Wellington Brasil Ribeiro: “É uma honra estar à frente de uma entidade tão antiga e com tanta credibilidade”

Wellington Brasil Ribeiro tem 42 anos, é natural de Tubarão. Ele é empresário, engenheiro civil formado pela Unisul, graduado em Física e Matemática pela Unesc, com mestrado em Gerenciamento em Marketing pela Ufsc. Atualmente, atua como professor de Matemática em um colégio na Cidade Azul, o qual é proprietário. Não bastassem todas as ocupações, ele também é o atual presidente da Liga Tubaronense de Futebol (LTF). De 2015 a 2019, Wellington estará à frente do comando da instituição tubaronense. Ele contou que o intuito é permanecer e poder implantar muitas novidades, além de modernizar o futebol amador. Conforme ele, nada foi fácil, mas com muito trabalho as conquistas têm sido alcançadas. É e pai de dois filhos, Brendonw Brasil Ribeiro, 20 anos, e Celso Brasil Ribeiro, 19.

 

Jailson Vieira
Tubarão

Notisul: Como chegou à Liga Tubaronense de Futebol?
Brasil: A minha posse ocorreu no dia 31 de março de 2015 e um dia depois já assumi a entidade. Antes de estar à frente da LTF, ela contava com apenas dois campeonatos, o Municipal, o Citadino, o qual contava com somente uma categoria e seis times no máximo e o Regional, que é o campeonato do segundo semestre, era praticamente um municipal federado. Havia seis ou sete equipes no máximo e só tinha uma categoria, a primeira divisão. De lá para cá, a nossa diretoria sabia que seria um trabalho árduo, complicado de se realizar, porém, com organização, seriedade, inclusão e compromisso. Com isso temos feito boas competições.

Notisul: Quais as mudanças ocorridas neste período com a arbitragem e também para dar mais visibilidade ao futebol amador?
Brasil: Vários pontos positivos vieram para somar na LTF. Hoje, por exemplo, os nossos árbitros, quando vão apitar em Armazém, Treze de Maio, Jaguaruna ou mesmo aqui em Tubarão, eles vão uniformizados. Todos têm abrigo, roupa de passeio e carteira de árbitro. Fizemos tudo isso para dar identidade à instituição. Foram confeccionadas bandeiras para os jogos. Eram coisas que não tínhamos e em outras competições não se tem. Acompanho a Copa Sul, assim como vou com a delegação de algumas equipes e podemos notar a arbitragem que chega sem uniforme, no meio dos jogadores e torcedores. Nunca sabemos quem é quem. Já os nossos não são diferenciados, eles já chegam com a roupa da LTF. Tudo isso nós fizemos para somar e agregar na instituição.
Implantamos também a assessoria. Desde quando assumimos resolvemos investir neste trabalho. O assessor vai atrás das matérias, atualiza o site e desta forma temos acertado. Está dando certo. A LTF é uma instituição sem fins lucrativos e os trabalhos são realizados por paixão e pelo esporte, neste caso, o amador. E o assessor veio para tirar um peso das costas do presidente. É por meio dele que temos acesso aos veículos de comunicação. Recentemente, o nosso site mudou, temos desde 2015. Já são mais de 200 mil acessos. Vejo como bastante coisa, isso que o nosso futebol amador não é tão divulgado.

Notisul: Como é comandar a Liga e algo que estava ‘perdido’, pode ser recuperado como alguma competição que não era mais realizada?
Brasil: A LTF completou 78 anos no último dia 31 de março, e para mim é uma honra estar à frente de uma entidade tão antiga e com tanta credibilidade. Além disso, conseguimos colocar em prática tudo aquilo que anteriormente foi traçado pelo grupo como meta. O sucesso que chegou a Liga atualmente tem a participação dos árbitros, equipes, torcida e diretoria.
A Liga é uma das mais antigas de Santa Catarina, acredito que a de Joinville seja a pioneira atualmente. Desde 2015, estamos comandando outros campeonatos. A LTF já organizava as competições em Treze de Maio há oito anos, mas as atividades se encerraram. Com a minha chegada à instituição, voltamos para lá e estamos no segundo ano de atividades e também organizamos a competição em Armazém. Nesta última cidade, o público tem comparecido em massa. Os moradores acompanham mesmo com uma vontade grande. Os árbitros gostam muito de apitar naquele município. Assim como em Treze de Maio. Notamos que as cidades são pequenas, mas tem um público enorme. O nosso objetivo é que essa torcida permaneça e aumente ainda mais este prestígio ao futebol amador. Há muitos jogos interessantes e bonitos de se ver.

