Conciliação possibilita reencontro familiar e chance de acordo financeiro em Caçador

A expectativa pela presença do pai que nunca arcou com a responsabilidade patrimonial e afetiva não era das maiores. A mãe ingressou na Justiça com o pedido de pensão para a filha em 2011. Ciente de todo o histórico de ausência, ela não queria ir à sessão, mas aceitou o conselho de um tio para que estivesse presente.

O parente estava certo. Desta vez, foi fora do comum. Ao ouvir alguém dizer que o homem chegava, os olhos da jovem se encheram de lágrimas e a ansiedade era visível. Começava naquele momento a ser escrita mais uma página da história de suas vidas. Não só na deles, mas também na das estudantes de Direito que, na primeira experiência como conciliadoras, desempenharam com competência a função de fomentar o diálogo entre os envolvidos.

Cabisbaixo, o homem se sentou e, mesmo sem cruzar o olhar, aos poucos respondeu aos questionamentos da filha. Ela era mais insistente nas perguntas, porém, a medida em que as coisas aconteciam, o pai também mostrou interesse em saber mais sobre ela. Ciente de que nunca a ajudou, disse que o desejo, agora, é outro. A jovem sabe que tem um irmão e manifestou a vontade de conhecê-lo. Os dois trocaram números de telefone para se comunicar.

“Geralmente, as audiências em que se busca a execução de alimentos são pouco amistosas. O que nos surpreendeu foi a tentativa de reaproximação entre eles. Este fato é inusitado. Acredito que, timidamente, haverá esse reencontro”, diz uma das advogadas do Núcleo de Práticas Jurídicas da Uniarp, professora Thiara Zen.

Nesta mesma instituição estudam Isabelle Crisanto da Silva e Luísa Maria Sgarbi, estagiárias da vara da Família da comarca de Caçador. Isabelle havia participado de sessões conciliatórias apenas como ouvinte. Já Luísa tem um pouco mais vivencia, pois auxilia a magistrada Lívia Francio Rocha Cobalchini neste tipo de audiência. Durante a 18ª Semana Nacional da Conciliação, ocorrida entre os dias 6 e 10 de novembro, ambas tiveram a chance de mediar conflitos. As duas dividiram as tarefas. Enquanto uma cuidava da parte do acordo, a outra estimulava a conversa.

“Fizemos com que se sentissem à vontade. Inclusive, disponibilizamos uma sala para que falassem a sós, se quisessem. Esse caso foi mais uma prova do quanto o diálogo é importante. Percebemos que ela estava muito feliz e emocionada”, conta Isabelle.