Entidades médicas defendem ampliação da faixa etária para mamografia

Foto: Rodrigo Nunes/MS - Divulgação: Notisul

Recentemente, entidades médicas como o Colégio Brasileiro de Radiologia, a Sociedade Brasileira de Mastologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia apresentaram um parecer à ANS, propondo a ampliação da faixa etária para a realização da mamografia de rastreio. Elas argumentam que, com o aumento de casos de câncer em mulheres mais jovens e a maior agressividade dos tumores nessa faixa etária, é fundamental estender os exames para mulheres entre 40 e 74 anos.

  • Aumento de casos em mulheres jovens: Em 2024, 22% das mortes por câncer de mama no Brasil ocorreram em mulheres com menos de 50 anos.
  • Custo-benefício do diagnóstico precoce: O parecer aponta que o diagnóstico precoce reduz os custos com tratamentos mais avançados e oferece melhores resultados.
  • Impacto positivo no tratamento: Tumores detectados precocemente apresentam características menos agressivas e demandam menos intervenções, como quimioterapia.

O que dizem os especialistas

Embora as entidades médicas defendam a ampliação, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) ainda tem reservas sobre a proposta. O diretor-geral do Inca, Roberto Gil, destaca que, embora o diagnóstico precoce seja importante, o rastreamento em mulheres abaixo dos 50 anos pode não ter eficácia comprovada, apresentando um risco maior de sobrediagnóstico e de intervenções desnecessárias.

  • Preocupação com falsos positivos: Mulheres abaixo de 50 anos têm maior densidade mamária, o que aumenta a chance de resultados falsos positivos e procedimentos adicionais desnecessários.
  • Resistência ao aumento da faixa etária: Para o Inca, aumentar a faixa etária para rastreamento poderia sobrecarregar o sistema de saúde e dificultar o acesso ao exame para as mulheres já dentro da faixa etária recomendada.

A realidade do rastreamento no Brasil

Embora a mamografia seja um exame essencial, a cobertura no Brasil ainda apresenta desafios. De acordo com a última pesquisa do IBGE, menos de 60% das mulheres entre 50 e 69 anos realizaram a mamografia nos últimos dois anos. Essa disparidade é ainda mais visível nas regiões mais carentes.

  • Cobertura desigual: A rede privada apresenta melhores resultados, com 53% dos tumores detectados precocemente.
  • Desafios na rede pública: No Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de 77 mil mulheres aguardam para realizar o exame.

A ANS ainda analisa as contribuições recebidas na consulta pública e deve tomar uma decisão sobre a proposta em breve.