Notisul: Todos os envolvidos atuam de maneira voluntária? A violência dentro e fora do campo, como é banida?
Brasil: Nas últimas competições, os campeões foram conhecidos em campo. Temos a comissão interdisciplinar da Liga. Ela é composta por cinco auditores e um procurador, a maioria deles é de advogado e todos eles atuam de maneira voluntária. Quando é necessário realizar algum julgamento, analisar alguma jogada, os atletas ficam mais alterados e é preciso intervir e acabar com a violência dentro da partida e no estádio como um todo. Realizamos um julgamento e este trabalho vem moralizando o futebol, e isso é bom para a competição. Este é o terceiro campeonato que estamos promovendo e é perceptível o crescimento e a qualidade das equipes. Nesta temporada, por exemplo, todos os grupos participaram de jogos amistosos.

Notisul: As competições para os atletas mais jovens… O senhor também pensou em um campeonato para este público?
Brasil: Voltamos com o aspirante. Há mais de dez anos, não havia partidas do sub-18. Estamos e queremos sempre incentivar os jovens da nossa sociedade. É muito bom que esta parcela da população da nossa região possa praticar um esporte para não ficar com o tempo ocioso e, desta maneira, ficar vulnerável há situações adversas. Além disso, reciclamos jovens que almejam fazer parte da arbitragem, começar como delegado, assistente e até apitar.

Notisul: Como é o quadro de arbitragem? E onde estão inseridos os jogos com esses garotos do sub-18?
Brasil: Hoje, a LTF é uma das principais ligas do Sul do Estado, possui oito árbitros federados, um aspirante Fifa, o Bráulio da Silva Machado, que apitou o jogo de volta da final do Catarinense entre Avaí e Chapecoense, temos um CBF, o José Roberto Larroyd. Todas as quartas-feiras realizamos reuniões, nelas discutimos todos os pontos, o que podemos melhorar e onde erramos, temos palestras… Tudo isso qualifica o nosso campeonato, as pessoas envolvidas e quem ganha com estas ações é o futebol e a Liga. Estamos nas partidas finais em Armazém, e em Treze de Maio as competições estão na primeira fase. Em Tubarão, a abertura da rodada será neste fim de semana, entre Maraton e Vila Real. E também daremos início ao Citadino. Antes das partidas dos times principais, teremos uma preliminar do sub-18 dos times que duelarão naquele dia. As preliminares iniciam às 13h30min, com partidas de 30 minutos nos dois tempos. Posteriormente a esses jogos começam os principais. Nesta temporada, serão dez times no sub-18 e dez no elenco principal. Há muito tempo isso não ocorria em competições em Tubarão lideradas pela Liga. Acredito que este número bom de equipes participando é porque a LTF está mostrando resultados, organização, trabalho e o pessoal que gosta das coisas bem organizadas estão conosco e voltando. A Ponte Preta de Bom Pastor é um exemplo disso. Estava longe das competições há mais de dez anos e retornou agora.

