“A questão do presídio foi muito positiva”

Manoel Viana tem 38 anos. É economista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) e mestre em sociologia política também pela mesma instituição. Trabalhou sete anos em Brasília como chefe de gabinete de um deputado federal da Bahia. Concorreu pela primeira vez em 2012 ao cargo de chefe do poder executivo de Imaruí e foi eleito pelo Partido dos Trabalhadores. Uma das suas bandeiras de campanha foi a não instalação do Complexo Penitenciário no município. 

Jailson Vieira
Imaruí

Notisul – Qual foi a realização mais importante de sua administração até o momento e o que ainda precisa ser feito nesses próximos dois anos?
Manoel –
Nos elegemos com dois compromissos muito importantes para serem executados para a população de Imaruí. O primeiro foi impedir a instalação do Complexo Penitenciário no município. E isso consumiu 11 meses do ano passado com a equipe. Criamos um grupo de trabalho forte para trabalhar esta questão. E a segunda foi outra promessa de campanha, quando nos comprometemos a reabrir escolas. A administração anterior fechou 14 instituições de ensino. Reabrimos em um primeiro momento três escolas e outras duas retornaram até o nono ano. E, fora isso, conseguimos recursos nos governos estadual e federal, que começarão a ser investidos a partir do próximo ano.

Notisul – O senhor conseguiu ‘barrar’ a construção do presídio em Imaruí. Até quando?
Manoel –
Acredito que os encaminhamentos que foram dados, tanto judicialmente quanto administrativamente, são definitivos. Para mim não tem mais volta. Não creio na possibilidade de construção do Complexo Prisional em Imaruí, enquanto estivermos à frente do poder executivo. O que equivale pelo menos até os próximos dois anos. E não sei onde o presídio pode ser construído. Sei que o governo do estado está à procura de um local para implantar o complexo, mas não posso afirmar que seja esta ou aquela cidade.

Notisul – Na época, a secretária Ada falou que a população estaria sendo usada como massa de manobra para os protestos. Por quê?
Manoel –
Realizamos pesquisas rotineiramente em Imaruí e 80% é contra a instalação da penitenciária. Não acredito e não tratamos a população como massa de manobra. Procuramos atender o que o povo pediu e, desta forma, conseguimos dar uma resposta aos moradores. 

Notisul – Por que a oposição queria a sua cassação? Quais os motivos tinha para isso?
Manoel –
A questão do processo de cassação movido pela oposição foi em virtude de uma decisão judicial, no qual determinou o pagamento de R$ 130 mil de indenização para uma pessoa. A juíza no despacho determinou o imediato pagamento a este cidadão. E procedemos desta forma. Fizemos o pagamento parcelado, porém pagamos somente uma parte, porque detectamos que o valor não era de R$ 130 mil, mas somente R$ 89 mil. E, a oposição, no intuito de alcançar o seu objetivo – porque tem um grupo no município que já assumiu a prefeitura por duas vezes desta forma – queria agora fazer o mesmo, entretanto não tiveram êxito. A justiça foi feita no momento correto. A juíza da comarca determinou que não havia motivo algum para que houvesse o processo de cassação, uma vez que seguimos a lei e a sua determinação no sentido do pagamento da dívida. Apenas cumprimos o que foi estabelecido.

Notisul – Sobre a realização de obras, a exemplo da revitalização da SC-437. Quando iniciam os trabalhos?
Manoel –
A SC-437 é uma luta de dois municípios, de Imaruí e de Pescaria Brava. O prefeito Antonio Honorato, da cidade vizinha, nós e a população trabalhamos para isso. Estamos na batalha e mobilizamos toda a sociedade. Tanto é que a Associação dos Municípios de Laguna, a Amurel, trabalha neste projeto, que é de extrema importância para o desenvolvimento da região sul, uma vez que essa rodovia será uma alternativa em momentos de pico na BR-101 e no verão, quando estiver congestionada. Esta rodovia deve sair em torno de R$ 60 milhões. A obra deverá ficar pronta em aproximadamente cinco anos, pois existem muitos locais difíceis de viabilizá-la.

Notisul – Como o Partido dos Trabalhadores alcançou o poder, sem nunca antes ter conseguido?
Manoel –
Foi a nossa experiência em Brasília, onde trabalhamos durante sete anos no governo Lula. Depois tivemos outro ponto positivo ao trabalhar na câmara dos deputados, na qual fui chefe de gabinete de um deputado da Bahia. Ainda – e que colaborou muito certamente – foi a questão de estarmos à frente da luta pela não instalação do Complexo Penitenciário em Imaruí. Isso nos capacitou a colocar o nosso nome à disposição e, além disso, a nossa vitória foi a maior diferença de votos no município desde a implantação das urnas eletrônicas.

Notisul – Muitas pessoas da cidade falam que Imaruí admitia apenas a troca de poder entre duas famílias. Qual sua avaliação sobre isto? 
Manoel –
Essa é uma característica local, na qual as famílias que assumiam o poder criavam todo um mecanismo de dominação da população e impediam que outras pessoas colocassem os seus nomes à disposição. Teve um grupo que governou o município durante 66 anos, de 1930 até 1996, depois outras famílias se alternaram no poder, mas o processo de 96 para cá foi mais prejudicial à cidade. Porque de 1992 em diante foi iniciado um processo de cassação de prefeitos injustamente, de judicialização da política. E, neste processo, nenhum desses prefeitos alcançou a reeleição.

Notisul – O senhor assumiu o compromisso de instalar o Samae. Quando deve ficar pronto e qual será o valor?
Manoel –
A cidade de Imaruí deve ser a única da região da Amurel que ainda não tem água tratada e sofremos com dois problemas: a qualidade do líquido que é ruim e também a sua falta. Trabalhamos há dois anos em um projeto. Constituímos a companhia municipal de saneamento e a ideia é de que até julho do próximo ano esteja em funcionamento. Em breve esta obra sairá do papel e a população terá água potável de qualidade para beber, fazer a alimentação e utilizá-la da melhor maneira possível.

Manoel por Manoel
Deus
– Tudo.
Família – Base da sustentação diária.
Trabalho – Dedicação total.
Passado – Temos que nos orientar para o futuro.
Presente – Uma dádiva de Deus.
Futuro – Trabalhar muito.

" A população merece água tratada e de qualidade. Desde o início desta gestão, procuramos levar melhorias e esta será mais uma que entregaremos em breve "