“Investi mais do que o feito na última década”

Zahyra Mattar
Imbituba

Notisul – Qual a sua avaliação em relação à coligação que o senhor é o cabeça-de-chapa?
Beto
– Acho que é uma coligação leal e honesta. Leal com os nossos princípios. Honesta pela forma como nos unimos. É a primeira vez na história de Imbituba, nos seus 50 anos, que um prefeito é candidato a uma nova eleição com o mesmo vice. No caso, eu a Léa (Lopes – DEM). Eu não transitei de um grupo político para outro pensando somente na eleição. Mantive-me no mesmo grupo que me elegeu na primeira oportunidade e estou com eles porque nosso objetivo é uma causa coletiva, por Imbituba, e não um interesse eleitoreiro apenas.

Notisul – Quais projetos estão englobados em seu programa de governo?
Beto
– Nosso plano de governo é construído neste momento. Mas o mais importante: eu tenho credibilidade para falar de plano de governo, porque do (plano) de quatro anos atrás, asseguro, 80% foi cumprido. Neste momento, realizamos um novo plano, que será a continuação daquilo que demos início há quatro anos. Não podemos desvencilhar um do outro, porque quem não cumpre um não pode prometer outro. Agora, vamos trabalhar em cima do bom momento que Imbituba vive, dos investimentos que o porto está recebendo, com tudo que orbita ao redor no porto – a especulação imobiliária, a super valorização das áreas de terra próximas, o grande número de empresas que procurar Imbituba para se instalar. A cidade precisa de alguém que tenha visão em longo prazo e não uma visão eleitoreira de quatro anos. A cidade precisa de planejamento

Notisul – Em sua visão, qual a maior necessidade de Imbituba hoje?
Beto
– Desenvolvimento sócio-econômico: geração de emprego e renda para a população. Mas o milagre não ocorre em curto prazo. Não existe como você viver de fantasias. Vou dar um exemplo: não adianta pegar um terreno grande na cidade e chamar empresas para se instalarem e anunciar que 20 empresas estão ali. Isso pode ser fogo de palha, uma fantasia. Tem que planejar com senso de realidade. Imbituba precisa proporcionar às futuras gerações perspectivas concretas. E isto vai ocorrer na medida em que o desenvolvido for consolidado de forma ordenada.

Notisul – Como o senhor avalia os investimentos feitos pelos governos federal e estadual na cidade?
Beto
– Tem sido feito, primeiramente, de forma harmônica. Quando você tem líderes que estão à frente de interesses corporativos e de clientelismos, as coisas funcionam melhor. A minha relação com o governador do estado (Luiz Henrique da Silveira – PMDB), em que pese que ele não seja do meu partido, pelo contrário, é da sigla do adversário, é ótima. O governo do estado tem forte participação em Imbituba porque tem visão de grandeza em relação às suas obras, sua biografia e a sua participação. E o prefeito de Imbituba também sempre teve. Por isso, muitas obras foram conquistadas. Eu nunca fui ao governador pedir em cima de interesses pessoais ou clientelismos políticos. Sempre fui reivindicar obras importantes para o contexto de desenvolvimento da cidade e que vão refletir no desenvolvimento regional. E neste aspecto tive um apoio ao qual serei eternamente grato. Da mesma forma, junto ao governo federal, sempre busquei o melhor retorno para Imbituba. Tanto que hoje temos investimento na área portuária e na recuperação dos molhes.

Notisul – A pesca e o turismo estão entre as principais fontes econômicas de Imbituba. Como desenvolver estas áreas?
Beto
– O turismo em Imbituba sofreu um salto nos últimos anos por dois aspectos fundamentais. Primeiro: infra-estrutura. Imbituba não tinha, há muito tempo, investimentos concretos em áreas pontuais para se desenvolver turisticamente. Por exemplo: a cidade era a ‘sede alternativa’ do WCT (Campeonato Mundial de Surfe). Passou a ser oficial agora porque o canto da praia da Vila recebeu uma estrutura de urbanização que tornou o local um dos três melhores do circuito mundial de surfe. Detalhe: são 11 etapas. Acessos a praias importantes também receberam obras de infra-estrutura em ordem superior a R$ 7 milhões. Outro exemplo: antes, não tínhamos sinalização turística. O cidadão entrava e saía sem saber onde estava. Somente neste ponto, o investimento chegou em R$ 600 mil. Com relação à pesca, temos procurado fazer o que está ao alcance. O grande problema não está nas ações do município, e sim nas da esfera federal. Os órgãos reguladores e fiscalizadores precisam agir em cima da pesca predatória feita em alto mar. É isto que tira o peixe da boca do pescador artesanal.

