“A odontologia brasileira é uma referência mundial”

Marcelo Tomás de Oliveira é atualmente o coordenador do curso e odontologia da Unisul, em Tubarão, onde também é professor em nível de Graduação e Stricto Sensu. A Cidade Azul é a sua morada, onde vive com a esposa e dois filhos. Ele atua como dentista em seu consultório e na saúde pública do município. A sua formação profissional é extensa: graduação em odontologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), é especialista em ortodontia e odontopediatria, mestrado em materiais dentários pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e doutorado em dentística pela Ufsc. É coordenador do Grupo-Nupebio. Tem experiência na área, com ênfase em ortodontia/odontopediatria, materiais dentários, e atua, principalmente nos temas: bruxismo, bruxismo do sono, materiais restauradores, compósitos, clareamento, estética e toxicidade.

Mirna Graciela
Tubarão

Notisul – Você está desde janeiro deste ano na coordenação do curso de Odontologia da Unisul de Tubarão. Como surgiu o convite?
Marcelo
– Acredito que pela minha trajetória e envolvimento dentro da universidade. Já atuava como vice-coordenador há seis anos e leciono desde a criação do curso até hoje. Por isso, já tinha mais ou menos conhecimento da dinâmica. Trabalho tanto com a graduação como a pós-graduação. Além de professor do curso de odontologia, dou aula também no curso de mestrado em saúde da universidade, onde estamos com um processo de credenciamento de um curso de doutorado nesta área, onde também me dedico.

Notisul – Desde quando existe o curso de odontologia na Unisul de Tubarão, como é a procura e quantos alunos o frequentam hoje?
Marcelo
– Esse curso foi criado em 1998. A primeira turma iniciou no ano seguinte. Portanto está completando quase 15 anos de existência. A procura se mantém estável há bastante tempo, todas as turmas sempre são fechadas com relativa facilidade. Quanto à quantidade de estudantes, isto oscila de semestre para semestre. Mas são em torno de 270 a 290 alunos no total.

Notisul – E as primeiras escolas de Odontologia, quando foram criadas?
Marcelo
– A primeira escola exclusivamente de odontologia, onde existe um museu dedicado a um dos ícones da área, chamado Charles Black, foi fundada nos Estados Unidos, na cidade de Baltimore, por volta de 1840. Em Santa Catarina, a primeira escola de odontologia, no Instituto Polytechnico, funcionou de 1919 a 1933, e retornou em 1946 como Faculdade de Farmácia e Odontologia de Santa Catarina. Em 1960, foi criada a Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc). Então separaram-se os cursos de farmácia e odontologia.

Notisul – Assim que você assumiu a coordenação, o que foi estabelecido como meta?
Marcelo
– Primeiro de tudo, dar continuidade ao trabalho feito com êxito pelo coordenador que me antecedeu e tentar buscar outras etapas para o curso de odontologia. Por exemplo, uma delas, bastante importante, é a implantação de cursos de pós-graduação que chamamos iato sensu, que são os que o profissional graduado vai buscar para completar alguma especialidade. Hoje, nós temos o curso superior e o stricto sensu, em que o curso de odontologia está vinculado diretamente, que é uma pós-graduação. Ele está inserido junto a outros cursos de saúde da universidade, onde temos médicos, bioquímicos, odontólogos, todos trabalhando juntos em um mesmo mestrado. Então, uma das metas, que considero a principal, é conseguir estabelecer algumas pós-graduações em nível de iato sensu, de acordo com as necessidades do mercado e, obviamente, com o interesse de nossos acadêmicos e egressos. Outra finalidade é incrementar as jornadas acadêmicas existentes desde a criação do curso. Nesta atividade, recebemos palestrantes de referência nacional e almejamos uma participação em conjunto com os acadêmicos para, cada vez mais, desenvolver este tipo de trabalho e integrar alunos, corpo docente, comunidade e da região, para buscar este tipo de formação complementar junto à universidade.

Notisul – Como você analisa a área no mercado de trabalho em Tubarão e região?
Marcelo
– Todos os acadêmicos que graduamos até hoje, cerca de 500, trabalham, investem e ganham a vida com a odontologia. O mercado se transformou bastante, tenho como parâmetro de quando me formei, há 23 anos. Agora, também não podemos negar que ocorreu um acesso muito grande da população ao tratamento odontológico. Talvez este seja o segredo de vermos todos estes acadêmicos – alguns com mais facilidade, outros não, com um maior tempo, mas conseguem se estabelecer. No entanto, também temos profissionais que aqui se formaram e atuam no Ceará, Alagoas e outros estados. Assim, como há aqueles que fazem mestrado, doutorado, entre outros. Inclusive, temos professores na Unisul que são egressos, ou seja, nossos ex-alunos.