Notisul: Desde a sua chegada à presidência foi implantada a Copa Máster. Quando ocorrerá? E não falta uma competição feminina?
Brasil: Vamos realizar a Copa Máster, que está na sua terceira edição. Nela, só podem atuar atletas com idade mínima de 40 anos, com nascimento em 1977. O goleiro, liberamos aos nascidos até 1987, e esse ano a novidade é que apenas os jogadores da Associação dos Municípios de Laguna, ou seja, a Amurel podem atuar. Antes, os atletas de outras regiões, como Criciúma e Araranguá estavam participando. No início do mês, realizamos uma reunião na sede da LTF e lá decidimos as formas de disputa e o número de equipes. Pretendemos realizar também o campeonato feminino. Estamos divulgando muito essa iniciativa e apostamos que este trabalho vingará. Acredito que entre as ligas de Santa Catarina seremos os pioneiros, estamos trabalhando muito para que os nossos objetivos sejam alcançados. Mas como no Brasil, o futebol feminino não tem apoio. Há muitas equipes, mas infelizmente faltam investimentos, e para fazer um campeonato temos custos. Neste caso, elas pagariam uma taxa simbólica de inscrição, porém, é necessário quitar a arbitragem e algumas equipes estão com dificuldades neste quesito. Já estamos fazendo um preço bem acessível para que a competição ocorra realmente. A reunião arbitral também está marcada para este mês. A Copa Máster e o Feminino têm previsão de iniciar em julho, ambas devem ter a diferença de uma semana talvez. O quarentão terá jogos nos domingos pela manhã e as mulheres farão as partidas no sábado à tarde.

Notisul: O Regional, quando ocorrerá? E quais as novidades para esta temporada?
Brasil: O Regional é outra competição que veio para somar. Antes, apenas cinco ou seis grupos participavam. Agora, temos um número de dez equipes nas competições. Vários times da Amurel querem estar na primeira divisão, contudo, o regulamento tem que ser respeitado. Só podem chegar à primeira divisão se passar pela segunda. Porque a Série B, por exemplo, não é federada, já a Série A sim. Outra diferença é que no Regional pode trazer atletas de qualquer lugar, é livre. Nesta temporada, subirão dois para a primeira, assim como cairá dois para a segunda. Antigamente, quem queria participar do Regional era só estar nas reuniões e estava tudo certo. Porém, as coisas mudaram. A primeira e a segunda divisões do Regional iniciam em setembro. A Série A inicia nos primeiros dias, e a B duas semanas depois. No ano passado, a segunda divisão apresentou uma qualidade muito boa dos atletas e das equipes. O nível da competição era muito forte. Comparava-se com vários campeonatos. Na segunda divisão só não podem participar da nossa primeira, mesmo não sendo federada, esta competição oferece também vagas para a Copa Sul. Também temos o objetivo de realizar em breve a Copa Amurel para substituir a Copa Sul.

Notisul: No último ano, você e outros dirigentes tentarão realizar um novo campeonato. O que não deu certo?
Brasil: No ano passado, pleiteamos a nossa vaga porque quem é campeão na Copa Sul alcança uma vaga no Estadual de Amadores. São cinco equipes de todo o Estado. Queremos que a Copa Sul se modifique porque temos que competir com Criciúma. Desta forma, o grupo da Amrec alcançaria uma vaga e o da Amurel nos campeonatos de Tubarão, Laguna, Braço do Norte e Imbituba, uma dessas cidades teria a outra vaga. Buscamos, mas a direção entendeu que aquele não era o momento, no entanto, não desistimos e vamos continuar almejando esta situação. O nosso foco era qualificar os campeonatos e conseguimos fazer isso e dar prioridade às nossas equipes. Mas para um campeonato organizado todos os envolvidos devem ser do mesmo estilo.

Notisul: Falamos anteriormente em violência. Haverá alguma punição somente ao atleta ou ao time também?
Brasil: Queremos banir qualquer forma de violências nos jogos. Dentro de campo, não somente o atleta terá uma punição, mas a equipe também sofrerá a sua consequência. Por isso que dentro do vestiário e na preleção é necessário fazer com que os jogadores tenham a consciência que aquilo é algo sadio e não um campo de guerra. E com isso, eles darão um bom exemplo aos mais jovens e à família. Muitos pais que estarão com os seus filhos do sub-18 ficarão para assistir as partidas posteriores. Assim como o sub-18, deverá atuar no futebol limpo e sadio. Além disso, prezamos pela segurança do árbitro, dos atletas, dos torcedores. Se todo o dirigente conscientizar a sua equipe, expor as regras e dar limites, todos os jogos serão um espetáculo.