adailton
– Podemos prender, sim. É uma questão moral, pois estamos uniformizados e apoiando na segurança do cidadão. Só que não há o dever do profissional de prender o criminoso, isto é um dever das polícias. Mas atuaremos na medida do possível. Ainda não utilizamos armas e não podemos usar. Por isso, precisamos contatar a Polícia Militar assim que nos deparamos com uma situação de risco, como um assalto à mão armada, por exemplo. Nosso armamento poderá vir no fim deste ano ou no próximo ano. É um processo burocrático lento. Mas a intenção é nos equipar para poder dar esta resposta mais rápida às vítimas.

Notisul – Quantos guardas atuam em Tubarão e como funciona a divisão das atividades?
Adailton
– Temos 46 profissionais na cidade. São três no albergue, no bairro São João; um na corporação dos bombeiros, no bairro Humaitá; três na delegacia de trânsito, na Vila Moema; um no Departamento de Multas e Trânsito de Tubarão (Demut); cinco no setor administrativo da guarda; dez responsáveis pela fiscalização de trânsito junto ao sistema da Área Azul; dez guardas que realizam as travessias em frente às escolas com maior movimentação de veículos; dois no setor de palestras em educação no trânsito; três inspetores; e os demais na Central de Comunicação.

Notisul – Como é executado o trabalho da GMT na Área Azul?
Adailton
– Não fiscalizamos diretamente o estacionamento rotativo. Auxiliamos as monitoras, principalmente agora que houve essa transição da administração do sistema. Antes disso, já apoiávamos as monitoras, principalmente junto aos motoristas mais nervosos. Independente de como vai ficar este processo, vamos continuar o apoio. É nossa função, conforme a lei 9.503, de criação da GMT, ficarmos atentos ao trânsito de Tubarão, que é muito pesado.

Notisul – Como você vê o trânsito da cidade?
Adailton
– É um trânsito bastante complicado. Estamos em uma cidade cortada por um rio e com milhares de edificações irregulares. Tubarão cresce desordenadamente. Recebemos muitas reclamações em relação a pais de alunos que desrespeitam, diariamente, a lei de trânsito na frente da Escola Técnica e do Colégio São José, no centro. Os carros param na porta da escola, no meio da rua. Isto resulta em um congestionamento de um complexo de quase dez vias. Fiscalizamos os infratores, na medida do possível. Falta educação de muitos condutores.

Notisul – Qual é a infraestrutura da Guarda?
Adailton
– Nossa infraestrutura ainda é precária, mas lutamos pela excelência no atendimento e na prestação do serviço ao cidadão. Já propusemos a criação de um gabinete de ação integrada entre as forças policiais que seria presidida pelo prefeito. Com este processo, as verbas federais ficam mais acessíveis. No momento, possuímos cinco viaturas, quatro motos e um Fiat Dublô, ainda muito escasso pela demanda. Deixamos de atuar em locais mais distantes da região central justamente por isso, por infraestrutura precária. Mas acredito que vamos nos adequar a este problema nos próximos anos.

Notisul – Vocês possuem algum trabalho social?
Adailton
– Participamos do Programa Travessia, do setor de educação da secretaria de segurança e trânsito. Se não fosse a nossa atuação, o programa seria inviável. Outra ação social é o apoio ao albergue. Pernoitam de 12 a 15 pessoas lá. Fazemos a segurança e evitamos que estas pessoas estejam nas ruas. Além disso, temos vários profissionais que possuem o curso de primeiros socorros e proferem palestras em escolas e outras repartições públicas.

Notisul – O patrulhamento canino continua na cidade?
Adailton
– Com certeza. Temos dois profissionais gabaritados e dois rottweilers. Este tipo de trabalho inibe a criminalidade. Se há uma manifestação popular, um cachorro pode substituir o trabalho de 20 homens. Realizamos um trabalho focado, principalmente nas beiras-rio, por serem cercadas de vegetação fechada, propícia à ação dos criminosos. Vamos treinar ainda mais a nossa equipe para seguir o patrulhamento canino.

Notisul – Os guardas de Tubarão são bem remunerados?
Adailton
– Em comparação aos profissionais que atuam na guarda de Florianópolis, estamos aquém de uma boa remuneração. Lutamos por uma maior valorização da categoria.

Notisul – Você sente prazer em ser guarda municipal?
Adailton
– Quando acordamos de manhã para trabalhar e vestimos esta farda azul, nos sentimos prestativos. É muito bom ser um profissional que tem esta atividade, de auxílio ao cidadão.