“Administrarei com a razão e o coração”

Bertoldo Weber e
Wagner da Silva

Braço do Norte

Notisul – Você tinha consciência de que a eleição seria disputada?
Evanísio Uliano (Vânio)
– Sim. Pelo fato da candidata de oposição ser forte e ter prestado serviços na prefeitura. Ela deixou sua marca. Mas tínhamos certeza de que sairíamos vitoriosos.

Notisul – O pleito terminou e a dupla Vânio e Valberto venceu. Avalie a eleição e a corrida eleitoral.
Vânio
– A eleição transcorreu normalmente, apesar de alguns problemas. Fizemos uma eleição voltada a mudanças e propostas para melhorar a cidade. Não critiquei ninguém, não deixei marcas negativas durante a corrida eleitoral. Não ataquei ninguém. A oposição o fez. Mas, faz parte de uma campanha e no calor da disputa. Aceito a estratégia. O que me deixou feliz é que o povo não aceitou bem isso. A maioria das pessoas optaram por nossa proposta. Ouviremos as pessoas para saber o que realmente querem. Não adianta jogar as coisas de cima para baixo. Precisa ser ao contrário.

Notisul – Qual a estratégia usada para atingir o maior número de pessoas?
Vânio
– Como o tempo para pedir voto era curto, fizemos isso em visitas aos bairros, nos comícios e empresas. Agradeço aos empresários de Braço do Norte que nos atenderam bem e oportunizaram que pudéssemos levar aos funcionários nossa proposta. Pararam as produções e reuniram os funcionários para ouvirem. Assim, atingimos a maioria das pessoas num curto espaço de tempo.

Notisul – Então, reuniões nas comunidades ocorrerão?
Vânio
– Sim. Ouvimos muitas pessoas sobre as necessidades e aquilo que o povo quer que seja feito. Não adianta fazermos um PSF se querem ruas calçadas e vice-versa. Faremos novamente reuniões. Penso que qualidade de vida às pessoas vai além de fazer social. Oportunizaremos que as pessoas possam ter outros benefícios, como uma melhor educação, atendimento médico, o bairro mais bonito, questão de saneamento e opções de lazer.

Notisul – Vânio e Valberto terão liberdade para decidir? Ou há compromissos individuais?
Vânio
– Temos compromisso com a população e com os partidos que formaram nossa aliança. Honrarei os compromissos partidários, mas estou feliz porque terei liberdade para decidir. Quero montar um governo técnico, com competência para elaborar e realizar boas propostas. E, assim, melhorar a vida das pessoas. Os partidos indicarão. Mas, será preciso competência para assumir determinado posto. Se não tiver, não nomearei. E se nomear e não superar as expectativas será substituído.

Notisul – Qual o primeiro passo após assumir em 16 de março?
Vânio
– Temos uma coligação e o propósito é fazer um governo participativo. Não sentamos para definir, mas decidiremos logo quem irá compor e detalhar os caminhos e, assim, realizar o que os braçonortenses almejam.

Notisul – A experiência como presidente da cooperativa ajudará na função de prefeito?
Vânio
– Sim. Apesar de a cooperativa ser privada, presta um serviço de característica pública. Sei que em termos de administração é outra coisa. Mas, tenho consciência e uma das coisas que queremos fazer é melhorar significativamente o atendimento público como hoje ocorre na cooperativa.

Notisul – Você deixará por definitivo o cargo de presidente da Cerbranorte?
Vânio
– Devo ficar licenciado por um tempo, depois voltarei e decidirei se deixo por definitivo ou não. Tenho um carinho enorme pela cooperativa, que vive uma nova fase, a da regulamentação, e precisa ter um cuidado especial para continuar bem. E temos também a usina em construção que, através da geração, produziremos não só energia para nos tornarmos auto-suficientes, mas será um grande ponto turístico. Não tenho dúvida disso.

Notisul – Como e quando será a nomeação dos secretários?
Vânio
– A nomeação deverá sair próximo ao dia 16. Não tenho compromissos com nomes. Tenho, sim, com partidos e quando fechei para que indicassem peças capacitadas aos setores. E isso é importante para que uma administração vá bem. É preciso colocar uma pessoa com amplo conhecimento do setor da saúde municipal na função. Caso contrário, não trará resultados. E se assumir e não trouxer resultados práticos, não permanecerá na equipe. Assim será! Até agora não há nenhum definido. Nos próximos dias, os nomes começam a ser cogitados e serão técnicos.

