José Nei Ascari: “Não sou o salvador da pátria”

José Nei Ascari, 42 anos, é casado e tem dois filhos. Em 1992, com apenas 24 anos, Zé Nei foi eleito prefeito de Grão-Pará. Foi um dos mais jovens do estado a ocupar um cargo eletivo. Depois desta experiência, ele bem que tentou dedicar-se mais a sua profissão, a advocacia, mas não levou muito tempo voltar ao cenário político: em 2000, foi eleito novamente para comandar a prefeitura de Grão-Pará. Em fevereiro de 2005, ingressou na chefia de gabinete da presidência da assembleia legislativa. Permaneceu no cargo até dezembro de 2008, quando assumiu a secretaria estadual de administração. Esta carreira meteórica e idônea deu credibilidade ao democrata para alçar um voo um pouco mais alto. E ele aterrissou direto na assembleia legislativa. Assume a vaga em 1º de fevereiro com uma pauta já definida e totalmente volta aos interesses do estado, especialmente da região a que representa: o sul catarinense.

Zahyra Mattar
Tubarão

Notisul – Como avalia o resultados das urnas para o Democratas? E para você?
Zé Nei
– O partido saiu vitorioso, sobretudo em Santa Catarina. Elegemos o governador (Raimundo Colombo), de um deputado federal elegemos três e de seis estaduais ampliamos para sete. Pessoalmente, acredito que minha candidatura superou todas as expectativas. Tínhamos uma meta suficiente para garantir a eleição e superamos isso. Credito este desempenho à forte resposta dos 44 municípios do sul catarinense. Estou satisfeito com todo este resultado.

Notisul – O deputado estadual reeleito Joares Ponticelli (PP) disse que vocês estão próximos e farão um trabalho a quatro mãos. Como você vê isso? Não teme um conflito de interesses?
Zé Nei
– Não. O deputado Joares tem o partido dele e eu tenho o meu. Para mim, o embate eleitoral terminou no dia 3 de outubro. Agora, é hora de enrolar as bandeiras partidárias e desfraldar as bandeiras do estado e da nossa região. E o deputado Joares tem papel importante nisso. Tenho sim falado bastante com ele, que tem demonstrado interesse muito grande em trabalhar a quatro mãos e, no que depender de mim, isto vai sim ocorrer. E por algo muito simples e importante: as pessoas que votaram no Zé Nei e as que votaram no Joares esperam que trabalhemos de forma unida pelos pleitos comuns. Tenho uma relação de amizade e respeito enorme com Joares. Nós dois entendemos que é preciso ter união política, da classe empresarial, da imprensa, para que possamos melhorar o desempenho da região e trazer os investimentos que nós aqui do sul precisamos e merecemos.

Notisul – O fato do Democrata estar coligado com o PMDB gera o pensamento de apenas um governo de continuidade. O que muda em 2011?
Zé Nei
– O (governador) Raimundo Colombo e Eduardo (Moreira – PMDB) darão continuidade àquilo que está bom, que funciona. A descentralização é um exemplo. Este modelo de gestão, implantado por Luiz Henrique (da Silveira (ex-governador – PMDB), é irreversível. É claro que nem todos estão satisfeitos com o atual modelo. Então, cabe ao governo eleito melhorar, ampliar, discutir, evoluir, aperfeiçoar este modelo. Modificações? Sim, haverão. Até porque o governo será do Democrata e nós fomos para as eleições com um projeto próprio. Haverá uma reestruturação administrativa. Não será nenhuma grande reforma de impacto, mas algumas secretarias serão fundidas e outras separadas. Ainda não está definido exatamente quais.

Notisul – Você participa desta nova configuração do governo?
Zé Nei
– Participo com sugestões. Inclusive, a bancada já esteve reunida com o governador eleito. Mas não acredito que assumirei cargo nenhum. Claro que existe a possibilidade, mas antes disso o que existe é muita especulação em torno deste assunto. Minha disposição inicial é cumprir o meu mandato. Estou determinado a fazer isso. Já tive uma experiência do executivo estadual (foi secretário de administração na gestão de LHS) e foi ótima, mas agora pretende cumprir meu mandato.

Notisul – E quando Jairo volta para a SDR em Tubarão?
Zé Nei
– (Gargalhadas, o ex-secretário, Jairo Cascaes acompanhou a entrevista do amigo do Notisul). Nem sei se volta (risos). O que existe até agora é apenas definição do critério e fixou o número de regionais para cada partido da coligação. O PMDB ficará com 16, o Democrata terá dez. O restante (dez) será dividido entre as outras siglas. Agora, quantas ficarão com cada partido, isso ainda não sei. Não existe absolutamente nenhuma tratativa neste sentido ainda. Estas conversas ainda não foram deflagradas. Acredito no bom senso de todos. O importante é encontrarmos pessoas certas para comandar estas unidades. A meta é fazer um bom governo. Muito antes de brigarmos por espaço, temos que brigar para que a administração do estado de fato atenda os anseios da sociedade.

Notisul – 1º de fevereiro é seu primeiro dia de trabalho na assembleia. Quais os seus planos?
Zé Nei
– Primeiro: defender a execução dos investimentos já priorizados para a região. Não vou para a assembleia defender projetos pessoais. A sociedade já definiu o que quer e a minha proposta é brigar por isso. Outro ponto que quero trabalhar já desde fevereiro é o fortalecimento dos municípios, para que tenham mais condições de desenvolverem-se, de atenderem a demanda, que é sempre crescente. É nas cidades que as pessoas moram. É preciso dar condições para os prefeitos. Além disso, tenho interesse de representar o movimento apaiano, para que as instituições do estado tenham condições de melhorar os serviços que prestam aos alunos especiais.

Notisul – Existe uma expectativa imensa sobre os seus ombros pelo fato de você ser da região e da base governista. Como você vai lidar com isso?
Zé Nei
– Não sou o salvador da pátria. Nem eu, nem ninguém. Não sozinho. As necessidade que temos hoje só serão atendidas se trabalharmos juntos. E isso quer dizer junto com Joares (Ponticelli), junto com a sociedade, com os prefeitos, com os colegas políticos em outras esferas. Segundo: estou completamente consciente das minhas responsabilidades, mas também tenho consciência das limitações do mandato. Deputado não pode tudo, não resolve tudo. Deputado não executa, é um porta-voz. E pode ter certeza que não serei mudo. Não vai faltar, da minha parte, disposição para o trabalho, para defender os interesses do estado e da região, para me unir aos colegas que pensem da mesma maneira, independente de questões partidárias.