Dia da Consciência Negra: A luta contra a desigualdade social e o racismo ainda é grande

Tubarão/Braço do Norte

“Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”, afirmou Albert Einstein. A frase é antiga, porém ainda é muito recorrente nos dias atuais. Nesta quarta-feira (20), comemora-se o Dia da Consciência Negra. A data lembra a morte do líder Zumbi dos Palmares, que lutou contra a escravidão no Nordeste. Em todo o Brasil, ações ocorrem desde o último dia 1º para lembrar e destacar a luta dos negros contra a discriminação racial e a desigualdade social.

A celebração tem o intuito de buscar a reflexão sobre a posição dos negros na sociedade. Sabe-se que foram implantadas no país políticas públicas que ajudaram a diminuir as desigualdades e que levaram as pessoas a se conscientizarem um pouco mais, no entanto, as gerações de afro-brasileiros que sucederam à época da escravidão ainda convivem com preconceito discriminação social. O preconceito, o racismo e a desigualdade social é gritante.

Segundo o advogado, ativista político, palestrante e professor, Rafael Prudêncio Pereira, de Braço do Norte, a data é simbólica, importante, de rememoração e de reflexão. “É importante que estejamos atentos e devemos refletir sobre o que queremos enquanto seres humanos inseridos em uma sociedade. Vivemos 365 dias de luta, de conscientização, de trabalho, de politização e de puro ativismo. É importante fazermos das nossas vidas um Quilombo de Palmares e de resistência. Que sejamos todos um Zumbi e uma Dandara de Palmares. Que tenhamos a fascinação, o amor e a idolatria incondicional pela liberdade. Esse é um valor incondicional para o nosso povo e não podemos abrir mão disso”, observa.

Ele afirma que não se pode permitir que novas expedições com o intuito de extinção e expedição como foi a de Palmares. “Neste atual momento político vejo que novas expedições para destruir políticas púbicas de inserção e de inclusão da nossa população. Temos que continuar atentos e nos libertarmos de amarras e algemas”, assegura.

Quase metade da população negra possui empregos informais, cerca de 46,9%, conforme os dados mais recentes, deste ano, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Em contrapartida, o percentual entre brancos é de 33,7%. O processo racista no Estado e na sociedade brasileira não acabou com a Lei Áurea, ele continua de diversas formas. A maior consequência do racismo e da escravidão no país é o enorme número de pessoas negras que vivem à margem da sociedade, em condições precárias. O racismo estrutural do Brasil, conforme a professora e coordenadora municipal de promoção da igualdade racial, em Tubarão, Aleida Cardoso, afeta principalmente as mulheres negras no âmbito do acesso ao serviço público e ao mercado de trabalho. “A mulher negra em uma situação de pobreza muitas vezes tem que gerir a casa e cuidar dos filhos sozinha. Isso dificulta a inserção dela no mercado de trabalho”, pontuou.

Apesar da menor presença da população negra no mercado de trabalho formal, pela primeira vez no Brasil, jovens negros e negras são maioria nas universidades federais, segundo pesquisa divulgada em maio pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Eles representam 51,2% dos estudantes de universidades públicas. De acordo com a Andifes, o crescimento na quantidade de estudantes negros se deu principalmente com a Lei de Cotas (Lei 12.711/12), que estabelece que 50% das vagas de universidades e instituições federais de ensino técnico de nível médio sejam reservadas a estudantes de escolas públicas. A lei também reserva vagas para pretos, pardos e indígenas, correspondente à porcentagem dessas populações, nas nas universidades estaduais.