Notisul – A administração abrirá oportunidades a partidos que não fizeram parte da coligação?
Vânio
– Em primeiro lugar, fomos eleitos pelo povo e administraremos para o povo. Em segundo, devemos valorizar as pessoas que nos deram sustentação política, encaixando no item competência e qualificação. Em relação às nomeações de outras siglas que não são da coligação, há possibilidade. Se as pessoas tiverem competência e estiverem à altura do que o município necessita e o prefeito procura, por que não? Até porque recebemos apoio, não só dos partidos da coligação, mas de pessoas do PMDB, PSDB e DEM, que fecharam apoio à oposição. Não oficialmente, mas indiretamente. E não foram poucas as lideranças. Temos o compromisso com o município.

Notisul – Você administrarão de verdade ou pensarão na possível reeleição ou nos sucessores?
Vânio
– Não penso em reeleição e nem em sucessores. Penso em uma administração marcada da melhor forma possível. Para isso, usarei a emoção e a razão. Sempre fiz isso na Cerbranorte e funcionou bem. Terei pulso firme quando precisar e, ao mesmo tempo, delegarei responsabilidades e cobrarei resultados. Delegar poderes é preciso e acredito que faremos muito por Braço do Norte.

Notisul – O que as pessoas podem esperar de vocês?
Vânio
– Podem esperar dedicação, trabalho, honestidade e transparência. O trabalho será árduo. Sabemos que o setor público é burocrático e difícil de ser realizado. Mas, temos vontade de melhorar a vida das pessoas. Aproveito a oportunidade para agradecer cada voto de confiança e reforçar meu compromisso de fazer o melhor por todos que residem nesta terra maravilhosa.

Notisul – Como será o relacionamento com os vereadores e a mesa diretora?
Vânio
– Acho que não teremos dificuldades. Gosto de trabalhar com pessoas com opiniões diferentes e com representantes de partidos que não fazem parte da coligação. Sempre soube administrar esta questão muito bem na cooperativa, ao longo dos 14 anos. Muitos me criticam sem me conhecer. Depois que me conhecem um pouco mais, mudam de opinião. Neste momento, cito uma pessoa em especial, o já falecido Rainoldo Schmoeller. Um homem com opinião e personalidade forte, com posição partidária forte. No início, questionava-me em alguns pontos e depois de algum tempo entendeu meu jeito de agir e pensar e passou a defender-me. Sei que recebi votos da família e dos filhos de Rainoldo. Sempre tive um respeito e carinho por ele. Depois que ele entendeu a minha forma de administrar, passou a admirar-me também.

Notisul – Um dos grandes problemas do setor público é o atendimento à população. Como fazer com que o funcionário municipal atenda as pessoas com carinho e sorriso no rosto?
Vânio
– No início é conversar, realizar treinamentos, cursos na área e motivá-los a fazer um bom trabalho. Também iniciaremos uma cobrança de responsabilidades de cada um. Não é justo as pessoas pagarem impostos e demais tributos e, ao chegarem numa repartição pública municipal, não serem bem recebidas. Não admitiremos isso. Cobraremos mudanças de hábitos. Todas as pessoas gostam de ser bem atendidas. Sempre exigi que as pessoas que trabalham comigo atendam bem, independente se conseguir resolver a situação solicitada ou não. Vamos para a prefeitura com este objetivo: atender as pessoas com respeito e dignidade. Portanto, trabalharemos para melhorar significativamente esta questão. Sabemos do desafio que temos pela frente, mas é necessário e estamos prontos.

Notisul – Antes de sair o resultado da eleição, você foi ‘pé no chão’ e disse: “Ainda não é o resultado oficial”. Pretende agir com esta postura como prefeito?
Vânio
– Sempre agi com segurança, sou conservador, observador e cauteloso. Sou conservador nas decisões. Quando tomo as decisões, é difícil voltar atrás. Por isso, às vezes demoro um pouco para tomar decisões. Na prefeitura, tomarei decisões seguras e embasadas na lei e em documentos. Aliás, aquilo que precisar ser dito, doa a quem doer, direi.