Notisul – Qual a expectativa de futuro para o porto de imbituba?
Beto
– A melhor possível. Assumi uma cidade com uma cerâmica pré-falida e com o porto mais sucateado do Brasil. Nestes quase quatro anos, o Porto de Imbituba deixou de ser o patinho feio do sistema portuário e transformou-se na grande surpresa, no porto prodígio do Brasil. ‘Descobriram’ que o porto tem concepções naturais fantásticas – um dos melhores calados do país, imagina com a dragagem, ser um dos melhores da América do Sul – uma retro-área de mais de um milhões de metros quadrados, coisa que os outros portos do Brasil não têm. O problema é que não havia harmonia de interesses de todas as esferas de governo e administração para se desenvolver. E isto passou a ter. Tenho convicção de que se você for visitar o porto e entrevistar a administração eles vão dizer: “Tivemos um prefeito que nos pegou pela mão e foi junto buscar o desenvolvimento”. E está aí: a Santo Brasil, o maior terminal de contêineres da América Latina, vai investir em Imbituba – somado ao que pagou para ter acesso ao negócio e o que investirá nos próximos 25 anos – R$ 400 milhões. Anote aí: daqui a cinco anos, Imbituba, seguramente, será um dos pólos de logística de Santa Catarina e do Brasil em função deste momento vivido hoje.

Notisul – A Praia do Rosa foi eleita, recentemente, uma das mais belas baías do mundo. O que isso representa para o turismo no município?
Beto
– O duro é ter que dizer que ela (a praia do Rosa) não foi eleita uma das mais belas do mundo recentemente. Isso ocorreu em 2003 e lamentavelmente Imbituba não deu um passo no sentido de usar isso para o desenvolvimento turístico. Este diploma sequer foi recebido pela municipalidade. Em 2005, quando assumi, tomei conhecimento disto. Foi quando viajei para a Turquia e conquistamos o direito de sediar o encontro em 2007. Disputamos os votos com Canadá e Portugal. Fomos lá humildemente e, no fim, a zebra voltou com o título e com a sede do congresso internacional. Isto nos rendeu um investimento de mais de R$ 500 mil do governo do estado no Rosa. Sem contar a divulgação feita em 30 países que nem sonhavam que isso existia no Brasil. Hoje, colhemos os frutos. Em apenas dois anos, o turismo de observação de baleias cresceu significativamente.

Notisul – O senhor considera positiva sua gestão frente à prefeitura?
Beto
– Não tenho a menor dúvida que nestes três anos e meio de administração não posso discutir a paixão da política. Quem é ligado a partidos, por mais que você faça ou deixe de fazer, decidirá o seu voto e a sua participação no processo de forma passional. Tirando isso, não tenho a menor dúvida de que eu, junto com minha equipe – porque sozinho não faria nada -, ajudei a mudar a cultura política de Imbituba. A cidade não sabia o que era liberdade de expressão. Só tinha uma rádio. E só falava o que o patrão deixava. E o patrão era o prefeito. Hoje, são duas emissoras, o povo participa, reclama, reivindica. Isso é muito importante. Além disso, em qualquer área, podem escolher, asseguro, consegui investir mais em Imbituba do que o feito na última década. Eu desafio qualquer órgão de imprensa a comparar isso, mas de forma contábil, de forma concreta, com apresentação de documentos, porque nos discursos todo mundo, obviamente, fala que é melhor. Eu quero comparar com números, dados estatísticos. E estou à disposição para isso, seja de quem for.

Notisul – Se o senhor não for eleito, que rumos seguirá profissionalmente? Continuará na política?
Beto
– Eu sou uma pessoa muito disciplinada. Não sou um insano em busca de poder. O que sei hoje é que quero ser prefeito de Imbituba novamente. E vou lutar humildemente por isso. Caso eu não vença, tenho um curso profissional a seguir. Não sou um empresário falido, um profissional frustrado. Agora, se vou continuar ou não na política, é prematuro dizer. O certo é que, ou na política, ou na minha vida profissional, eu continuarei sempre trabalhando com as minhas convicções.