Notisul – Os alunos do curso de Odontologia prestam atendimento à população. Como isto funciona?
Marcelo
– A prática começa a partir da terceira fase, onde se inicia a parte profissionalizante. Os pacientes que nos procuram são recebidos, preenchem uma ficha de cadastro e, depois, passam por uma triagem. Todos os procedimentos são gratuitos, porém sempre de acordo com a necessidade da universidade, das disciplinas e dos acadêmicos, pois é importante lembrar que se trata de uma escola. As pessoas recebem o atendimento conforme a especialidade clínica que o aluno está apto a realizar, pelo nível que está e com as necessidades da unidade de aprendizagem. A demanda da procura é bastante grande. Fizemos algo em torno de dois mil procedimentos por mês. Os interessados devem se dirigir ao setor de recepção de odontologia, onde receberão mais informações.

Notisul – Quanto à evolução da odontologia, como foi este processo nos últimos anos?
Marcelo
– Quando falamos em pesquisa, a odontologia é uma das referências em quantidade de publicações científicas, tem lugar de destaque dentre as áreas temáticas neste sentido, nacionalmente e internacionalmente. É uma das especialidades que puxa o índice no Brasil para cima. Não são poucos os colegas que lecionam fora do país. No Canadá, nos Estados Unidos, em Portugal e outros tantos. O respeito que existe pela odontologia brasileira é muito grande. Isso não foi construído de dois, três anos para cá. Mas sim desde a criação dos primeiros cursos de odontologia. É claro que este processo foi mais acelerado a partir do momento que o Brasil abriu as portas e começou a fomentar e incentivar os intercâmbios, facilitando o fluxo de pesquisadores, filósofos e pensadores. A odontologia brasileira, não tenho a menor dúvida, é referência em todo o mundo.

Notisul – E a prevenção, as pessoas estão mais conscientes?
Marcelo
– Hoje as pessoas estão mais conscientizadas. E se sairmos da saúde bucal notamos que a expectativa de vida da população brasileira aumentou consideravelmente nos últimos anos. Isto porque os cuidados cresceram, a realidade é outra. E a boca não está separada do corpo. O acesso mais fácil à informação e às novas tecnologias, são fatores que contribuíram para esta atenção. Assim como novos profissionais e novos cursos de graduação, e os programas de saúde pública. Um exemplo básico desta consciência é a cárie, uma doença passível de controle pela prevenção. Existem outros problemas em saúde bucal que efetivamente não conseguimos ter o domínio total e vamos precisar de uma intervenção, mas em grande parte há como fazer isso, chegar antes para reduzir os impactos da doença.

Notisul – Por que um tratamento dentário é caro em alguns procedimentos?
Marcelo
– Não é caro. Qualquer tratamento de saúde com mais complexidade tem um custo maior. O tratamento da necessidade básica da população pode ser alcançado no sistema público de saúde. Obviamente que, em alguns procedimentos, as pessoas não encontram este benefício. Por exemplo: o que é mais importante para a população? É isto que temos que fazer uma análise final. Ter acesso gratuito a um implante dentário ou acesso a tratamentos que evitem a necessidade do implante pela prevenção? Estes serviços de alta complexidade devem existir, mas são de referência. Em outra área, nem todos os pacientes vão precisar de uma safena, de uma cirurgia mais delicada, mas se eles tiverem um controle no serviço básico de saúde, muita dessa demanda poderá ser evitada.

Marcelo por Marcelo

Deus – Base do ser humano.
Família – Base do ser humano na terra.
Trabalho – A fonte de lazer. Se não for é escravidão.
Passado – Boas lembranças.
Presente – Bastante trabalho.
Futuro – Paz e saúde.

"As jornadas acadêmicas são de extrema importância e possuem diversos enfoques, desde o aspecto organizacional, onde nós professores servimos como sustentação e apoio para os alunos. Ou seja, aquelas pessoas que têm experiência e sabem como são essas jornadas. Essa congregação funciona como fomento para esses alunos. Eles sabem que, quando estiverem na 8ª fase do curso, que é a penúltima, terão que organizar essa jornada. Então, os acadêmicos aprendem como constituir esse processo. Isso, algumas vezes, reverte, além do conhecimento de como se faz, em fomentos para eles. Mas o principal objetivo é fazer com que os alunos aprendam como se organiza uma jornada acadêmica. Junto a isso temos todo o conteúdo científico. Este ano ocorrerá de 20 a 25 de outubro, quando o último dia coincidirá com o Dia do Cirurgião Dentista."

"Sou extremamente realizado em atuar como professor. Sempre tive essa vontade e a Unisul me proporcionou isto. Não é porque sei que conseguirei passar o conhecimento. Tenho que saber como ensinar. Por isso fui buscar as especializações."

"A odontologia tem uma importância fundamental na saúde do ser humano”.

“A odontologia é uma profissão que trabalha com o sorriso. E não há como negar, o sorriso de uma pessoa é a expressão da sua alma”.