“A atual administração não cumpre com a lei orgânica municipal”

Nilton Campos é natural de Tubarão, formado em gestão pública pela Faculdade Uninter, do Paraná. Tem 56 anos, é casado e tem dois filhos. Como político, já foi secretário de infraestrutura da prefeitura de Tubarão nas gestões do PSDB. No legislativo, está em seu terceiro mandato. No último pleito, recebeu 1.421 votos. Entre os vereadores reeleitos, foi o mais votado.

Rodrigo Speck
Tubarão

Notisul – O senhor já foi secretário de infraestrutura da prefeitura e vereador por três mandatos. Qual a diferença entre as duas funções? 
Nilton – Eu fui vereador de situação e fiquei um bom período como secretário nos governos do PSDB em Tubarão. O secretário de infraestrutura é muito mais cobrado pela população. Quando você é governo, é muito mais questionado, em função de que tem mais condições de resolver os problemas. E hoje, como vereador, eu também sou cobrado, principalmente pelos eleitores.

Notisul – É muito difícil ser vereador em uma cidade como Tubarão?
Nilton
– Não é que seja difícil, acho que qualquer função tem o seu grau de dificuldade. Agora, como legislador, você tem que ter um empenho extra para desempenhar esta função da melhor maneira possível. Tubarão é uma cidade de médio porte, com aproximadamente 100 mil habitantes e vários problemas. Problemas que precisam ser solucionados. Mas eu acredito que, com um trabalho em conjunto no poder legislativo, nós conseguimos atingir nossos objetivos. Eu considero que muitas das ações que executamos nestes três mandatos foram importantes para a cidade.

Notisul – Que tipos de problemas o senhor vê na cidade hoje?
Nilton –
Temos muitos problemas que precisam ser resolvidos. É uma cidade de médio porte, que está em crescimento. Nós temos dificuldades que são comuns na maioria das cidades do país. É a questão da mobilidade urbana, do plano de saneamento básico, do destino correto do lixo. O saneamento e o lixo são questões que precisam ser vistas como muito cuidado, muita responsabilidade. Mas todas as questões são sérias e não podem ser deixadas de lado ou resolvidas sem celeridade. Temos a questão da infraestrutura, que não é boa. Tem muita coisa que precisa ser arrumada.

Notisul – Como o senhor classifica o seu trabalho como vereador?
Nilton –
O vereador, ao longo do tempo, ficou responsável por várias funções, inclusive de assistência social. Às vezes, você precisa resolver um problema da coletividade. Em outras situações, o legislador precisa administrar questões individuais. Tem sempre aquela pessoa que precisa de ajuda na área da saúde, na área da educação, então, você também procura encaminhar estas situações. Mas a gente tem mesmo é que fazer um trabalho de fiscalização e legislação, já que estas são as funções do poder legislativo.

Notisul – Quais projetos o senhor teve participação na câmara que foram importantes para os tubaronenses?
Nilton –
Nos três mandatos, tive contribuições importantes. Primeiro, tive um envolvimento muito grande na questão do credenciamento do Hospital Nossa Senhora da Conceição (Hnsc) para o tratamento de quimioterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Depois, participei da aprovação no nosso plano de saneamento básico. E agora, neste terceiro mandato, um dos trabalhos que foram muito importantes e que envolveu todos os vereadores foi em função do plano diretor da Cidade Azul. Foram feitas audiências públicas e nós conseguimos, no fim do ano passado, aprovar o nosso plano diretor. Eu considero estas as ações de suma importância para o desenvolvimento do município.

Notisul – O senhor faz oposição. Como avalia o trabalho da atual administração?
Nilton –
Um dos maiores problemas da atual administração é a falta de informação, a atual administração não cumpre com a lei orgânica municipal. Nós temos cobrado isso desde o ano passado. Mas era o primeiro ano deles. E eles estavam em fase de adaptação. Mas nós estamos no fim do segundo ano e os problemas continuam. Todo ano, se faz uma apresentação de metas fiscais e depois, quando vem o balancete, você vê a diferença de arrecadação, uma receita tributária em torno de R$ 5 milhões. Então, percebe-se que foram coisas forjadas, para poder cumprir datas. Estamos hoje sem os balancetes de junho, julho, agosto e já venceu setembro. Então, não se consegue fazer uma análise do próprio orçamento, em função da falta de dados. O balanço de 2013, que teve prazo de entrega em 31 de março passado, só foi protocolado com seis meses de atraso. E o secretário de gestão deu como justificativa que os documentos estavam para ser encadernados. Isso é falta de respeito!

Notisul – Isso quer dizer que a atual gestão trabalha na ilegalidade?
Nilton –
Ou é falta de conhecimento, ou é incompetência, que eu não acredito que seja, ou a atual gestão se considera acima da legislação. Mas isso já é uma prática do governo federal. Nós temos cobrado veementemente na câmara sobre a falta de cumprimento da lei orgânica. E vamos continuar a fiscalizar.

Notisul – Faltam dois anos para o fim do mandato na câmara e na prefeitura. Como o senhor acredita que será o trabalho a partir de agora?
Nilton –
Nós encaminhamos alguns requerimentos para a mesa diretora, que irá avaliar as situações, para ver quais os caminhos devemos tomar. Os poderes precisam ser harmônicos e se respeitarem. Nós cumprimos a legislação e esperamos que o executivo também cumpra. Eu sempre digo: se a lei não está de acordo, você modifica a legislação. Mas enquanto existir a lei devemos respeitá-la. 

Notisul – Qual é a importância da comunidade no trabalho do legislativo?
Nilton –
O nosso trabalho é feito para a comunidade. A comunidade é muito importante, porque nos repassa as suas necessidades e nós tentamos fazer com que as coisas tenham celeridade. O vereador tem aquele espaço para poder dar encaminhamento aos projetos. Agora, a comunidade tem que trazer as ideias. Quem tem bons projetos deve trazer até o vereador, para que os anseios possam se transformar em lei. Não é o vereador que vai ter o conhecimento de tudo, mas ele está lá para ser um instrumento para que a comunidade utilize esse espaço. Seja para cobrar ou trazer sugestões e ideias em benefício de todos. 

Nilton por Nilton 
Deus
– É tudo.
Família – A minha base.
Trabalho – Meu objetivo.
Passado – Aprendizado.
Presente – É o que importa.
Futuro – Depende de como vivemos o presente.

 

"Eu sou um elo entre o povo 
e o poder executivo. Minha 
função é fiscalizar e legislar".